Muitos fatores complicam a versão sobre a Estrela de Belém, incluindo a incerteza da data exata do nascimento de Cristo e a terminologia usada para descrever eventos astrológicos há cerca de 20 séculos.
Por exemplo, qualquer objeto que atraísse atenção suficiente era chamado de “estrela”. Meteoros eram “estrelas cadentes”; cometas eram “estrelas ‘cabeludas’” e os planetas eram “estrelas caminhantes”.
A Bíblia nos oferece algumas referências históricas, como o Rei Herodes. Estudos modernos sugerem que ele morreu entre os anos quatro e um antes de Cristo, pelo nosso calendário presente. Conta-se que os Magos visitaram o rei pouco antes de ele morrer, e o nascimento de Cristo e o aparecimento da famosa estrela aconteceram logo depois disso.
E é muito difícil que Jesus tenha nascido no fim de dezembro. Uma passagem bíblica, de São Lucas, diz: “Naquela região havia pastores que estavam passando a noite nos campos, tomando conta dos rebanhos de ovelhas”. Isso indica que era primavera, época em que os pastores da Judeia cuidavam dos novos animais.
Em tempos antigos, 25 de dezembro era a data do famoso festival romano de Saturnália. Presentes eram trocados; casas, ruas e prédios decorados; pessoas iam para casa e todos ficavam em clima de festa.
Já foi dito que os primeiros cristãos escolheram a época desse festival para evitar atenção e escapar das perseguições. Quando o imperador romano Constantino adotou oficialmente o Cristianismo, no século quatro, a data do Natal permaneceu no dia 25.
E é quase certeza que o nascimento de Cristo não aconteceu há 2011 anos. Nossa atual cronologia, com anos a.C e d.C, foi adotada pelo abade romano Dionysius Exiguus em 523 d.C. Infelizmente, ele fez dois erros grandes nos cálculos.
O primeiro foi colocar o ano “um” depois de Cristo imediatamente depois do ano “um” antes de Cristo, esquecendo completamente do zero. Na época, o “zero” não era considerado um número. Então, o ano três, por exemplo, matematicamente falando é o dois.
O segundo foi aceitar a declaração de Clemente de Alexandria de que Jesus nasceu no ano 28 do reinado do imperador romano César Augusto. Mas Dionysius não levou em conta que durante os quatro primeiros anos desse reinado, o imperador era conhecido pelo seu nome original, Otaviano, até que o senado o proclamasse “Augusto”.
Então apenas aqui já temos um erro de quatro anos, mas agora nossa cronologia está muito avançada para ser modificada.
Para os anos do aparecimento da Estrela, muitos astrônomos e estudiosos da Bíblia acreditam que deve ter ocorrido entre os anos sete e dois a.C. Então esse é o período que devemos explorar para determinar se algo estranho aconteceu no céu.
O que foi a Estrela?
Pelo menos quatro teorias já foram divulgadas, de um ponto de vista astronômico.
A primeira diz que a Estrela foi um incomum meteoro de fogo avistado no horizonte. Mas como sabemos, um objeto como esse passa pelo céu em uma questão de segundo – muito pouco para guiar os Magos até a cidade de Belém. Então podemos deixar essa para trás.
Não tão simples assim é a possibilidade de que a Estrela era um cometa brilhante. Objetos como esse ficam visíveis a olho nu por semanas, a partir do anoitecer.
O famoso cometa Halley, que passou pela última vez no começo de 1986, ficou brilhando no céu entre agosto e setembro do ano 11 a.C. Mas muitas autoridades não concordam com essa teoria, devido às falhas de tempo. E parece estranho que outro cometa com tamanha duração tenha passado despercebido.
Além disso, comentas eram vistos como presságios ruins, indicando fome e enchentes, assim como a morte – não o nascimento – dos reis e monarcas. Os romanos, para marcar a morte do General Agrippa, por exemplo, usaram a aparição do cometa Halley como marco. Com esse ponto de visão, a aparição de um cometa não seria um aviso do nascimento de um novo rei.
Talvez a reposta mais simples seja uma nova, ou supernova. As primeiras são estrelas que aumentam muito seu brilho por um período curto de tempo, e acontecem mais frequentemente. Já as supernovas, mais raras, são as famosas explosões estelares.
