Esta concepção artística mostra os dados simulados que indicam a existência de centenas de estrelas falhadas, ou anãs marrons, que o observatório espacial Wide Field Infrared Survey Explorer (WISE) da NASA irá adicionar em breve à população de objetos estelares conhecidos em nossa vizinhança solar. O nosso Sol e outras estrelas conhecidas aparecem em branco, amarelo ou vermelho. As anãs marrons previstas estão em vermelho escuro. A pirâmide verde representa o volume pesquisado pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA - um telescópio infravermelho projetado para focar em áreas específicas em profundidade, ao invés de fazer a varredura do céu inteiro como WISE está fazendo. A região dentro de 25 anos-luz do Sol está marcada pela esfera azul. Crédito: NASA/JPL
As 14 anãs marrons do Spitzer
O telescópio espacial Spitzer realizou um novo estudo sobre anãs marrons, concentrando-se em uma região da constelação de Boötes. Entre os diversos objetos encontrados, 14 destes apresentavam temperaturas variando entre 450 e 600 Kelvin. Estes são objetos frios em termos estelares, na verdade são tão frios como alguns dos planetas que encontramos ao redor de outras estrelas. Lembramos que 450 K é o mesmo que 177º C, ou seja, é a temperatura de um forno moderadamente quente.
Na verdade, isto nos dá uma pausa para refletir que a maioria dos assados que estamos acostumados a preparar requerem temperaturas acima de 180º Celsius, ou seja, mais quentes que a mais fria destas anãs marrons pode apresentar. A maioria dos novos objetos deste estudo do Spitzer está associada aos anões da classe espectral T, a categoria conhecida mais fria entre as anãs marrons, definida como inferior a 1.500 K (1.226º Celsius). Contudo, indo mais além, uma das anãs descobertas é fria o suficiente para pertencer à classe hipotética chamada de anãs Y, parte de uma nova classificação proposta por um co-autor do artigo, Davy Kirkpatrick (Caltech).
Com relação ao sistema de classificação das anãs marrons, Kirkpatrick sugere que a missão WISE (Wide Field Infrared Survey Explorer) faça uma validação:
“Os modelos indicam que pode haver uma classe inteiramente nova de objetos estelares lá fora, os anões Y, que ainda não encontramos. Se esses objetos elusivos realmente existem, o programa WISE irá encontrá-los.”
Tyche? Onde está?
Os pensamentos de Kirkpatrick sobre o projeto WISE são propriamente fascinantes, uma vez que ele é também um membro da equipe científica do WISE. Por exemplo: há muito que se especula que um objeto frio, talvez uma anã marrom, poderia residir no espaço interestelar próximo, perto o suficiente para causar transtornos na Nuvem Oort de cometas. Kirkpatrick informou que sua equipe denominou este suposto objeto de Tyche, uma benevolente contrapartida para o hipotético objeto apocalíptico chamado de Nêmesis. Kirkpactrick disse que o WISE é poderoso o suficiente encontrar Tyche ou descartá-lo, provando que ele inexiste. O cientista Peter Eisenhardt (JPL) da missão WISE afirmou:
O “WISE está olhando em toda parte, assim as anãs marrons mais frias vão surgir em todas as direções ao nosso redor. Podemos até encontrar uma anã marrom fria mais perto de nós do que Próxima Centauri, a estrela mais próxima conhecida… Nós estaremos estudando esses novos vizinhos em pormenor – um dos quais poderá conter um sistema exoplanetário mais próximo ao nosso.”
É válido ter em mente que WISE está estudando um volume de espaço 40 vezes maior do que foi rastreado no trabalho recente do Spitzer. Embora todos os quatorzes dos objetos descobertos neste levantamento estejam a centenas de anos-luz de distância do Sol (invisíveis aos telescópios que operam na luz visível), sua presença implica que há uma centena ou mais anãs marrons dentro da esfera de 25 anos-luz em volta do Sol, perto o suficiente para serem confirmados por espectroscopia. A equipe de Spitzer vai tão longe a ponto de se especular que o WISE pode encontrar mais anãs marrons nessa esfera de 25 anos luz ao redor do Sol do que o número de estrelas conhecidas que lá existe.
Ainda assim os negacionistas afirmam de pés juntos, categoricamente e com todas as letras que nenhuma anã marrom ameaça a estabilidade do nosso sistema planetário...Vejam a que ponto chega o apego a crenças: ao ponto de cientistas se colocarem publicamente contra crescentes indícios científicos de algo que não querem admitir.
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