As apostas de que, sim, há muita vida lá fora começam com duas novas certezas. Primeiro, a de que não faltam planetas fora do sistema solar.
Até anteontem não havia prova de que outras estrelas, fora o Sol, tivessem mesmo planetas. A astronomia dizia que sim: estudos sobre a formação de estrelas mostram que elas costumam nascer carregando um séquito de pequenos astros. Mas o ponto final na questão só veio em 1995, quando astrônomos da Universidade de Genebra detectaram um planeta gigante feito de gás, como Júpiter, em volta de uma estrela parecida com o Sol, a 51 Pegasi.
De lá para cá a década de 1990 teve uma média de 3,4 planetas extra-solares descobertos por ano. E agora, com instrumentos mais precisos, o ritmo explodiu. No ano passado, foram mais 61. Em 2008, só até julho, outros 36. Total: 307. E a conta não pára de crescer.
A segunda certeza é ainda mais determinante: a de que dois ingredientes fundamentais para a vida, água e moléculas orgânicas, são comuns no Universo. Essas moléculas são fáceis de achar no espaço sideral – elas ajudam a formar as nuvens de gás e poeira que dão à luz qualquer estrela (e conseqüentemente qualquer planeta) no Universo. Quanto ao H20, ele também é arroz-de- festa no Cosmos: a própria água que enche os oceanos da Terra chegou aqui na forma de bolas de gelo que caíram do céu (os cometas) durante a formação do sistema solar. E isso pode ter acontecido em qualquer outro ponto do Universo.
Para completar, em 2007 o telescópio Hubble detectou pela primeira vez a existência de água num planeta extra-solar, ainda que em forma de vapor. E neste ano encontrou água e moléculas orgânicas em mais outro. Isso não indica que algum desses dois tenha vida. Ambos são gigantes feitos de gás, como Júpiter – um tipo de planeta pouco amigável a seres vivos. Mas, se houver um planeta parecido com a Terra na região, aquilo que aconteceu aqui pode ter acontecido lá.
“Estamos tão, tão perto de encontrar vida em outros planetas que é só uma questão de continuar procurando. Parece que é só uma questão de tempo”, diz o astrônomo Marc Kuchner, do Laboratório de Exoplanetas da Nasa. Mas como Kuchner e seus colegas estão procurando?
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