Entre as áreas que mais crescem na astronomia, o estudo de exoplanetas tenta agora achar locais habitáveis além do Sistema Solar. Até agora, foram descobertos dez desses corpos que potencialmente comportariam vida. A 18ª Assembleia Geral da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês), que ocorre em Pequim, permitiu que muitos dos cientistas dessa área trocassem ideias.
Um edital lançado em 2010 pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), por exemplo, concedeu à Universidade de Londres fundos para o lançamento da EChO (Observatório Para Caracterização de Exoplanetas). Conforme o pesquisador Ingo Waldmann, a missão poderá se dedicar exclusivamente ao estudo da atmosfera de exoplanetas e não precisará mais dividir horas de telescópio com outros estudos.
"A ideia é sair da identificação de exoplanetas para a caracterização deles, como da atmosfera e de sua composição interna. Para que um planeta seja considerado habitável, as condições básicas são ter superfície sólida, como a Terra, e ser quente o suficiente para manter água em estado líquido. "Além da Terra, uma lua de Júpiter, chamada Europa, parece ter água subterrânea que poderia garantir vida. Dos dez exoplanetas identificados como habitáveis, todos têm água líquida em sua superfície", explica Waldmann.
Por que procurar planetas habitáveis?
"A ideia inicial é, basicamente, saber se estamos sozinhos na Terra ou não", diz o pesquisador. Ele acrescenta que, ainda que os exoplanetas identificados habitáveis pertençam a galáxias próximas ao Sistema Solar, eles seguem ainda muito distantes para serem atingidos com a tecnologia atual. "Então não haverá planos para coleta de recursos ou de colonização tão cedo." Um observatório chinês baseado na Antártida, por sua vez, procura por planetas como a Terra dentro da Via Láctea. Com três telescópios instalados no início deste ano em Dome Argus, área mais elevada do continente gelado, o grupo de pesquisadores pretende encontrar possíveis candidatos a planetas habitáveis ainda neste ano. Os cientistas chineses pretendem criar um observatório fixo na Antártida até 2020 para promover suas pesquisas. O plano precisará, contudo, ser avaliado e aprovado por Pequim no 12º Plano Quinquenal.
Pesquisa em exoplanetas é recente, mas frutífera
Procurar planetas que orbitem em torno de uma estrela que não o Sol é um passo além em astronomia. Mais distantes e mais difíceis de serem detectados, não foi até menos de duas décadas atrás que a procura por exoplanetas começou, com o primeiro sendo encontrado há 17 anos. De lá para cá, foram detectados mais de 800 desses planetas. "Isso é realmente fantástico e mostra que a área amadureceu em pouco tempo", pondera Waldmann. De acordo com o pesquisador, se a pesquisa da EChO identificar exoplanetas com condições para habitação semelhantes à Terra, os astrônomos poderão finalmente explicar as condições necessárias para o surgimento de vida e como se dá a formação de um planeta habitável, além de entender se sistemas como o Solar são ou não comuns. "Além disso, para planetas gigantes, do tamanho de Júpiter, basta usar um telescópio terrestre. Mas para encontrar planetas pequenos, como a Terra, é preciso de uma missão espacial, como a Kepler, da Nasa."
A missão Kepler
Lançada em 2009, o telescópio foi o primeiro a ser criado para procurar possibilidades de vida além da Terra. O objetivo era achar planetas entre a metade do tamanho da Terra até o dobro de seu diâmetro e massa. Desde que iniciado, o observatório já confirmou a existência de 77 planetas dentro da Via Láctea que orbitam ao redor de outras estrelas. Em 2011, o líder da pesquisa, Bill Kepler, anunciou a lista de candidatos ao status de planeta, com 1.235 nomes. Nesta semana, o equipamento identificou a existência de planetas gêmeos que orbitam em torno de duas estrelas - a versão real do fictício sistema planetário Tatooine, a casa de Luke Skywalker em Guerra nas Estrelas. É a primeira vez que um sistema binário apresenta sistemas planetários tão próximos, como o solar.
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