Pop up my Cbox

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Sobre as Estrelas


Estrela - Uma estrela é um corpo celeste formado de plasma, o quarto estado da matéria (e não de gás, como muitos pensam), que se mantém coeso devido a sua força gravitacional. Esse corpo celeste, por causa de sua pressão interna, produz energia por fusão nuclear, transformando moléculas de hidrogênio em hélio. Uma estrela tem que ter uma massa acima de um determinado valor crítico (aproximadamente 81 vezes a massa de Júpiter) para que se dêem reações nucleares de fusão no seu interior. Corpos que não atingem esse limite, mas que ainda assim irradiam energia por compressão gravitacional chamam-se anãs castanhas (ou Anã marrom) e são um tipo de corpo celeste na fronteira entre as estrelas e os planetas.

Gigante azul - Em astronomia, uma estrela Gigante azul é uma estrela pesada, com massa maior que 18 vezes a massa do Sol, e muito quente e brilhante de tipo espectral O ou B.No Diagrama de Hertzsprung-Russell, Gigantes azuis são encontradas no canto superior esquerdo graças a sua luminosidade.Gigantes azuis são extremamente luminosas, atingindo magnitudes absolutas de -5, -6 ou mesmo menor (magnitudes estelares seguem uma escala logaritmica e portanto, quando mais negativa maior o valor da grandeza). Suas temperaturas são tão altas (20.000 K ou mais) que uma quantidade considerável de sua energia é emitida através de radiação ultra-violeta, e portanto invisível para os nossos olhos.

Classificação estelar - Em astronomia, classificação estelar é uma classificação de Estrelas baseadas na temperatura da fotosfera e suas características espectrais associadas, e refinada a seguir em termos de outras características. As temperaturas estelares podem ser classificadas usando-se a lei do deslocamento de Wien; mas isto cria dificuldades para estrelas distantes. A espectroscopia estelar oferece uma maneira de classificar estrelas de acordo com suas linhas de absorção; linhas de absorção particulares podem ser observadas somente para uma dada temperatura porque somente nessa temperatua os níveis de energia atômica envolvidos estão povoados. Um esquema antigo do século 19) utilizava letras de A ao P, e é a origem das classes espectrais usadas atualmente.  

Diagrama de Hertzsprung-Russell - Em astronomia, o diagrama de Hertzsprung-Russell (usualmente utiliza-se a abreviação Diagrama HR) mostra a relação matemática entre magnitude absoluta, luminosidade, classificação estelar e a temperatura de superfície. Este diagrama foi criado em 1910, por Ejnar Hertzsprung e Henry Norris Russell.Existem duas formas equivalentes. Uma é a forma do observador que marca o índice de cor da estrela em um eixo e a magnitude absoluta no outro. Estas duas quantidades podem ser obtidas por observação.A forma teórica marca a temperatura das estrelas em um eixo e a luminosidade da estrela no outro. Estas duas quantidades são obtidas de modelos computacionais para a evolução estelar.


Magnitude absoluta - Em astronomia, magnitude absoluta é a magnitude aparente, m, que um objeto teria se estivesse a uma distância padronizada.A magnitude absoluta nos permite comparar o brilho de objetos sem levar em consideração as distâncias em que eles se encontram.

Magnitude aparente - Em Astronomia, magnitude aparente é uma escala para comparação do brilho das estrelas desenvolvida pelo astrônomo grego Hiparco há mais de 2000 anos. A magnitude aparente fornece uma forma de comparar quão brilhante um objeto parece em relação a outro, mas não quão brilhante ele é. Isto porque a magnitude aparente depende da distância em que o objeto se encontra.

Luminosidade - Em astronomia, luminosidade é a quantidade de energia que um corpo irradia em uma unidade de tempo. Ela é tipicamente expressa em unidades de watts ou em termos da Luminosidade solar, Lsol.Neste caso ela é a quantidade energia o objeto irradia comparado com o Sol, cuja luminosidade é 3.827×1026 Watts. Luminosidade nao deve ser confudida com luminância.

Evolução estelar - Em astronomia, evolução estelar é a seqüência de mudanças que uma estrela sofre durante seu tempo de vida, os milhares, milhões ou bilhões de anos durante os quais ela emite luz e calor. Durante o curso deste tempo, a estrela irá mudar radicalmente.A evolução estelar não é estudada pela observação do ciclo de vida de uma simples estrela; a maioria das mudanças estelares ocorre tão vagarosamente que só seriam detectáveis depois de muitos e muitos séculos. Ao invés disto, astrofísicos tentam entender como as estrelas evoluem pela observação de numerosas estrelas, cada uma em um diferente ponto da vida do ciclo da vida, e simulando estrutura estelar como modelos de computadores.
Estrutura estelar - O modelo mais simples de estrutura estelar é a aproximação quase-estática de simetria esférica. O modelo assume que a estrela se situa muito próxima de una situação de equilíbrio hidrostático no qual apenas há movimentos verticais nítidos e, por sua vez, também se considera que a forma do astro possui simetria esférica. Todo isto é em essência correto para a grande maioria das estrelas observáveis.

Equilíbrio hidrostático - O equilíbrio hidrostático (ou mecânico) é a condição em que a força de pressão e a força da gravidade se compensam entre sí, ou seja, há um equilíbrio entre elas sendo a força resultante nula.O equilíbrio hidrostático é importante para todos os corpos celestes, nas estrelas por exemplo, se a força de pressão e a força da gravidade não são equivalentes a estrela vai sofrer mudanças violentas na sua estrutura.

Temperatura e espectro - Algumas estrelas são extremamente quentes, enquanto outras são mais frias. Esta afirmação está relacionada à cor que as estrelas emitem. Ao observar os pedaços de carvão em uma churrasqueira, você sabe que o carvão com brasa vermelha está mais frio do que os pedaços com brasas mais claras. O mesmo é verdadeiro para as estrelas. Uma estrela azul ou branca é mais quente do que uma estrela amarela, que é mais quente do que uma outra vermelha. O espectro de uma estrela também pode informar seus elementos químicos porque diferentes elementos (por exemplo, hidrogênio, hélio, carbono, cálcio) absorvem a luz em diferentes comprimentos de onda. Se você olhar a cor mais forte ou o comprimento de onda mais intenso da luz emitida pela estrela, poderá calcular sua temperatura (temperatura em graus kelvin = 3 x 106/ comprimento de onda em nanômetros).

Estrela Cefeida

 



Uma cefeida é uma estrela gigante ou supergigante amarela, de 4 a 15 vezes mais massiva que o Sol e de 100 a 30 000 vezes mais brilhante, cuja luminosidade varia de 0,1 a 2 magnitudes segundo um período bem definido, compreendido entre 1 e 100 dias, de onde ela tira seu nome de estrela variável. Elas foram chamadas segundo o protótipo de estrela δ da constelação de Cepheus.