Esse tipo pode ser avistado mesmo durante o dia. Em nossa galáxia, no último milênio, quatro supernovas brilhantes ocorreram: em 1006, 1054, 1572 e 1604.
Apesar de essa ser a explicação mais satisfatória para a Estrela de Belém, há um grande problema: de que não há nenhum registo de uma nova brilhante durante o período apontado para a viagem dos Reis Magos. Apenas um registro aparece para uma nova, no ano 5 a.C. Mas os chineses, que a notaram, não afirmam ter sido um grande evento, com muito brilho.
Peregrinações planetárias?
A última possibilidade é de outros planetas visíveis a olho nu. É pouco provável que os Magos tenham confundido um ou mais planetas familiares com uma estrela. Entretanto, algumas conjunções às vezes acontecem.
Talvez um agrupamento de dois ou três planetas tenha criado uma figura geométrica atraente, entre os anos sete e dois a.C. Vale dizer que tal evento seria bem raro.
Um evento parecido que temos conhecimento é o agrupamento de Marte, Júpiter e Saturno, na constelação de Peixes, no ano seis a.C.
Outra explicação possível para a Estrela de Belém é a conjunção tripla de Júpiter e Saturno, entre maio e dezembro no ano sete a.C.
Não há dúvida da visibilidade desses eventos, geralmente opostos ao sol durante a noite. Com certeza os Magos teriam notado que os planetas são se separaram muito durante as três conjunções. De fato, por oito meses consecutivos – o tempo estimado para uma viagem de 800 quilômetros entre a Babilônia e a Judeia – Júpiter e Saturno ficaram com três graus de separação, entre o fim de abril do ano sete a.C. e começo de janeiro do ano seis.
Mas talvez nenhum agrupamento planetário se iguale ao dos dois planetas mais brilhantes, Vênus e Júpiter. E se levarmos em conta o único comentário sobre a Estrela, em São Mateus, a aparência era de duas estrelas.
Talvez o sinal dos Magos veio da constelação de Leão.
Para os antigos israelitas, essa constelação era considerada significativa e sagrada. Uma conjunção muito próxima entre Vênus e Júpiter teria sido visível no céu do Oriente Médio em 12 de agosto do ano três a.C.
E esse evento teria sido avistado tanto no leste, pelos persas, quanto no oeste, explicando a frase ambígua de São Mateus.
Vênus acabou sumindo com o sol, mas Júpiter e Leão continuaram no céu noturno durante dez meses. Nesse tempo, outras conjunções planetárias ocorreram, todas de grande importância para a época.
Durante algum tempo, na primavera do ano dois a.C., os Magos tiveram sua audiência com o Rei Herodes, que os questionou sobre o que haviam visto. É claro que nem ele nem seus conselheiros viram algo, já que ela apareceu entre quatro e cinco da manhã, hora em que estavam dormindo. Assim, o Rei enviou os Magos em sua busca por Cristo.
Então, durante o mês de julho do ano dois a.C., Vênus retornou para a mesma região do céu, com ainda mais brilho. Os Magos com certeza perceberam isso, e no dia 17, Júpiter e Vênus pareceram ainda mais juntos do que em agosto passado.
A astronomia pode nos dizer se essas conjunções ocorreram. Mas se alguém as observou, e se os Magos realmente fizeram sua jornada, já é outra questão.
Uma ocorrência sobrenatural?
E finalmente, a Estrela de Belém foi um milagre?
Hubert J. Bernhard, que por muitos anos foi professor no Planetário Morrison, em São Francisco, EUA, fez uma série de quatro álbuns em 1967 para educar e popularizar a astronomia. Eles receberam o nome de “Série de Aulas do Planetário”, e um dos tópicos falava sobre a famosa Estrela. No final desse trecho, Bernhard dizia o seguinte:
“Se você aceita a história contada na Bíblia como verdade literal, então a Estrela do Natal talvez não tenha sido uma aparição natural. Seu movimento pelo céu e habilidade de se manter e marcar um local indica que não foi um fenômeno natural, mas um sinal sobrenatural. Algo que a ciência nunca vai conseguir explicar”.
De fato, esse é um mistério que a ciência moderna nunca conseguiu desvendar. A astronomia já nos levou o mais longe possível. A decisão final é sua. No que você acredita?
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