Na quarta-feira (9), a Nasa divulgou que a sonda solar Parker fez uma grande contribuição para a ciência venusiana. Novas imagens da missão focada no Sol, capturadas durante um sobrevoo próximo de Vênus, mostram o planeta em luz visível pela primeira vez.
Segundo a agência espacial norte-americana, com o tempo e uma análise aprofundada, as novas imagens fornecerão informações valiosas sobre a geologia e minerais do planeta. “Combinando as novas imagens com as anteriores, os cientistas agora têm uma gama mais ampla de comprimentos de onda para estudar, o que pode ajudar a identificar quais minerais estão na superfície do planeta”.
Tais técnicas, de acordo com o comunicado da agência, já foram usadas para estudar a superfície da Lua. “Futuras missões continuarão a expandir essa gama de comprimentos de onda, o que contribuirá para nossa compreensão dos planetas habitáveis”.
A Sonda Solar Parker capturou essas imagens de Vênus usando seu instrumento WISPR durante seu quarto sobrevoo, em fevereiro de 2021, mostrando a superfície do lado noturno do planeta. Imagem: NASA/APL/NRL
A câmera de campo amplo da sonda (WISPR, na sigla em inglês) fez imagens de todo o lado noturno do planeta em luz visível, bem como luz infravermelha, revelando continentes, planícies e platôs no planeta encharcado de lava. Além disso, cientistas detectaram oxigênio na atmosfera de Vênus formando um círculo luminoso ao redor do planeta.
Ver a superfície em luz visível não é pouca coisa, tendo em vista que Vênus está permanentemente envolto por nuvens. Essa não é a primeira vez que a WISPR captura imagens do planeta; ela já o tinha feito durante um sobrevoo em julho de 2020, o terceiro da missão.
Projetada para captar sutilezas no fluxo constante de partículas que emanam do Sol, conhecido como vento solar, a WISPR também mira Vênus em razão de suas capacidades também funcionarem bem no planeta, não apenas mostrando seus topos de nuvens, mas até mesmo espiando até a superfície. “As nuvens obstruem a maior parte da luz visível proveniente da superfície de Vênus, mas os comprimentos de onda visíveis mais longos, que beiram os comprimentos de onda quase infravermelhos, passam por elas”, explicou a Nasa em comunicado.
Uma imagem de Vênus tirada em julho de 2020, pelo instrumento WISPR na Sonda Solar Parker da NASA. Imagem: NASA/Johns Hopkins APL/Naval Research Laboratory/Guillermo Stenborg e Brendan Gallagher
Como a luz vermelha se perde principalmente em imagens à luz do dia, a esperança era que uma observação noturna permitisse que a câmera captasse o calor de Vênus irradiando da superfície. Essa chance veio com um sobrevoo de fevereiro do ano passado, no quarto sobrevoo da missão no planeta, quando a espaçonave passou por ali pela primeira vez à noite.
“A temperatura na superfície de Vênus, mesmo à noite, é de cerca de 460 graus Celsius”, disse o autor principal do estudo, publicado no Geophysical Research Letters, Brian Wood, físico do Laboratório de Pesquisa Naval em Washington. “É tão quente que a superfície rochosa de Vênus está visivelmente brilhando, como um pedaço de ferro puxado de uma forja”.
Segundo Wood, o WISPR captou comprimentos de onda que vão desde o infravermelho próximo (que era visível como calor) até a luz visível, entre 470 nanômetros e 800 nanômetros. Este trabalho se distingue de missões em órbita anteriores, que contaram com observações de radar e infravermelho para olhar para a superfície do planeta.
Fonte: Olhar Digital
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