História

As cefeidas tiveram um papel importante nos anos 1910 - 1920, quando Henrietta Leavitt, trabalhando na Universidade de Harvard, notou a presença de diversas cefeidas nas Nuvens de Magalhães. Ela observou que o período dessas cefeidas é proporcional ao seu brilho. Leawitt formula assim uma relação entre o período de variação e a luminosidade aparente dessas estrelas particulares. Assim, basta medir a distância de uma dessas cefeidas para se obter uma relação geral unindo seu período e sua luminosidade absoluta, e ainda melhor, determinar a distância de qualquer outra cefeida, onde quer que ela esteja. Tal medida será realizada pela primeira vez em 1916, novamente na Universidade de Harvard, por Harlow Shapley, que com isso completa a descoberta de Henrietta Leawitt. A partir dessa data, as cefeidas tornaram-se a referência para medir a distância de astros cada vez mais distantes no Universo.

Características

Diagrama de Hertzsprung-Russell adaptado de Powell. A faixa de instabilidade é mostrada e contém a região variável da Cefeida (em vermelho) e a região RR Lyrae (em azul).Jovem mas de estrutura mais evoluída que o nosso Sol, uma cefeida deve sua energia luminosa às reações de fusão nuclear que, na sua região central, transformam o hélio em carbono. A parte externa da estrela se contrai e se dilata alternativamente, devido a um desequilíbrio mantido pela pressão dos gases e da gravidade. Esses movimentos são acompanhados de mudanças de temperatura responsáveis pela variação periódica da luminosidade. O período de variação de brilho de uma cefeida representa aproximadamente duas vezes o tempo necessário a uma onda de pressão para se propagar do centro da estrela à sua superfície; ele depende do estado do meio atravessado pela onda e constitui por isso uma fonte preciosa de informações sobre a estrutura interna da estrela.
Fonte: http://pt.wikipedia.org

Fim do mundo em 2040?

 

Nem bem nos livramos da aporrinhação da Profecia Maia, já existe uma nova data para a extinção da humanidade. O ano fatídico é 2040 e será por colisão com asteroides. Depois que o asteroide Apophis revelou-se inepto nessa apocalíptica tarefa de aniquilar a vida em nosso planeta, outros vilões cósmicos entraram em cena:
  1. Asteroide 2011-AG05 e
  2. Asteroide 2012-DA14
O primeiro tem um tamanho interessante e o segundo baterá recordes de aproximação da Terra, algo que se iniciará já no próximo dia 15 de fevereiro.
 
Mas vamos aos detalhes:
 
Asteroide 2011-AG5
 
Descoberto em janeiro de 2011 pelos astrônomos de Mount Lemmon Survey (Tucson, EUA), possui cerca de 140 metros de diâmetro e foi considerado na época um objeto de “alto risco”. De acordo com Donald Yeomans, diretor do Programa de Observação de Objetos Próximos da Terra (NEOs) do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia nos EUA, a probabilidade de o 2011-AG5 colidir com a Terra, era de 1 para 625. E a data mais provável de tal acontecer, seria o dia 5 de fevereiro de 2040. Foi agendada uma discussão, sobre um eventual plano de deflexão, que seria debatido no decorrer da 49º sessão do Subcomitê Científico e Técnico do Comitê das Nações Unidas acerca dos Usos Pacíficos do Espaço Exterior (COPUOS) em 2012 em Viena. A Equipe de Ação das Nações Unidas (NU) responsável pelos objetos próximos da Terra (NEOs) observou uma constante aproximação do asteroide e que (apesar de remota) existe uma possibilidade de que o 2011-AG5 colidirá com a Terra dentro de algumas décadas.
 
Apesar de conhecermos o seu tamanho, é ainda desconhecida sua composição e massa. Segundo o que Detlef Koschny, responsável pela Divisão de Missões do Sistema Solar da Agência Espacial Europeia em Noordwijk, na Holanda, disse ao website SPACE.com: “2011-AG5 é o objeto que atualmente tem maiores hipóteses de colidir com Terra… em 2040. No entanto, apenas observamos cerca de metade da sua órbita, desta forma, a confiança nesses cálculos ainda não é muito alta.” Nas 14 discussões da nossa Equipe de Ação, concluímos, portanto, que não podemos  ecessariamente chamar-lhe uma ameaça “real”. Para isso, idealmente, deveríamos ter pelo menos uma, se não duas, órbitas completas observadas”. A equipe de Koschny está atualmente colocando instituições como Observatório Europeu do Sul ocorrentes da situação e esperam convencê-las de que este objeto merece a atenção de alguns dos telescópios espaciais.
 
Asteroide 2012-DA14
 
Este foi descoberto no final de fevereiro de 2012 pelo Observatório Astronômico de La Sagra, (Espanha). Mensurado aproximadamente com 45 metros de diâmetro e massa em torno de 120 mil toneladas tem passado a maior parte de sua orbita bem distante do nosso planeta aproximando-se paulatinamente a cada seis meses. Em 15 de fevereiro de 2013 baterá um recorde de sua menor aproximação: cerca de 27 mil quilômetros. Apesar de ser uma distância bem pequena do ponto de vista astronômico – inferior a dos satélites geoestacionários – as chances de impacto contra a Terra são desprezíveis, estimada em zero na Escala Torino, que vai até 10. No entanto, como suas aproximações são reiteradas de seis em seis meses, existe alguma possibilidade futura de colisão com a Terra? Em 15 de fevereiro de 2026, por exemplo, estima-se que a rocha passará a apenas 890 km de distância e em 2033 essa distância será ainda menor, de 512 km.
 
Em 16 de fevereiro de 2040 o asteroide chegará ao menor valor previsto, de apenas 448 km – realmente passará raspando e poderá, de acordo com seu ângulo de aproximação, atritar-se com a atmosfera favorecendo sua entrada. No entanto, à medida que mais observações forem feitas novos resultados deverão ser divulgados, aumentando ou diminuindo o risco de colisão. No momento, a única afirmação correta é que não há qualquer chance de impacto para fevereiro de 2013. Para os outros anos, ainda é muito cedo para qualquer afirmação. Por outro lado, mesmo que ocorra uma colisão desse asteroide com a Terra em 2040, devido a seu tamanho relativamente pequeno, não se projeta nenhum efeito apocalíptico, para o desapontamento de muitos teóricos da conspiração que poderão sofrer com a queda na venda de seus livros. Eu, pessoalmente, cultivo esse ceticismo otimista e tipicamente brasileiro, a ponto de postergar o início da construção de meu-bunker-de-fundo-de-quintal lá pelo ano 2030.
E você leitor o que acha de tudo isso?

