Um novo estudo britânico sugere que as condições logo após o Big Bang deveriam ter desmoronado o universo apenas microssegundos após seu nascimento explosivo.
Os físicos tiraram essa conclusão a partir de um modelo sobre as propriedades da partícula recém-descoberta bóson de Higgs, a partícula que explica como todas as outras ganham sua massa, além do estudo de ondas gravitacionais formadas na origem do universo.
As implicações da descoberta do século: ondas gravitacionais do Big Bang e a existência do multiverso
Eles acreditam que, logo após a explosão primordial do Big Bang, a matéria correu a uma velocidade vertiginosa, em um processo conhecido como inflação cósmica. Este espaço-tempo curvado e espremido, que criou ondulações conhecidas como ondas gravitacionais, também “torceu” a radiação que passou através do universo.
“Durante o início do universo, houve a inflação cósmica, uma rápida expansão do universo logo após o Big Bang”, disse um dos coautores do estudo, Robert Hogan, doutorando em Física na King’s College em Londres (Reino Unido). “Essa expansão fez com que um monte de coisas se agitasse ao redor, mas, se agitadas demais, o universo poderia entrar em colapso”.
Embora esses eventos tenham ocorrido 13,8 bilhões anos atrás, o telescópio BICEP2 (um radiotelescópio que opera na Estação Polo Sul Amundsen-Scott) detectou recentemente os traços da inflação cósmica na radiação cósmica de fundo micro-ondas que permeia o universo. Em particular, ondas torcidas ou enroladas características chamadas de “modo B”.
Ondas gravitacionais do Big Bang foram detectadas PELA PRIMEIRA VEZ!
E a gravidade não era a única força do início do universo. Um campo de energia onipresente, chamado de campo de Higgs, também já permeava o mundo e dava massa às partículas que passavam através dele. Os cientistas descobriram o sinal indicador desse campo em 2012, quando descobriram o bóson de Higgs e determinaram sua massa.
Com uma maior compreensão das propriedades da inflação cósmica e da massa do bóson de Higgs, Hogan e seu colega, Malcolm Fairbairn, também físico da King’s College, tentaram recriar as condições do universo logo após o Big Bang.
O que eles encontraram foi uma má notícia. O universo recém-nascido devia ter experimentado uma tremulação intensa no campo da energia, conhecida como flutuação quântica. Essa tremulação, por sua vez, poderia ter interrompido o campo de Higgs, em essência deixando todo o sistema em um estado de energia muito menor que tornaria o colapso do universo inevitável.
O universo é curvo ou achatado?
O que está faltando?
Obviamente, há algum problema com essa teoria, afinal, se o universo não deveria existir, por que está aqui?
“A expectativa é que deve haver algum novo conceito da física que não colocamos em nossas teorias ainda”, disse Hogan.
Uma possibilidade, conhecida como a teoria da supersimetria, propõe que existem “partículas superparceiras” para todas as partículas conhecidas atualmente. Talvez aceleradores de partículas mais poderosos do que os existentes poderiam encontrar essas partículas.
Outro problema com a hipótese dos físicos é que a teoria da inflação cósmica ainda é especulativa. Alguns estudiosos sugerem que o que pareciam ser ondas gravitacionais primordiais para o telescópio BICEP2 podem na verdade ser apenas sinais de poeira cósmica na galáxia. Se a teoria da inflação cósmica mudar, então o modelo de Hogan e Fairbairn precisa mudar também.
Bóson de Higgs, nosso carrasco
Curiosamente, esta não é a primeira vez que físicos disseram que o bóson de Higgs levaria nosso universo ao seu fim.
Outros cientistas já calcularam que a massa do bóson de Higgs torna o universo fundamentalmente instável, podendo acabar com ele de maneira apocalíptica em bilhões de anos.
A massa do bóson de Higgs, cerca de 126 vezes maior do que o próton, fica “no limite” em termos de estabilidade do universo. Se fosse um pouco mais leve, o campo de Higgs seria muito mais facilmente perturbado; se fosse um pouco mais pesada, o campo de Higgs atual seria incrivelmente estável.
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