O planeta Terra está na beira da Via Láctea, a milhares de anos luz do buraco negro em seu centro, no Braço de Órion.
Nos livros, é possível ver belas imagens da nossa vizinhança celestial, uma espiral de estrelas emanando de um centro galáctico. Mas se nós nunca enviamos uma câmera para fora do Sistema solar, então como temos essas imagens da Via Láctea?
Vendo os braços espirais
Nós podemos ver parte da Via Láctea toda vez que olhamos para as estrelas – todas as estrelas visíveis a olho nu estão dentro da galáxia. Contudo, em condições certas, o centro galáctico da Via Láctea pode ser visto como uma faixa difusa riscando o céu. Essa faixa tem sido observada por séculos, e a sua natureza “leitosa” deu nome à galáxia. A Terra fica a cerca de 27 mil anos-luz do centro galáctico no meio de uma galáxia cuja espessura é de mil anos-luz. Desta posição, enterrada no Braço de Órion, uma visão de cima para baixo da Via Láctea é impossível de ser obtida da Terra. A sonda Voyager 1, lançada em 1977, viajou por 35 anos e está chegando apenas na borda do Sistema Solar.
Mesmo que nós tivéssemos uma câmera posicionada fora da Via Láctea, as imagens levariam milhares de anos para chegar aqui. O que acontece é que todas as imagens de cima para baixo da Via Láctea são feitas por artistas. Mas tais imagens ainda têm mérito. Ao estudar a densidade do hidrogênio natural e ionizado, assim como o movimento rotacional de estrelas, nós sabemos que a Via Láctea é uma galáxia em espiral. Nós também temos imagens de cima para baixo de galáxias próximas, como a de Andrômeda, a NGC 3344 e a Galáxia do Redemoinho. Essas imagens ajudam a formar as reconstruções da Via Láctea que sempre vemos. As imagens são algo bastante próximo de como a galáxia seria vista de fora, mas elas não são fotografias.
Que partes da Via Láctea podem ser fotografadas?
O que nós podemos fotografar e reconstruir são imagens laterais da Via Láctea. Da Terra, nós podemos ver o centro galáctico da Via Láctea da lateral. Pense nesta visão lateral como um prato colocado horizontalmente na sua frente, na altura dos olhos. Você pode ver a protuberância no centro dele e as bordas, mas não pode ver o design de sua superfície. Ao tirar algumas fotos, o panorama do lado da Via Láctea pode ser construído. Como a Terra está a uma grande distância do centro, cada faixa da via Láctea no céu noturno representa cerca de 30º da galáxia inteira. Uma das melhores imagens é a criada pelo projeto GigaGalaxy Zoom e pelo Observatório Europeu do Sul. A imagem de lado final dá ao observador uma impressão discoide da galáxia.
Tire suas próprias fotos de uma Via Láctea leitosa
Você pode fotografar as partes visíveis da Via Láctea no céu noturno com uma câmera reflex monobjetiva (um tipo de câmera que permite ao fotógrafo observar exatamente o que está sendo fotografado no visor). A porção visível da Via Láctea é sempre ínfima, sendo a luz lunar o suficiente para esconder tudo. Regiões densamente povoadas produzem muita luz, então é melhor evitá-las (mesmo que você esteja a quilômetros delas, a interferência de suas luzes artificiais ainda é grande). O centro galáctico nasce e se põe assim como o Sol e a Lua, então o tempo de observação é limitado. Se você estiver no meio de um deserto, à noite, e com o equipamento certo, você pode ter a chance de tirar uma grande foto.
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