NASA: asteroide pode atingir a Terra em 2040

 


A expectativa será se, em Fevereiro de 2023, o 2011 AG5 passará ou não através de uma região no espaço que os astrônomos chamam de "buraco de fechadura", medindo 365 quilômetros de diâmetro. [Imagem: NASA/JPL-Caltech]

2011 AG5

Em uma nota confusa divulgada nesta sexta-feira, mostrando um claro conflito entre o desejo de não causar alarme e a necessidade de ater-se com fidelidade às informações disponíveis, a NASA anunciou os resultados das observações do asteroide 2011 AG5. As observações feitas até o momento indicam que há uma pequena chance de que o asteroide 2011 AG5, descoberto em janeiro de 2011, atinja a Terra em 2040, diz a nota, embora a manchete no site da NASA diga o contrário. Mas a pequena chance de impacto foi consensual entre os participantes de um encontro internacional promovido pela NASA para discutir as observações do asteroide feitas por astrônomos de todo o mundo, usando telescópios terrestres e espaciais. O 2011 AG5 mede 140 metros de diâmetro. Segundo a agência espacial, é provável que as observações ao longo dos próximos 4 anos reduzam a probabilidade do impacto para menos de 1%.

Buraco de fechadura

O nível de risco vai ganhar ainda mais clareza em 2023, quando o asteroide chegará a aproximadamente 1,8 milhão de quilômetros da Terra. A expectativa será se, em Fevereiro de 2023, o 2011 AG5 passará ou não através de uma região no espaço que os astrônomos chamam de "buraco de fechadura", medindo 365 quilômetros de diâmetro. Se ele passar por essa região, a atração gravitacional da Terra poderá influenciar a órbita do asteroide o suficiente para trazê-lo de volta para uma rota de colisão, que ocorreria em 05 de fevereiro de 2040. Se o asteroide não passar pelo buraco da fechadura, um impacto em 2040 será descartado.  Dado o nosso entendimento atual da órbita deste asteroide, há apenas uma chance muito remota de que esta passagem pelo buraco de fechadura ocorra," disse Lindley Johnson, do programa NEO, da NASA (Near-Earth Object Observation, observação de objetos próximos à Terra).

Estado de atenção

"Embora haja um consenso geral de que há apenas uma chance muito pequena de que poderíamos estar lidando com um cenário de impacto real para este objeto, continuaremos atentos e prontos para tomar medidas se as observações adicionais indicarem que ele está garantido," disse Johnson. Vários anos atrás, um outro asteroide, chamado Apophis, foi considerado uma ameaça, com uma possibilidade de impacto semelhante prevista para 2036. Observações adicionais, feitas entre 2005 e 2008, cientistas da NASA refinaram seus cálculos da trajetória do asteroide, mostrando uma probabilidade significativamente reduzida de um impacto com a Terra. Embora os cientistas esperem que o mesmo ocorra com o 2011 AG5, eles reconhecem a pequena chance de que as probabilidades calculadas aumentem com os resultados das observações a serem feitas entre 2013 e 2016. De acordo com os especialistas que participaram do evento, mesmo se essas chances aumentarem, haverá tempo suficiente para planejar missões para mudar o curso do asteroide.
Fonte: Inovação Tecnológica

Por que Urano gira de lado

 Choques com dois grandes objetos teriam feito eixo de rotação do planeta se inclinar 98 graus

Um dos grandes problemas em aberto da astronomia do sistema solar pode ter sido resolvido por uma equipe internacional de cinco pesquisadores, incluindo um brasileiro. Por meio de simulações computacionais, o time liderado pelo italiano Alessandro Morbidelli, do Observatório da Côte d’Azur, em Nice, na França, obteve indícios de que a inclinação anômala do eixo de rotação de Urano não se deve a apenas uma grande colisão com um corpo do tamanho da Terra, como se pensava, mas sim a dois choques com objetos de porte significativo. O planeta gira em torno de um eixo cuja inclinação é de 97,7 graus em relação ao plano de sua órbita em torno do Sol. As duas trombadas teriam ocorrido em momentos distintos do processo de nascimento de Urano. “Elas explicariam por que Urano gira deitado”, diz Rodney Gomes, do Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro, um dos autores do estudo. Apresentada em outubro no Congresso Europeu de Ciência Planetária, em Nantes, na França, a nova hipótese pode mudar a visão que se tem da primeira fase da formação do sistema solar.

Os planetas começaram a se formar há 4,5 bilhões de anos a partir de um disco de gás e poeira girando em torno do Sol. Durante seus primeiros milhões de anos, o material do disco foi se aglutinando, formando corpos cada vez maiores de proporções semelhantes à dos asteroides e cometas, os chamados planetesimais. Por meio de colisões entre si, os planetesimais continuaram a crescer, até formarem embriões planetários — corpos com dimensões similares aos planetas atuais. Alguns desses embriões capturaram rapidamente o gás do disco, que se dissipou nos primeiros milhões de anos, formando os planetas gigantes gasosos e os de gelo. Os embriões restantes no interior do sistema solar continuaram a colidir entre si até formarem os planetas rochosos. Esse cenário implica que todos os planetas nasceram orbitando no plano desse disco primordial, com o eixo de rotação em torno de si perpendicular a esse plano. Encontros posteriores entre planetas, planetesimais e embriões planetários restantes, porém, teriam desviado seus eixos dessa norma. O eixo de rotação da Terra, por exemplo, é inclinado cerca de 23 graus. Já Urano é um caso extremo, com uma inclinação de quase 98 graus. Por isso, seus polos norte e sul se situam nos lados da esfera planetária em vez de em cima e embaixo.

Desde os anos 1960, os cientistas acreditam que essa obliquidade acentuada seria fruto de um choque violento entre Urano e um grande embrião planetário. Mas sempre houve um problema com essa explicação: as dezenas de luas e anéis de Urano também giram em torno do eixo de rotação extremamente inclinado do planeta. Durante uma colisão abrupta, dizem os críticos da hipótese, não haveria tempo para que esses anéis e satélites tivessem acompanhado a inclinação de Urano. Eles deveriam ter permanecido num plano orbital menos angulado.

Para explicar essa discrepância, os astrofísicos Gwenaël Boué e Jacques Laskar, do Observatório de Paris, propuseram em 2009 uma teoria alternativa. Segundo eles, Urano teria tido no passado uma lua enorme, do tamanho da Terra. A presença do satélite massivo teria feito com que o movimento de precessão do eixo de rotação do planeta, semelhante à oscilação produzida por um pião girando, se ampliasse aos poucos de tal forma que, em razão de uma série de interações, levasse o planeta a lentamente se “deitar”. Essa inclinação seria um processo tão gradual que os anéis e demais satélites acompanhariam o equador do planeta.

