Pop up my Cbox

sábado, 25 de maio de 2013

Os bizarros mundos que orbitam pulsares




Imagine um planeta em órbita de uma estrela morta. O mundo seria banhado por um coquetel letal de raios-X e partículas carregadas, emitidas por uma estrela tão fraca em luz visível que dificilmente lançaria uma sombra sobre a superfície deste mundo. Isso tudo pode soar como ficção científica, mas mundos bizarros como este realmente existem. Nós estamos constantemente descobrindo mais e mais exoplanetas em torno de estrelas distantes e, mais do que isso, encontrando planetas cada vez mais parecidos com a Terra. Dito isto, é fácil esquecer que os primeiros exoplanetas descobertos não eram realmente muito parecidos com o nosso.

Na verdade, o primeiro exoplaneta a ser descoberto foi em órbita em torno de um pulsar – uma estrela morta há muito tempo. Os pulsares são os restos minúsculos de estrelas massivas, extremamente densos – um tipo de estrela de nêutrons que gira rapidamente. Os pulsares são bolas de nêutrons compactadas de modo bizarro, e se formaram quando algumas das maiores estrelas do universo explodiram como supernovas. Estas não podem parecer, à primeira vista, bons lugares para procurar planetas. Supernovas são, francamente, eventos apocalípticos que vaporizam facilmente qualquer planeta próximo.

Mundos estranhos
No entanto, sabemos de um punhado de planetas que orbitam esses estranhos sóis mortos-vivos. O primeiro descoberto foi há mais de duas décadas, ao redor de um pulsar conhecido como PSR 1257 +12. Pulsares emitem dois feixes de radiação do seu polo magnético norte e sul. Como os polos magnéticos da estrela não se alinham com a maneira como ela gira, isso significa que podemos ver flashes sempre que um feixe está apontando para nós – exatamente do jeito que vemos flashes de luz de um farol no horizonte. Os pulsos que vemos aqui na Terra são tão regulares que você pode definir o seu relógio por eles, mas isso também significa que quaisquer alterações no tempo de pulso são muito fáceis de detectar. Se um pulsar carrega planetas consigo, dois pequenos puxões gravitacionais acontecem em sua órbita, alterando o tempo de pulso. O efeito é minúsculo, mas está lá.

PSR 1257 +12, em particular, é um pulsar de milissegundo – ele gira tão rápido que essas pequenas mudanças podem ser notadas facilmente. Este pulsar em particular é agora conhecido por ter um sistema de três planetas ao seu redor. Dois deles são super-Terras, e um é pouco mais massivo do que a lua da Terra – o menor exoplaneta conhecido até muito recentemente. Enquanto isso, em torno de um outro pulsar, um planeta conhecido como PSR B1620-26 b é realmente um gigante, com duas vezes e meio a massa de Júpiter. PSR B1620-26 b é o planeta mais antigo que conhecemos. Sua idade venerável de 12,7 bilhões anos o torna quase tão antigo quanto o próprio Universo. Mundos como estes são certamente planetas “alienígenas”, na medida que são tão diferente de tudo que conhecemos que é difícil até mesmo adivinhar como eles seriam de perto.

Se estes mundos tiverem uma atmosfera, então eles podem ter deslumbrantes auroras boreais em todos os locais. Banhados por partículas carregadas dos pulsares que orbitam, as moléculas em atmosferas destes planetas seriam constantemente dilaceradas, levando-os a emitir enormes explosões de luz. Quanto ao planeta gigante, é difícil dizer ao certo o que acontece com um gigante gasoso após 12 bilhões de anos. Os planetas gigantes em nosso próprio sistema solar estão, na verdade, se resfriamento. Júpiter, em particular, é conhecido por emitir mais energia do que a luz infravermelha que recebe do sol. Isto é por causa de um processo chamado de aquecimento Kelvin-Helmholtz, e isso significa que Júpiter está decrescendo cerca de dois centímetros por ano. Ao longo de toda a vida humana, este efeito é quase imperceptível. Mas o planeta PSR B1620-26 b é mais de 8 bilhões de anos mais velho do que Júpiter.

No entanto, outro planeta em um pulsar é, de alguma forma, ainda mais estranho. PSR J1719-1438 b, descoberto em 2011, é composto principalmente por carbono, cristalizado em diamante. É tecnicamente uma estrela anã branca muito pouco massiva, que teve a maioria de sua massa roubada pelo pulsar que orbita. Como tem menos massa do que Júpiter, ela é na verdade mais um planeta do que uma estrela, em outras palavras, uma estrela que se tornou um planeta gasoso. Na verdade, PSR J1719-1438 b é o planeta mais denso já descoberto, com pressões intensas encontradas abaixo de sua superfície que cristalizam o carbono sem dificuldades. Isso soa bonito, mas infelizmente para os turistas futuros, a gravidade na superfície desse mundo estranho seria suficiente para acabar com todos os visitantes instantaneamente, isso sem contar na radiação proveniente do pulsar, é claro.

Uma questão interessante que pode vir à mente é que, com as recentes conjecturas sobre a possibilidade de vida em planetas que orbitam anãs brancas, poderiam planetas em pulsares ser a casa de algum tipo de vida? Francamente, isso parece ser extremamente improvável. Eu nunca gosto de usar a palavra impossível, mas as condições em torno de um pulsar são tão hostis que os tipos de moléculas que a vida como a conhecemos são feitas seriam fragmentadas rapidamente. Especular brevemente, mesmo se houver a vida em planetas como esses, ela teria que existir abaixo da superfície de seu planeta, e provavelmente seria tão diferente que teríamos problemas em reconhecê-las.

Nenhum comentário:

Postar um comentário