Chamado de "cinzas de hélio", o oxigênio e o carbono na superfície da estrela indicam que o núcleo do objeto deve estar queimando hélio — propriedade de estrelas evoluídas
Impressão de um tipo raro de evento de fusão estelar entre duas estrelas anãs brancas - (crédito: NICOLE REINDL)
As estrelas que conhecemos têm as superfícies compostas de hidrogênio e hélio, no entanto, uma nova descoberta da Universidade de Tubinga, na Alemanha, pode ter observado estrelas que tenham as superfícies cobertas de carbono e oxigênio. Além disso, têm temperaturas e raios que indicam que ainda estão queimando hélio em seus núcleos — uma propriedade tipicamente observada em estrelas mais evoluídas. Segundo os pesquisadores, é possível que essas estrelas tenham sido formadas por um raro evento de fusão estelar.
O estudo foi publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society ao lado de uma outra pesquisa da Universidade Nacional de La Plata, na Argentina, e do Instituto Max Planck de Astrofísica, da Alemanha, para explicar como e porquê essas estrelas existem.
A pesquisa indica que a formação dessas estrelas ocorreu após um tipo muito raro de evento de fusão estelar entre duas estrelas anãs brancas. As estrelas anãs brancas são brasas brilhantes de estrelas que queimaram todo o combustível de hidrogênio. Cerca de 95% de todas as estrelas vão se tornar anãs brancas eventualmente, até mesmo o Sol.
“Normalmente, as fusões de anãs brancas não levam à formação de estrelas enriquecidas em carbono e oxigênio, mas acreditamos que, para sistemas binários formados com massas muito específicas, uma anã branca rica em carbono e oxigênio pode ser interrompido e acabar em cima de um rico em hélio, levando à formação dessas estrelas”, explica Miller Bertolami, do Instituto de Astrofísica de La Plata e um dos autores do segundo artigo.
No entanto, nenhum modelo evolutivo estelar atual pode explicar completamente as estrelas recém-descobertas. Os pesquisadores precisariam de modelos refinados para avaliar se essas fusões podem realmente acontecer e assim ajudá-los a entender melhor essas estrelas. Além de fornecer também uma visão mais profunda da evolução tardia dos sistemas binários e como suas estrelas trocam massa à medida que evoluem.
Até que os astrônomos desenvolvam modelos mais refinados para a evolução das estrelas binárias, a origem das estrelas cobertas de hélio estará em debate. “Normalmente, esperamos que estrelas com essas composições de superfície já tenham terminado de queimar hélio em seus núcleos e estejam a caminho de se tornarem anãs brancas. Essas novas estrelas são um sério desafio para nossa compreensão da evolução estelar.” ressalta Klaus Werner, autor do primeiro estudo da Universidade de Tubinga.
Fonte: Correio
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