Os raios cósmicos caem sobre a Terra como uma chuva constante. Não costumamos observar essas partículas de alta energia, mas elas podem ter realizado um papel importante na evolução da vida no nosso planeta. Várias extinções em massa que ocorreram no passado podem ser ligadas a impactos de asteróides e vulcanismo, mas muitas das causas ainda causam debates. Brian Fields, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, acredita que acontecimentos astronômicos possam ter aumentado a radiação sobre a Terra.
Uma supernova a 30 anos-luz da Terra poderia liberar uma radiação sobre o nosso planeta que poderia, direta ou indiretamente, acabar com um grande número de espécies. Atualmente os cientistas procuram provas de que isso tenha acontecido e, mais importante, possa acontecer de novo. Os raios cósmicos são constituídos de prótons carregados de energia originários de ondas de choques de supernovas. Eles podem ficar “viajando” pela galáxia durante milhões de anos antes de atingir algo. “Toda a atmosfera da Terra é atingida por vários raios cósmicos todo segundo”, afirma Fields.
Efeitos secundários
Apesar da intensidade dos raios cósmicos, nenhum deles chega a atingir os humanos no solo. Eles atingem átomos na atmosfera e criam uma camada de partículas secundárias.
Ao nível do mar, grande parte dos raios cósmicos secundários se transforma em múons. A cada minuto, somos atingidos por aproximadamente 10 mil múons, que ocasionalmente podem causar mutações genéticas. Atualmente, os humanos recebem uma média de dez raios-x por ano através dos raios cósmicos.
De acordo com Franco Ferrari, da Universidade de Szczecin, na Polônia, os raios desse tipo podem ter desempenhado um papel importante na mutação dos organismos para sua evolução. No passado, acredita-se que a radiação era mais intensa, e afetava a atmosfera e o solo da Terra.
Uma teoria afirma que os raios podem aumentar a produção de nuvens, assim esfriando o planeta e criando mudanças nos ecossistemas. Outra teoria relacionada à radiação intensa é que o fenômeno tiraria nossa camada de ozônio, deixando o planeta mais quente e hostil para a vida que conhecemos.
Quase lá
Um modo de descobrir se uma extinção de espécies ocorreu devido à ação dos raios cósmicos é analisar os isótopos radioativos que se formariam em uma supernova próxima à Terra. Em 1999, um grupo da Universidade de Munique, na Alemanha, detectou o isótopo de ferro-60 em rochas submarinas. O isótopo é extremamente raro, e é formado em supernovas, com um tempo de vida médio de 1,5 milhões de anos – o que significa que veio de uma supernova recente.
Analisando a localização e concentração do isótopo na rocha, o grupo de cientistas calculou que a supernova explodiu há 2,8 milhões de anos, a uma distância de 100 anos-luz. Fields acredita que esta distância não foi suficiente para causar um evento de extinção no planeta: “Eu diria que chegou quase lá”.
Para causar efeitos biológicos danosos, a supernova teria que explodir a 30 anos-luz da Terra, distância pequena em uma escala galáctica, mas Fields acredita que o planeta já sofreu uma dezena de radiações “assassinas” durante a sua história de 4,5 bilhões de anos.
Além das supernovas, a ação do sol pode agir sobre a radiação no planeta. Uma teoria acredita que toda vez que o sistema solar chega ao topo de um lado da galáxia, a ação dos raios cósmicos é intensificada. Mesmo assim, pesquisas mais aprofundadas têm que ser feitas sobre a ação dos raios para que eles possam ser ligados a eventos de extinção na Terra, já que os efeitos da ação dos raios na superfície da Terra ainda não foram calculados.
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