Caos no sistema solar - O problema parecia resolvido até Morbidelli e Gomes decidirem examinar a teoria em detalhe. No ano passado, eles depararam com uma contradição. De acordo com seus cálculos, a mesma influência gravitacional do satélite hipotético que aos poucos teria tombado Urano atrairia os demais satélites e anéis de tal forma que impediria que esses acompanhassem o planeta em sua inclinação. A teoria dos franceses, portanto, não funcionava. Os cientistas decidiram retomar a ideia de uma colisão primordial, mas com modificações. Realizaram simulações das interações gravitacionais que teriam ocorrido se um corpo do tamanho da Terra tivesse se chocado contra Urano em sua infância, quando suas luas e anéis ainda não tinham se formado a partir de um disco de gás e poeira. O impacto teria deitado Urano e os detritos da colisão formado um segundo disco ao redor de seu equador. A influência gravitacional do disco mais interno teria feito com que o material do primeiro disco se espalhasse na forma de uma “rosquinha”, tecnicamente denominada toro, ao redor do equador de Urano. Com o tempo, o disco interno teria sido absorvido pelo planeta e o toro se achatado na forma de outro disco, a partir do qual se originaram as luas e anéis.

Esse cenário explica o eixo tombado de Urano, exceto por um detalhe: as luas formadas nas simulações giravam no sentido oposto ao da rotação de Urano, que é anti-horária. Para que o resultado do modelo computacional batesse com a realidade do sistema solar, os pesquisadores descobriram que Urano deveria ter sofrido outra colisão com mais um embrião planetário. Esse choque deveria ter ocorrido antes daquele que teria entortado tanto o eixo do planeta como o disco que deu origem a suas luas e anéis. “Se aconteceram duas colisões dessa ordem, deveria haver muitos embriões planetários do tamanho da Terra perto de Urano naquela época”, diz Gomes.

“É uma ideia interessante e inteiramente provável”, comenta o astrofísico brasileiro Wladimir Lyra, do Museu Americano de História Natural, em Nova York. “As pesquisas mostram que o sistema solar era um lugar caótico em seus primórdios. Houve muita interação entre os protoplanetas. Os oito planetas que vemos hoje são apenas os ‘vencedores’ de uma luta que ganharam à custa de algumas cicatrizes.”
Fonte: http://revistapesquisa.fapesp.br

As 10 fotos mais incríveis tiradas pelo Hubble em 2019, segundo este astrofísico

 O telescópio espacial Hubble teve alguns problemas durante o ano de 2019, mas conseguiu sobreviver e segue registrando imagens incríveis e ajudando a ciência a desvender mistérios do universo. O astrofísico Ethan Siegel selecionou as 10 melhores fotos feitas pelo instrumento durante o ano. Não é uma lista oficial da NASA ou da ESA, mas foi selecionada por um premiado divulgador científico, Ph.D e respeitado no meio, em sua coluna na Forbes.

Confira a seleção com as mais belas imagens capturadas pelo Hubble neste ano!

10. Trilha dupla no asteroide (6478) Gault

O asteroide Gault se desmancha e forma uma trilha de poeira dupla (Foto: NASA/ESA/Hubble)

O asteroide Gault foi flagrado em um momento de gradual auto-destruição, quando formou uma trilha de poeira dupla ao se separar em dois. A cauda mais longa tem mais de 800.000 km de comprimento e cerca de 4.800 km de largura. A mais curta tem cerca de um quarto do tamanho. Os astrônomos acreditam que o asteroide, que tem apenas cerca de 4 km de comprimento, está se desintegrando por conta da ação prolongada da luz do Sol em sua superfície. A auto-destruição, no entanto, pode ter começado há mais de 100 milhões de anos, mas só agora a pressão no interior começou a ejetar material de maneira visível.

9. A galáxia espiral NGC 3147

A galáxia espiral NGC 3147 (Foto: NASA/ESA/Hubble)

Uma galáxia que parece uma escada em espiral. A NGC 3147 atrai os olhares com nebulosas rosadas, estrelas azuis e poeira que parecem girar em torno de um centro que esconde um buraco negro. Acredita-se que os objetos orbitam esse buraco negro, captados em um turbilhão gravitacional tão poderoso que qualquer coisa que se aproxima dele é sugada para o disco. A galáxia está localizada a 130 milhões de anos-luz da Terra, na constelação circumpolar do norte Draco, o Dragão. A imagem foi captada pelo telescópio Hubble e divulgada em julho.

8. Rastros de explosões da Eta Carinae

Explosão na Eta Carinae aconteceu há quase 200 anos (Foto: NASA/ESA/Hubble)
A Eta Carinae ejetou uma forte explosão de materiais em 1840, em uma explosão cujos traços podem ser vistos até hoje. O astro, que faz parte de um sistema duplo, é observado há duas décadas por diversos instrumentos e está localizado a 7.500 anos-luz da nossa vizinhança. A imagem do Hubble mostra luz ultravioleta na vizinhança da estrela com materiais remanescentes dessa explosão de quase 200 anos atrás. Podemos ver, em azul, o brilho de magnésio em forma de gás, localizado entre as bolhas bipolares e os filamentos ricos em nitrogênio na parte externa, vistos em vermelho.

7. Lente gravitacional da galáxia PSZ1 G311.65-18.48

Forte gravidade dobra o tecido do espaço-tempo e forma efeito conhecido como lente gravitacional (Foto: NASA/ESA/Hubble)

A galáxia PSZ1 G311.65-18.48 foi registrada em uma curiosa imagem com o efeito chamado de caleidoscópio cósmico. A imagem mostra a galáxia que foi apelidada de Arco Sunburst, localizada cerca de 11 bilhões de anos-luz da gente, e captada em várias exposições com um aglomerado de galáxias em primeiro plano que estão 4,6 bilhões de anos-luz de distância. Lente gravitacional é um efeito causado por um aglomerado de galáxias tão massivo que sua gravidade distorce o trajeto da luz de galáxias mais distantes atrás do objeto retratado. Ele estica e cria várias imagens de uma mesma galáxia.

6. Nebulosa planetária do Caranguejo

A Nebulosa do Caranguejo (Foto: NASA/ESA/Hubble)

A nebulosa oficialmente conhecida como Hen 2-104 e popularmente chamada de Nebulosa do Caranguejo está localizada algumas centenas de anos-luz da Terra, no hemisfério sul da constelação do Centauro. Trata-se de um sistema binário com uma estrela vermelha e uma anã-branca. A gigante vermelha expele suas camadas externas, que são atraídas pela companheira. Esse evento deve durar alguns milhares de anos. Acredita-se que a gigante vermelha chegará a um ponto em que se tornará uma anã-branca, iluminando a concha de gás que é a nebulosa planetária ao redor das duas estrelas.

