Asteroide Bee-Zed tem órbita na contramão, conforme previu pesquisadora da Unesp. Ele dá uma volta completa no Sol a cada 12 anos, mesmo período de Júpiter - com quem compartilha a órbita , mas movendo-se em sentido oposto.[Imagem: Paul Wiegert et al. - 10.1038/nature22029]
Asteroide na contramão
A previsão feita há dois anos pela professora luso-brasileira Helena Morais, da Unesp, acaba de ser confirmada. O Sistema Solar possui mesmo um asteroide que gira ao redor do Sol na contramão dos planetas. É o 2015 BZ509, também conhecido como Bee-Zed. Ele dá uma volta completa no Sol a cada 12 anos, mesmo período de Júpiter - com o qual compartilha a órbita -, mas movendo-se em sentido oposto. "É bom ter uma confirmação.
Tinha a certeza de que as órbitas contrárias coorbitais existiam. Sabíamos desse asteroide desde 2015, mas a órbita não estava bem determinada e não era possível confirmar a configuração coorbital. Mas isso acaba de ser confirmado, após mais observações que reduziram os erros nos parâmetros da órbita. Agora, temos certeza de que o movimento do asteroide é contrário, coorbital e estável," disse Helena à Agência FAPESP.
Corpos celestes na contramão
Em parceria com Fathi Namouni, do Observatório de Côte d'Azur, na França, Helena desenvolveu uma teoria sobre coorbitais retrógrados (movimento no sentido oposto ao dos planetas) e ressonâncias orbitais retrógradas em geral.
Agora, uma equipe liderada por Paul Wiegert, da Universidade de Ontário Ocidental, no Canadá, monitorou o corpo celeste usando o incrível Large Binocular Telescope, no Arizona, o maior binóculo do mundo, que também se dedica à busca por vidas extraterrestres.
A confirmação do movimento contrário e coorbital a Júpiter do Bee-Zed veio dessas observações.
Órbitas contrárias são raras. Estima-se que, dos mais de 726 mil asteroides conhecidos até hoje, apenas 82 sejam retrógrados. Por outro lado, coorbitais movendo-se no mesmo sentido não são novidade; só na órbita de Júpiter existem cerca de 6 mil asteroides troianos, que compartilham a mesma órbita do planeta gigante.
Mas o Bee-Zed é incomum por compartilhar a mesma órbita de um planeta, estar na contramão e, principalmente, por ser estável há milhões de anos. "Em vez de ser expulso da órbita por Júpiter, como seria de se esperar, o asteroide está em uma configuração que lhe garante estabilidade, uma vez que seu movimento está sincronizado com o do planeta, evitando colisões com este", disse Helena.
O asteroide cruza o caminho com Júpiter a cada seis anos, mas, devido à ressonância coorbital, os dois nunca se aproximam mais do que 176 milhões de quilômetros. A distância é suficiente para evitar grandes perturbações da órbita, embora a gravidade de Júpiter seja essencial para manter o movimento orbital Bee-Zed em sincronismo.
Fonte: Inovação Tecnológica
Nenhum comentário:
Postar um comentário