O conceito de terremoto artificial parece fantasia. Os terremotos devem ser causados pelo movimento das placas tectônicas, um processo natural, não?
É estranho imaginar que os seres humanos poderiam afetar tais características do planeta e, de fato, resistimos a essa ideia por bastante tempo. Agora, no entanto, evidências para nosso papel nessas tragédias estão começando a se acumular.
Nos últimos anos, temos visto um pico incrível na frequência de terremotos. O Serviço Geológico dos EUA afirma que a taxa de terremotos mais fortes do que magnitude 3,0 no centro e leste dos EUA é cerca de cinco vezes maior do que costumava ser. De 2010 a 2012, essa área experimentou uma média de 100 terremotos desse tipo por ano, enquanto que de 1967 a 2000 a média anual foi de 21.
Já faz um tempo que os pesquisadores sugerem que os humanos desempenham um papel na ocorrência de terremotos, especialmente quando preenchemos grandes barragens. O peso da água que se acumula em uma represa exerce uma enorme quantidade de estresse sobre a terra abaixo dela, o que pode fazer com que se desloque. Por exemplo, na década de 1930, a construção da represa de Hoover, no Arizona, EUA, desencadeou uma explosão de atividade sísmica nas proximidades que atingiu a magnitude 5 na escala de Richter.
Mesmo mineração de carvão convencional e extração de petróleo podem causar terremotos, esvaziando áreas anteriormente resistentes e criando grandes espaços com deficiências estruturais.
Um estudo espanhol também sugeriu que o terremoto moderado de magnitude 5,1 que atingiu a cidade de Lorca em 11 de maio de 2011, matando nove pessoas e ferindo quase 300, foi influenciado pela perfuração de poços cada vez mais profundos ao longo de décadas naquela região da Espanha.
Ainda assim, a prática de bombear coisas para dentro da terra parece ser muito mais prejudicial do que o processo de puxar coisas para fora.
Um novo estudo associou uma série de pequenos tremores perto de Snyder, Texas (EUA), com a injeção subterrânea de gás CO2. Quando injetado profundo o suficiente no subsolo, o gás congela em pequenas rachaduras na rocha, em um processo essencialmente inverso ao fraturamento hidráulico (método polêmico para extrair petróleo do solo).
Entre a pressão física exercida pelo gás e as mudanças químicas que pode causar na rocha, parece que a injeção pode causar terremotos de um tamanho decente. Embora ninguém tenha ouvido falar dos terremotos de Snyder, a cidade experimentou 93 deles, três dos quais poderosos o suficiente para serem perigosos.
Tenha em mente que, enquanto os cientistas afirmam ter provas de que as injeções causaram diretamente esses terremotos, eles também apontam que quantidades iguais de injeção de gás e líquido em outros lugares não causaram tremores. Apesar da dúvida, a solução a esse mistério pode ser tão simples quanto aprender a examinar um local candidato à injeção para evitar os propensos a formação de terremotos.
A maioria das coisas que nós bombeamos para o solo são resíduos. Quer se trate de gases causadores do efeito estufa ou de ácido sulfúrico produzido em um processo industrial, tudo tem que ir a algum lugar. No entanto, as preocupações com nossa tendência a criar “desastres artificiais” terão de ser levadas em conta na avaliação de qualquer tecnologia para se livrar de substâncias indesejadas daqui em diante.
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