5. O “espirro” da galáxia D100

Galáxia D100 expele poeira e perde gás hidrogênio (Foto: NASA/ESA/Hubble)

A galáxia no topo da imagem parece estar “espirrando”, com uns rastros amarronzados saindo aparentemente do centro da espiral. Trata-se da D100, que realmente está expelindo gases e poeira conforme se aproxima do aglomerado Coma. É possível notar uma região azulada em meio à poeira espirrada pela D100. São ao menos 200.000 estrelas alimentadas por hidrogênio que a galáxia está perdendo. Esse gás está saindo da galáxia por conta da força da gravidade do aglomerado Coma, que reúne centenas de galáxias. Assim que a D100 perder todo o hidrogênio puxado pelo aglomerado, não poderá formar novas estrelas. Esse processo está em andamento há cerca de 300 milhões de anos.

4. Descoberta de galáxia anã

A galáxia-anã Bedin I (Foto: NASA/ESA/Hubble)

O Hubble também ajudou na descoberta de uma nova galáxia anã este ano. Em meio a uma gigantesca concentração de estrelas dentro do aglomerado globular NGC 6752, a pequena galáxia foi batizada de Bedin 1 e tem apenas cerca de 3.000 anos-luz de extensão. É uma fração do tamanho da Via Láctea. Como ela também é incrivelmente fraca, os astrônomos a classificaram como uma anã esferoidal tão antiga quanto o universo.

3. Aglomerado na Nuvem de Magalhães

Um aglomerado de estrelas que se move próximo à Grande Nuvem de Magalhães (Foto: NASA/ESA/Hubble)

Esta gigantesca bola cintilante de estrelas, chamada NGC 1466, é um aglomerado globular de estrelas mantidas juntas pela força da gravidade. Ela está se movendo lentamente próxima à Grande Nuvem de Magalhães, um de nossos vizinhos galáticos. Os pontos azuis mais afastados são estrelas azuis brilhantes com massa maior que a média de um aglomerado, e espera-se que se dirijam cada vez mais em direção ao centro do aglomerado.

2. Beleza de Júpiter

O esplendor do planeta Júpiter (Foto: NASA/ESA/Hubble)

O Hubble não se limita a fotografar apenas aglomerados, galáxias, estrelas e rastros de asteroides. O telescópio espacial também faz ótimas imagens dos nossos planetas vizinhos, como essa de Júpiter, o maior gigante gasoso do Sistema Solar. Na foto, dá para ver a Grande Mancha Vermelha característica do corpo celeste, bem como observar nuvens se movendo na turbulenta atmosfera do planeta.

1. O rosto fantasmagórico


O rosto fantasmagórico formado em colisão de galáxias (Foto: NASA/ESA/Hubble)

A colisão de duas galáxias que formou uma espécie de rosto fantasmagórico no universo foi selecionada como a melhor foto tirada neste ano pelo Hubble na lista de Siegel. O registro mostra o momento em que a Arp-Madore 2026-424 começa a se formar, desencadeando uma série de eventos raros que permitiram que essa aparência específica surgisse nas lentes do telescópio espacial. Em primeiro lugar, a violenta colisão ocorreu entre galáxias do mesmo tamanho, o que gerou as formas que parecem os olhos. E, como foi um choque frontal, formou-se um anel de retenção, esses discos de gás que desenharam o que parecem o nariz e a face do sistema. A imagem só foi possível porque o Hubble aproveitou uma pequena lacuna em seu cronograma para fazer registros adicionais.
Fonte: Canaltech

Superfície da estrela Betelgeuse perde luminosidade

 


Com o auxílio do Very Large Telescope do ESO (VLT), os astrônomos capturaram a diminuição de brilho de Betelgeuse, uma estrela supergigante vermelha localizada na constelação de Orion. As novas imagens da superfície da estrela mostram não apenas a supergigante vermelha diminuindo seu brilho mas também a variação da sua forma aparente.

Betelgeuse tem sido um farol no céu noturno para os observadores estelares, no entanto durante o último ano temos assistido a uma diminuição do seu brilho. Neste momento Betelgeuse apresenta cerca de 36% do seu brilho normal, uma variação considerável, visível até a olho nu. Entusiastas da astronomia e cientistas esperavam descobrir o porquê desta diminuição de brilho sem precedentes.

Uma equipe liderada por Miguel Montargès, astrônomo na KU Leuven, Bélgica, observa a estrela com o Very Large Telescope do ESO desde dezembro, com o objetivo de entender por que é que ela está se tornando mais fraca. Entre as primeiras observações da campanha está uma imagem da superfície de Betelgeuse, obtida no final do ano passado com o instrumento SPHERE.

A equipe também observou a estrela com o SPHERE em janeiro de 2019, antes da diminuição do seu brilho, nos dando assim uma imagem do antes e do depois de Betelgeuse. Obtidas no óptico, as imagens destacam as mudanças que ocorreram na estrela, tanto em brilho como em forma aparente.

Muitos entusiastas da astronomia se perguntam se esta diminuição de brilho da Betelgeuse significa que a estrela está prestes a explodir. Tal como todas as supergigantes, um dia Betelgeuse se transformará numa supernova, no entanto os astrônomos não pensam que isso esteja acontecendo agora. Eles têm outras hipóteses para explicar o que exatamente está causando as variações em forma e brilho observadas nas imagens SPHERE.

 “Os dois cenários em que estamos trabalhando são o resfriamento da superfície devido a atividade estelar excepcional ou ejeção de poeira na nossa direção,” explica Montargès “Claro que o nosso conhecimento de supergigantes vermelhas é ainda incompleto e este é um trabalho em curso, por isso podemos ainda ter algumas surpresas.”

Montargès e a sua equipe usaram o VLT instalado no Cerro Paranal, no Chile, para estudar a estrela, que fica a mais de 700 anos-luz de distância da Terra, e tentar encontrar pistas que apontem para o porquê da diminuição do seu brilho. “O Observatório do Paranal do ESO é uma das poucas instalações capazes de obter imagens da superfície de Betelgeuse,” diz Montargès. 

Os instrumentos montados no VLT permitem efetuar observações  desde o visível ao infravermelho médio, o que significa que os astrônomos podem observar tanto a superfície da estrela como o material que a circunda. “Esta é a única maneira de compreendermos o que está a acontecer a esta estrela.”

Outra nova imagem, obtida com o instrumento VISIR montado no VLT, mostra a radiação infravermelha emitida pela poeira que circundava a Betelgeuse em dezembro de 2019. Estas observações foram realizadas por uma equipe liderada por Pierre Kervella do Observatório de Paris, França, que explicou que o comprimento de onda capturada nesta imagem é semelhante ao detectado por câmaras que detectam calor. As nuvens de poeira, que se assemelham a chamas na imagem VISIR, se formam quando a estrela lança a sua matéria para o espaço.

