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domingo, 27 de julho de 2014

Estudo descobre que mundos de carbono podem não ter água



Impressão de artista que ilustra o destino de dois planetas diferentes: o da esquerda é parecido com a Terra, constituído principalmente por rochas de silicatos com oceanos à superfície. O da direita é rico em carbono - e seco. As hipóteses são baixas de que a vida como a conhecemos, que requer água líquida, prosperasse sob condições tão estéreis.

De acordo com pesquisa teórica financiada pela NASA, planetas ricos em carbono, os chamados planetas diamante, podem não ter oceanos. O nosso Sol é uma estrela pobre em carbono e, como resultado, o nosso planeta Terra é composto principalmente por silicatos, não carbono. Pensa-se que as estrelas que têm muito mais carbono que o Sol, por outro lado, fabriquem planetas repletos de carbono e, talvez, até camadas de diamantes. Ao modelar os ingredientes nestes sistemas planetários à base de carbono, os cientistas determinaram que não têm reservatórios de água gelada, que se pensa fornecer oceanos aos planetas.

"Os blocos de construção que entram no fabrico dos nossos oceanos são asteróides e cometas gelados," afirma Torrence Johnson do JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia, que apresentou os resultados numa assembleia da Divisão de Ciências Planetárias da Sociedade Astronómica Americana no passado dia 7 de Outubro. Johnson, membro da equipa em várias missões planetárias da NASA, incluindo Galileu, Voyager e Cassini, passou décadas a estudar os planetas no nosso próprio Sistema Solar.
"Se acompanharmos estes blocos de construção, descobrimos que os planetas em redor de estrelas ricas em carbono estão secos," realça.

Johnson e colegas dizem que o carbono extra no desenvolvimento de sistemas estelares prende o oxigénio, impedindo-o de formar água. É irónico que se o carbono, o elemento principal da vida, torna-se demasiado abundante, rouba o oxigénio que teria composto água, o solvente essencial para a vida como a conhecemos," afirma Jonathan Lunine da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova Iorque, um colaborador na pesquisa.

Uma das grandes questões no estudo de planetas para lá do nosso Sistema Solar, chamados exoplanetas, é saber se são ou não habitáveis. Os cientistas identificam tais planetas ao observar primeiro aqueles situados dentro da "zona habitável" em torno das suas estrelas-mãe, onde as temperaturas são quentes o suficiente para permitir água líquida à superfície. A missão Kepler da NASA já descobriu vários planetas dentro desta zona, e os investigadores continuam a analisar os dados do Kepler em busca de candidatos tão pequenos quanto a Terra.

Mas mesmo que um planeta se encontre nesta zona onde os oceanos poderiam, em teoria, existir, será que realmente existe água suficiente para molhar a superfície? Johnson e sua equipa abordaram esta questão com modelos planetários baseados em medições da relação carbono-oxigénio do nosso Sol. O nosso Sol, como as outras estrelas, herdou uma sopa de elementos do Big Bang e das gerações anteriores de estrelas, incluindo hidrogénio, hélio, nitrogénio, silício, carbono e oxigénio. O nosso Universo tem o seu próprio top 10 dos elementos," acrescenta Johnson, referindo-se aos 10 elementos mais abundantes no nosso Universo.

Estes modelos prevêem com precisão a quantidade de água presa sob a forma de gelo no início da história do nosso Sistema Solar, há milhares de milhões de anos, antes de fazer a viagem até à Terra. Pensa-se que os cometas e/ou asteróides sejam os principais fornecedores de água, embora os cientistas ainda debatam os seus papéis. De qualquer maneira, estes objectos começaram a sua viagem muito longe da Terra, para lá de um limite chamado "linha de neve", antes de colidir com a Terra e depositar água nas profundezas do planeta e à sua superfície.

Quando os cientistas aplicaram os modelos planetários às estrelas ricas em carbono, a água desapareceu. "Não há neve para lá da linha de neve," afirma Johnson. "Todos os planetas rochosos não são criados de forma igual," realça Lunine. "Os chamados planetas diamante do tamanho da Terra, se existirem, são totalmente estranhos: sem vida, mundos desérticos sem oceanos. Os resultados dos modelos computacionais que suportam estas conclusões foram publicados o ano passado na revista Astrophysical Journal. As implicações para a habitabilidade nestes sistemas foram o foco da reunião da Divisão de Ciências Planetárias.

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