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domingo, 14 de junho de 2020

O caçador de galáxias


Nenhum astrônomo teve tanta influência na construção da idéia moderna do Cosmo quanto o americano Edwin Hubble (1889-1953). Ele mostrou, em 1923, que o Universo é muito mais vasto do que se imaginava e que a Via Láctea, a galáxia onde se situam a Terra e o Sistema Solar, é apenas uma entre muitas outras. Hubble continuou apontando o telescópio para as galáxias e, em 1929, percebeu algo que o deixou intrigado. A luz das estrelas mais distantes da Terra, quando vista através de um prisma, mostrava-se mais vermelha do que seria de se esperar. Isso significava que os astros estavam se afastando de nós (se estivessem se aproximando, a cor predominante seria o azul). Medindo as suas distâncias, Hubble descobriu que, quanto mais longe uma galáxia se encontra da Terra, maior é a velocidade do seu afastamento. O Universo, portanto, não é estático, como se pensava até então, mas está em permanente expansão – como uma bexiga de borracha que alguém vai soprando sem parar.

A pergunta seguinte era inevitável. Se as galáxias estão cada vez mais longe umas da outras, qual é a força que impulsiona o seu movimento? Só poderia ser a tal explosão sugerida, em 1927, pelo cosmologista belga Georges Lamaître (1894-1966), precursor da teoria do Big Bang. Graças a Hubble, essa explicação sobre a origem do Universo se tornava convincente. Para o astrônomo americano, a proeza teve um sabor adicional. Entre os defensores da velha idéia do Universo estático estava Albert Einstein. O físico alemão chegou, embora sem muita convicção, a acrescentar às suas equações sobre a Relatividade Geral um ingrediente chamado constante cosmológica, que literalmente freava o Universo. Einstein admitiu o erro e, em 1931, durante uma visita à Califórnia, fez questão de subir ao Monte Wilson, em Los Angeles, para conhecer o telescópio onde Hubble trabalhava e cumprimentá-lo pessoalmente.

O enigma de Andrômeda
No início de sua carreira, Edwin Hubble enfrentou um rival – o astrônomo Harlow Shapley (1885-1972). Shapley tinha se tornado famoso, em 1911, ao usar as cefeidas (estrelas de tamanho variável) como referência para medir o tamanho da Via Láctea, tida na época como a única galáxia. Ele descartou a sugestão de Hubble de que a Nebulosa de Andrômeda poderia ser formada de estrelas, e não apenas de poeira, como se imaginava. Para tirar a dúvida, Hubble empregou o mesmo método de seu rival e mostrou, em 1923, que Andrômeda era de fato outra galáxia, situada a 200 000 anos-luz da Terra.

“Eu não sei se fico alegre ou triste com a sua descoberta”, curvou-se Shapley, anos mais tarde, em uma carta ao vencedor da disputa. “Talvez as duas coisas.” A mais forte evidência de que ocorreu o Big Bang foi obtida em 1992, pelo satélite americano Cobe. Ele captou radiação gerada pela explosão e distribuída de modo mais ou menos uniforme pelo Universo. Mostrou também que há diferenças de temperatura no céu – pequenas, mas reveladoras. É nas áreas mais quentes, registradas em vermelho na imagem do satélite, que a matéria espalhada pelo Big Bang teria se aglomerado, formando as sementes das galáxias.

Uma viagem sem fim

De acordo com a teoria mais aceita sobre a origem do Universo, ele começou com o Big Bang e se expandirá para sempre, a uma velocidade cada vez maior.

HÁ 13 bilhões de anos
1. Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo.

1000 anos após o big Bang
2. Passa a existir, no Universo, mais matéria do que radiação.
HÁ 12 bilhões de anos
3. Início da formação das galáxias.

HÁ 8 bilhões de anos
4. Formação da Via Láctea. As galáxias começam a se afastar umas das outras.

Momento atual
5. As galáxias continuam se distanciando umasdas outras, mas seu fim está distante.O Universo ainda está na sua adolescência.

Daqui A 100 bilhões de anos
6. A maioria das estrelas está se apagando. Algumas viram buracos negros. Outras restam como corpos inertes e gelados.

Daqui a 103 trilhões de bilhões de anos
7. A expansão prossegue, rumo ao infinito. As últimas estrelas morrem e os buracos negros também. No final, muitos trilhões de anos depois, só restará uma finíssima poeira de partículas, menores do que o átomo.
Fonte: Super.Abril

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