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sábado, 25 de maio de 2013

Teria a Via Láctea engolido outras galáxias?




Uma descoberta recente pode alterar a história da Via Láctea: um estudo publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (“Notícias Mensais da Real Sociedade Astronômica”) afirma que nossa galáxia absorveu uma galáxia satélite menor 10 milhões de anos atrás, em um evento que teria culminado com o encontro dos buracos negros centrais das galáxias. A colisão teria sido tão forte que teria arremessado um grupo de estrelas antigas para fora do núcleo a hipervelocidades.

Bolhas de Fermi



As astrônomas Kelly Holley-Bockelmann, da Universidade Vanderbilt (na cidade de Nashville, Tenesse, EUA), e Tamara Bogdanović, do Instituto de Tecnologia da Geórgia (Atlanta, EUA), chegaram a esta teoria a partir da observação das assim chamadas Bolhas de Fermi, duas bolhas gigantescas e difusas de raios-gama que estão emergindo do centro da galáxia, acima e abaixo do plano galáctico. Atualmente, elas têm 25.000 anos-luz de comprimento. Acredita-se que o raio-gama que emitem seja resultado de colisão de partículas lançadas do centro galáctico em altas velocidades. O que chamou a atenção das astrônomas foi que a borda das bolhas é bem nítida, o que sugere um evento bastante abrupto, e que teria ocorrido poucos milhões de anos atrás, período que corresponde também à idade de estrelas jovens no centro galáctico. Segundo Holley-Bockelmann, “o gás foi perturbado pela passagem de uma galáxia satélite, e parte deste gás formou estrelas, enquanto o resto acabou sendo engolido pelo buraco negro, e as Bolhas de Fermi seriam o ‘arroto’ explosivo que o buraco negro lançou depois de ter lanchado o gás”.

Uma longa queda

A reconstrução da história do evento começa cerca de 13 bilhões de anos atrás, quando a pequena galáxia satélite disparou em direção ao centro da Via Láctea. À medida que caía, ia gravitacionalmente perdendo suas estrelas e matéria escura até se tornar um esqueleto do que era antes. A pequena galáxia satélite, ou o que restou dela, teria atingido finalmente o centro galáctico da nossa galáxia alguns milhões de anos atrás, na forma de um buraco negro e um véu de estrelas e matéria escura. Apesar de estar tão despida de sua matéria original, o que restou da galáxia ainda tinha massa suficiente para perturbar o gás que orbitava o nosso centro galáctico, fazendo com que parte dele explodisse em estrelas e o resto caísse no nosso buraco negro supermassivo, que teria então emitido o “arroto” explosivo na forma das Bolhas de Fermi. Mas esta ainda não é toda a história: há ainda o destino do buraco negro central da galáxia satélite, que teria se ligado ao nosso buraco negro central e formado um buraco negro binário. O movimento do par binário teria arremessado milhares de estrelas que estavam por perto para longe. Segundo as pesquisadoras, estas estrelas estariam, agora, a 10.000 anos-luz de suas órbitas originais. Com esta teoria, as astrônomas explicariam não apenas as Bolhas de Fermi, mas também o fato de que a região central da nossa galáxia tem poucas estrelas velhas, e tem vários aglomerados com estrelas novas.

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