“A frase ‘somos todos feitos de poeira estelar’ é algo que ouvimos muito na astronomia popular, mas de onde é que exatamente vem esta poeira?” pergunta Emily Cannon, estudante de doutorado na KU Leuven, que trabalha com imagens SPHERE de supergigantes vermelhas.

“Ao longo das suas vidas, as supergigantes vermelhas, como a Betelgeuse, criam e ejetam enormes quantidades de material ainda antes de explodirem sob a forma de supernovas. A tecnologia moderna nos permite estudar estes objetos, situados a centenas de anos-luz de distância de nós, com um detalhe sem precedentes, nos dando a oportunidade de desvendar o mistério que dá origem a esta perda de massa.”

Fonte: ESO

Estes buracos negros que colidiram poderiam ser um tipo estranho de estrela

 

Há cerca de 7 bilhões de anos, dois buracos negros colidiram e deram origem a ondas gravitacionais que só foram detectadas em 2019.  Até hoje não se sabe ao certo o que causou a colisão, mas um novo estudo sugere que o evento pode ter sido um tipo de estrela cuja existência é apenas uma hipótese.

Desde a primeira detecção das ondas gravitacionais os cientistas se debruçaram sobre os dados coletados para entender o que estavam observando. Eram as ondas mais intensas já encontradas até então, e uma equipe de pesquisadores concluiu, em 2020, que o evento era o resultado da colisão entre dois buracos negros — um de 85 e e outro com 66 massas solares. Com o impacto, teria nascido um único novo buraco negro, com 142 massas solares, chamado GW190521. 

Acontece que algumas contas não batem, e algumas perguntas surgiram rapidamente. A primeira delas foi até simples de responder: se a soma de ambos os buracos negros (85 + 66 massas solares) resultou em um novo objeto de 142 massas solares, onde estão as outras 9? Bem, provavelmente boa parte da massa dos objetos se transformou em pura energia, irradiada na forma das ondas gravitacionais detectadas, por isso a massa do GW190521 está abaixo das 151 massas solares. Mas há outro problema: um buraco negro de 85 massas solares não devia existir. 

De acordo com os modelos — que são baseados em tudo o que os astrônomos sabem sobre os ciclos estelares e os objetos resultantes da morte de uma estrela —, os buracos negros formados a partir do colapso de uma estrela grande não podem ser maiores que 65 massas solares, aproximadamente. Embora nenhum dos dois buracos negros que colidiram foi estimado dentro dessas restrições, o objeto menor poderia ter 65 massas solares, ou um pouco menos, considerando as margens de erro dos cálculos baseados nas ondas gravitacionais detectadas. Mas o buraco negro de 85 massas solares é um barulho capaz de tirar o sono de qualquer astrônomo. 

Para explicar a origem do GW190521, surgiram algumas hipóteses, tais como um aglomerado de pequenos buracos negros que se fundiram até chegar ao objeto de 142 massas solares. Existem algumas evidências de que os aglomerados de buracos negros podem existir, mas há muitas dúvidas sobre as possibilidades de que eles possam se fundir rápido o suficiente para explicar as ondas gravitacionais do GW190521. Então, um novo estudo sugere que não havia dois buracos negros, mas sim duas estrelas de Proca. 

Uma estrela de Proca (o nome vem de uma equação homônima em homenagem ao físico romeno Alexandru Proca) é um objeto hipotético (ou seja, ainda não há evidências que confirmem se existe ou não), compacto, composto de algo que não são elétrons, prótons ou nêutrons. 

O condensado de Bose-Einsten é algo interessante, e observações a respeito desse estado da matéria de bóson já revelaram algumas coisas surpreendentes. Em 2000, cientistas realizaram alguns experimentos com campo magnético de alta intensidade, e descobriram que com a repulsão de átomos repentinamente substituída pela atração, o condensado poderia implodir e encolher além do limiar de detecção, e depois explodir, destruindo aproximadamente dois terços dos átomos. Cerca de metade dos átomos no condensado parece ter desaparecido totalmente durante a experiência, algo difícil de se explicar através da ciência convencional. 

Estudos como este concluíram que, se explosões de supernovas são, na verdade, implosões, a explosão de um condensado de Bose-Einstein em colapso poderia ser chamada de “bosenova”. Pois bem, voltando ao objeto GW190521, o novo estudo aponta que, talvez, ele tenha surgido através da colisão de estrelas feitas de uma matéria onde a gravidade não teria nenhuma dificuldade em colapsar em um buraco negro. Mas se essas estrelas hipotéticas chegarem a um estado em que seus bósons estão extremamente densos, em um campo gravitacional forte, as coisas podem ter um comportamento inesperado. 

Ainda assim, nas condições certas, uma estrela de bósons poderia chegar a 85 massas solares ou mais, o que torna tudo mais condizendo com as medições dos objetos que originaram as ondas gravitacionais de 2019. Há alguns detalhes que podem tornar a hipótese ainda mais distante do que se conhece atualmente, mas também muito mais interessante. Por exemplo, a matéria de bósons que conhecemos não poderia se tornar uma estrela de Proca — mas podemos recorrer a certas hipóteses sobre a matéria escura que propõem novos tipos de bósons. Resumo da ópera, os dois objetos que colidiram poderiam ser estrelas feitas de bósons como estes — se é que essas estrelas exóticas existem mesmo. 

Os autores do novo estudo colocaram a ideia à prova, analisando os dados do evento GW190521, e descobriram que as observações eram consistentes com uma fusão de estrela de Proca, da mesma forma que são consistentes com uma colisão de buracos negros. Ambas as ideias se sustentam igualmente. Então, a equipe fez outro teste. Como as propriedades de uma estrela de Proca dependem da massa de seus bósons, os cientistas usaram os dados do GW190521 para medir a massa do suposto bóson. O resultado foi algo extremamente leve, um trilionésimo da massa de neutrinos. 

Se essas ideias pouco convencionais estiverem corretas, pode ser que os astrônomos estão lidando com objetos feitos de uma nova partícula de bóson ultraleve, jamais vista antes, que pode ajudar a explicar até mesmo a matéria escura, ou a formação de estrelas de bósons. Claro, muito trabalho terá que ser feito se os cientistas quiserem levar a hipótese adiante para tentar comprová-la, mas a simples possibilidade de que estejamos falando da primeira evidência de uma partícula de matéria escura, é muito empolgante. Por outro lado, caso essa hipótese seja descartada, o objeto GW190521 continua sendo fantástico, pois ele poderia ser a primeira evidência de um buraco negro de massa intermediária.

Fonte: Canaltech.com.br

Astrônomos observam campos magnéticos nas bordas do buraco negro de M87

 

A colaboração EHT (Event Horizon Telescope), que nos mostrou a primeira imagem de um buraco negro, revelou hoje uma nova visão do objeto massivo situado no centro da galáxia Messier 87 (M87): como ele se parece em luz polarizada. Esta é a primeira vez que os astrônomos conseguiram medir a polarização, uma assinatura de campos magnéticos, tão perto da borda de um buraco negro. Estas observações são cruciais para explicar como é que a M87, situada a 55 milhões de anos-luz de distância de nós, consegue lançar jatos energéticos a partir do seu centro. 

