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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Vida Fora da Terra II – A missão

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Dando continuidade ao assunto sobre a busca de vida extraterrestre pelo telescópio espacial James Webb, que será lançado em 2018, através de detecção de gases, encontrei, graças ao Salvador Nogueira (do blog Mensageiro Sideral da Folha de São Paulo), um artigo muito interessante de pesquisadores do Cambridge College e do Harvard-Smithsonian Center of Astrophysics sobre a possibilidade de utilização de elementos poluidores na atmosfera de planetas habitados.

O artigo chama-se: Detecting Industrial Pollution in the Atmosphere of Earth-Like Exoplanets, que em uma tradução livre fica: Detecção de poluição industrial na atmosfera de exoplanetas do tipo terrestre. Os autores iniciam o artigo falando sobre o projeto SETI de busca de vida extraterrestre através de sinais emitidos por civilizações alienígenas e a complementação com o telescópio espacial na busca de elementos químicos denominados biomarcadores, como o oxigênio molecular, que poderia indicar processos biológicos no planeta.

A inovação deste artigo está no fato que ele sugere a possibilidade de estudar a concentração da poluição atmosférica como potencial biomarcador. Além disto, os autores propõem essa pesquisa ao redor de estrelas anãs brancas. Este tipo estelar é consequência da evolução de estrelas que nasceram com pouca massa (com até 10 massas solares), e possuem um diâmetro próximo ao do nosso planeta e uma temperatura de aproximadamente 30.000 graus. Esta temperatura diminui gradualmente com o passar do tempo, podendo chegar, após alguns bilhões de anos à temperatura superficial semelhante ao do Sol, cerca de 6.000K.

De acordo com os autores, a possibilidade de encontrar planetas habitados transitando na frente da anã branca com temperatura típica do Sol é muito grande, pois a zona de habitabilidade da estrela encontra-se apenas a 0,01 unidade astronômica (UA = distância média da Terra ao Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros). Com esta temperatura, pode-se supor que a anã branca tenha um espectro semelhante ao Sol, possibilitando a formação de uma atmosfera como a do nosso planeta. Devido à proximidade entre a estrela e o planeta, o estudo da atmosfera é muito facilitado pela grande possibilidade de observação de um trânsito e com isto, o contraste com a atmosfera do planeta.

Por mais incrível que possa parecer, referências encontradas no artigo mostram a possibilidade de formação e migração de exoplanetas ao redor de estrelas evoluídas como anãs brancas e gigantes vermelhas. Voltando aos agentes poluidores biomarcadores, os autores sugerem, após uma análise de vários poluentes, que se use o CFC-14 e o CFC-11 como os alvos a serem buscados. Eles são os melhores elementos porque, além de terem um tempo de vida que varia de 10 a 10.000 anos, suas emissões estão na faixa observável do telescópio espacial. Devido à dificuldade de produção espontânea por outros processos químicos, a presença destes gases serve como um grande indicativo de poluição provocada por algum tipo de população industrializada.

A possibilidade de existência de vida industrializada foi discutida, em uma conversa informal, entre alguns astrônomos da Fundação Planetário faz algum tempo. Lembro-me que na época não tínhamos aventado a possibilidade de observar estrelas anãs brancas, mas discutimos algumas dificuldades como:

1. A suposição de que estaríamos procurando formas de vida semelhante a nossa, restringindo muito qualquer outra hipótese;

2. O grau de industrialização deveria ser parecido e com a produção de materiais similares;

3. A não preocupação com o meio ambiente ou a possibilidade de um aquecimento global e destruição de elementos atmosféricos;

4. E, principalmente, um aspecto que não vou entrar em discussão que é a pergunta: O que é vida? Qual a sua definição?

Esperamos que este novo método proposto para a busca de vida extraterrestre possa ajudar a responder à questão de sua existência ou não. Alguns questionamentos e críticas ao trabalho ainda aparecerão, mas a ciência é feita de erros e acertos, sendo de competência dos cientistas a identificação de ambos e a evolução gradual do conhecimento.

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