“Estamos vendo agora a próxima pista crucial para compreender como é que os campos magnéticos se comportam em torno dos buracos negros e como é que a atividade nesta região compacta do espaço consegue lançar jatos tão poderosos que se estendem para além da galáxia”, disse Monika Mościbrodzka, Coordenadora do Grupo de Trabalho de Polarimetria do EHT e Professora Assistente na Universidade Radboud na Holanda. 

No dia 10 de abril de 2019, os cientistas divulgaram a primeira imagem de um buraco negro, relevando uma estrutura brilhante em forma de anel com uma região central escura — a sombra do buraco negro. Desde então, a colaboração EHT se aprofundou nos dados sobre o objeto supermassivo no coração da galáxia M87 coletados em 2017 e descobriu que uma fração significativa da luz em torno do buraco negro da M87 se encontra polarizada. 

“Esta descoberta é um marco importante: a polarização da luz carrega informações que nos permitem compreender melhor a física por trás da imagem que vimos em abril de 2019, o que não era possível antes”, explica Iván Martí-Vidal, também Coordenador do Grupo de Trabalho de Polarimetria do EHT e Pesquisador do GenT na Universidade de Valência, Espanha. Ele acrescenta que “para revelar esta nova imagem em luz polarizada foram precisos anos de trabalho devido às técnicas complexas envolvidas na obtenção e análise dos dados.” 

A luz torna-se polarizada quando passa por determinados filtros, tal como as lentes polarizadas dos óculos de sol ou quando é emitida em regiões quentes do espaço onde existem campos magnéticos. Da mesma forma que os óculos de sol polarizados nos ajudam a ver melhor ao reduzir os reflexos e o brilho de superfícies brilhantes, também os astrônomos podem ter uma visão mais nítida da região em torno do buraco negro ao observar como é que a luz que daí emerge está polarizada. Especificamente, a polarização permite aos astrônomos mapear as linhas do campo magnético presentes na borda interna do buraco negro. 

“As novas imagens polarizadas publicadas são fundamentais para compreendermos como é que o campo magnético permite que o buraco negro 'coma' matéria e lance jatos poderosos”, diz Andrew Chael, membro da colaboração EHT, pesquisador do Hubble da NASA no Princeton Center for Theoretical Science e Princeton Gravity Initiative, nos EUA. 

Os jatos brilhantes de energia e matéria que emergem do núcleo da M87 e se estendem pelo menos 5000 anos-luz a partir do seu centro são uma das estruturas mais misteriosas e energéticas da galáxia. A maioria da matéria que se encontra perto das bordas do buraco negro cai para dentro deste. No entanto, algumas das partículas circundantes escapam momentos antes de serem capturadas e são lançadas para o espaço sob a forma de jatos. 

Os astrônomos têm contado com diferentes modelos teóricos que explicam como a matéria se comporta perto do buraco negro para compreender melhor este processo. No entanto, ainda não se sabe exatamente como é que jatos maiores que a galáxia são lançados da sua região central, região esta que é comparável ao nosso Sistema Solar em termos de tamanho, nem como é que a matéria cai exatamente no buraco negro. Com a nova imagem EHT do buraco negro e da sua sombra em luz polarizada, os astrônomos conseguiram olhar pela primeira vez para a região que fica logo a seguir ao buraco negro, local onde ocorre a interação entre a matéria que está fluindo para o buraco negro e a matéria que está a ser ejetada. 

As observações fornecem novas informações sobre a estrutura dos campos magnéticos fora do buraco negro. A equipe descobriu que apenas modelos teóricos com gás fortemente magnetizado conseguem explicar o que estamos vendo no horizonte de eventos.

 “As observações sugerem que os campos magnéticos na borda do buraco negro são suficientemente fortes para empurrar o gás quente e ajudá-lo a resistir à força da gravidade. Apenas o gás que escapa ao campo magnético consegue espiralar em direção ao horizonte de eventos do buraco negro”, explica Jason Dexter, Professor Assistente na University of Colorado Boulder, EUA, e Coordenador do Grupo de Trabalho Teórico do EHT. 

Para observar o coração da M87, a colaboração EHT ligou oito telescópios ao redor do mundo — incluindo o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e o Atacama Pathfinder EXperiment (APEX) no norte do Chile, dos quais o ESO é parceiro — para criar um telescópio virtual do tamanho da Terra, o EHT. A impressionante resolução obtida com o EHT é equivalente a conseguir medir o comprimento de um cartão de crédito na superfície da Lua. 

“Com o ALMA e o APEX, que a partir da sua localização ao sul melhoram a qualidade da imagem ao aumentar geograficamente a rede EHT, os cientistas europeus desempenharam um papel crucial nesta pesquisa”, diz Francisca Kemper, cientista do ALMA europeu no ESO. “Com as suas 66 antenas, o ALMA domina o sinal total coletado em luz polarizada, enquanto o APEX se revelou essencial para a calibração da imagem”. 

“Os dados ALMA também foram cruciais para calibrar, obter a imagem e interpretar as observações do EHT, fornecendo restrições rígidas sobre os modelos teóricos que explicam como a matéria se comporta perto do horizonte de eventos do buraco negro", acrescenta Ciriaco Goddi, cientista na Universidade Radboud e no Observatório de Leiden, Holanda, que liderou um estudo de acompanhamento baseado apenas nas observações ALMA. 

 A rede EHT permitiu à equipe observar de forma direta a sombra do buraco negro e o anel de luz que a rodeia, com a nova imagem em luz polarizada mostrando claramente que o anel está magnetizado. Os resultados foram publicados hoje pela colaboração EHT em dois artigos científicos na revista The Astrophysical Journal Letters. A pesquisa envolveu mais de 300 pesquisadores de várias organizações e universidades em todo o mundo. 

“O EHT está fazendo avanços rápidos, com atualizações tecnológicas sendo feitas na rede e novos observatórios sendo adicionados. Esperamos que futuras observações do EHT revelem com mais precisão a estrutura do campo magnético ao redor do buraco negro e nos digam mais sobre a física do quente gás nesta região", conclui o membro da colaboração EHT Jongho Park, membro da East Asian Core Observatories Association da Academia Sinica Institute of Astronomy and Astrophysics, em Taipei.

Fonte: ESO

No fim, o sinal não vinha de um alien…

 


 Desvendado o mistério que intrigava astrônomos do mundo todo. Um sinal de rádio gravado por um telescópio australiano em 2019, que parecia vir da Proxima Centauri, a estrela mais próxima ao Sol, não era enviado por alienígenas. “Era uma interferência feita pelo homem a partir de alguma tecnologia, provavelmente instalada na superfície da Terra”, disse a astrônoma Sofia Sheikh, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, e co-autora dos dois artigos publicados na Nature Astronomy.

© M. Kornmesser/ESO/Divulgação Impressão artística mostra o planeta Proxima b orbitando a estrela anã vermelha Proxima Centauri, a estrela mais próxima do sistema solar. A estrela dupla Alpha Centauri AB também aparece na imagem entre o planeta e Proxima Centauri

O barulho foi detectado pelo Breakthrough Listen,  projeto de US$ 100 milhões fundado pelos cientistas Stephen Hawking (1942-2018) e Yuri Milner, dedicado a procurar comunicações extraterrestres inteligentes. O achado intrigou tanto os pesquisadores do SETI, uma organização de pesquisa sem fins lucrativos cuja missão é explorar, entender e explicar a origem e a natureza da vida no universo, que eles decidiram mobilizar astrônomos em uma busca de sua origem.

Foi a primeira vez que os dados do projeto privado desencadearam uma pesquisa detalhada para estudar futuras detecções. “Para nós, é muito valioso ter esses ensaios”, diz Jason Wright, astrônomo da Universidade Estadual Pennsylvania. “Precisamos desses sinais para que possamos aprender como vamos lidar com eles, provando se são extraterrestres ou de fabricação humana.” 

Bips misteriosos

Desde 2016, o Breakthrough Listen usa telescópios ao redor do mundo para ouvir possíveis transmissões de civilizações alienígenas. O programa captou milhões de bips de rádio de origem desconhecida, quase todos classificados como interferências de rádio na Terra, de fontes como torres de telefones celulares ou radares de aeronaves.

Mas o sinal de 2019 era diferente. Ele foi registrado pelo Parkes Murriyang, um radiotelescópio de 64 metros localizado no sudeste da Austrália. Veio da direção onde está situada a Proxima Centauri, estrela a 4,2 anos-luz de distância, e de grande interesse para os pesquisadores, não só por ser a mais próxima do Sol como também por possuir pelo menos dois planetas pelos quais ela orbita, sendo um dele na distância exata para que exista água líquida na superfície, pré-requisito para a existência de vida. Aliás, já existe uma iniciativa do Breakthrough Listen, chamada de Breakthrough Starshot, que tem como objetivo enviar uma pequena nave espacial a este planeta em busca de formas de vida. 

O sinal chamou a atenção pela primeira vez em 2020. Shane Smith, estudante de graduação do Hillsdale College, em Michigan, e estagiário de pesquisa no Breakthrough Listen, analisava dados coletados pelo Parkes ao longo de seis dias em abril e maio do ano anterior quando percebeu que o telescópio fez observações na direção da Proxima Centauri durante 26 horas. Os dados incluíam mais de 4 milhões de sinais de planetas vizinhos à estrela, mas um sinal próximo a 982 megahertz, que parecia se originar da própria estrela chamou sua atenção. 

 "Fiquei animado ao encontrar um sinal que atendia a todos os critérios que procurava, mas estava cético em relação a ele. Deveria haver uma explicação simples, nunca pensei que causaria tanta excitação", disse Smith, que ao compartilhar a informação com seu supervisor Danny Price, deu início a uma investigação mais profunda. “Meu primeiro pensamento foi se tratar de uma interferência. Ser cético é uma atitude saudável”, contou Price, astrônomo da UC Berkeley e cientista do projeto Breakthrough Listen na Austrália. 

“Mas depois de um tempo comecei a pensar que aquele era exatamente o tipo de sinal que estávamos procurando”, acrescenta. O sinal ganhou o nome de BLC1 - "Breakthrough Listen candidate 1", sendo o primeiro a passar em todos os testes iniciais de triagem do programa para descartar fontes óbvias de interferência. “Definitivamente, pensamos 'e se?'”, afirmou Sofia. 

Ela, Price e um grande grupo de pesquisadores começaram então a trabalhar em possíveis explicações, de satélites não catalogados a transmissões de espaçonaves planetárias. Na Austrália, a faixa de radiofrequência, em torno de 982 megahertz, é reservada principalmente para aeronaves, mas os cientistas não conseguiram identificar nenhum avião que estivesse na área e pudesse ser responsável por aquele sinal, até porque ele durou cinco horas. 

Em novembro de 2020 e em janeiro e abril deste ano, os astrônomos apontaram novamente o telescópio Parkes em direção à Proxima Centauri para ver se conseguiam captar o sinal novamente. Não conseguiram. Foram detectados outros sinais parecidos, mas em frequências diferentes, lançados pela análise automatizada como sendo interferência terrena. Depois, um exame posterior mostrou que o BLC1 e esses sinais "semelhantes" eram todas interferências de uma fonte desconhecida. Os sinais se modulavam e turvavam um ao outro, da mesma forma que um amplificador de guitarra modula e distorce uma nota musical. Por isso, a dificuldade em identificar o BLC1 como interferência. 

Origens terrestres 

“Como o sinal não reapareceu nas observações de 2020 e 2021, ele pode ter vindo de um equipamento eletrônico com defeito que foi desligado ou consertado”, relatou Sofia. A equipe suspeita que o aparelho estava relativamente perto de Parkes, talvez a algumas centenas de quilômetros. “A frequência do sinal muda de forma consistente com osciladores de cristal de baixo custo, como os comumente usados ​​em computadores, telefones e rádios”, completou Dan Werthimer, astrônomo da SETI e da UC Berkeley, especializado em processamento de sinais. 

Agora, Sofia está usando algoritmos para descobrir qual a frequência de transmissão do equipamento que gerou a interferência, o que pode ajudar a rastrear sua origem. O que ainda intriga os pesquisadores é por que o sinal pareceu surgir apenas quando o telescópio foi apontado para Proxima Centauri. Isso poderia ser apenas uma coincidência caso o andamento da interferência imitasse a cadência com que o telescópio estava voltado para a estrela. 

Essa interferência de rádio já afligiu outras pesquisas astronômicas, como quando se descobriu que alguns sinais intermitentes captados em Parkes eram resultado de pessoas cozinhando no micro-ondas. Sem contar o famoso sinal “Uau!”, detectado em 1977 por um radiotelescópio em Ohio, que nunca teve sua origem rastreada. 

Vale ressaltar, porém, que as buscas por alienígenas se tornaram muito mais sofisticadas desde então. “Muitos grupos presumiram que se tivesse uma detecção que só aparecia quando era apontado para a fonte, era isso. Abra o champanhe e pronto”, disse Sofia. “Mas a medida que a tecnologia mudou, a maneira como examinamos os sinais também se modificou. E esse estudo tão detalhado não havia acontecido até o BLC1”, finalizou.

Fonte: msn.com