Uma teoria de Stephen Hawking sobre como buracos negros também podem morrer parece ter dado um passo em direção à sua comprovação. Um estudo realizado por cientistas na Dinamarca explica como este evento pode ocorrer e o motivo de não sermos ainda capazes de observar tais ocorrências.
Buracos negros supermassivos são estáveis por terem temperatura inferior à de seus arredores (Fonte: Getty Images / Reprodução) © Fornecido por Mega Curioso
Segundo uma hipótese publicada por Hawking na revista Nature em 1974, buracos negros não seriam exatamente uma armadilha inescapável: o famoso cientista sugeriu que estes objetos astronômicos de densidade extremamente alta poderiam expelir radiação térmica. O vazamento desta energia, batizada então como "Radiação Hawking", faria com que os buracos negros fossem "desinflando" com o tempo até que chegariam ao fim de sua existência com uma gigantesca explosão.
"Pedacinhos" de buracos negros podem comprovar teoria de Hawking
Em uma entrevista concedida ao Space.com, o físico teórico Francesco Sannino da Syddansk Universitet, na Dinamarca, explicou que para provar a teoria de Stephen Hawking seria necessário observar buracos negros bem pequeninos e extremamente quentes. Isto se dá porque, segundo as leis da termodinâmica, o calor só pode ser transferido de um corpo mais quente para outro mais frio.
Como o vazio do espaço chega a temperaturas baixíssimas, somente buracos negros de tamanhos muito reduzidos seriam capazes de transferir calor para o espaço. Afinal, no caso dos enigmáticos objetos astronômicos, quanto maior for sua massa, menor é sua temperatura. Ou seja, um buraco negro gigantesco pode ser mais frio do que o vazio do espaço e, por isso, se torna estável.
Sendo assim, os olhos da comunidade científica teriam de estar voltados a buracos negros bem menores, com massa menor à que a da nossa Lua, seriam quentes o suficiente para "vazar" a Radiação Hawking. "Propomos que este tipo de buraco negro possa ser produzido e ejetado durante a fusão de dois buracos negros", explica Giacomo Cacciapaglia, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, membro da equipe da nova pesquisa.
Para observar o vazamento da Radiação Hawking, o time de Sannino sugeriu que seria necessário observar o impacto entre dois buracos negros gigantes para, então, acompanhar os menores, batizados "Bocconcini di Buchi Neri" (Pedacinhos de Buraco Negro, em italiano). Diferente dos maiores, que levariam uma eternidade para se esvair, estes menores poderiam chegar ao fim de sua vida em um período de 16 anos, facilmente observável por seres humanos.
Observando o inobservável
Pesquisadores acreditam ser possível observar a Radiação Hawking sendo expelida dos Bocconcini di Buchi Neri (Fonte: Getty Images / Reprodução) © Fornecido por Mega Curioso
O desafio, porém, é conseguir enxergar os Bocconcini di Buchi Neri. A tecnologia usada atualmente pelo Telescópio de Horizonte de Eventos para observar buracos negros foca no brilho gerado pela rotação em altíssima velocidade dos objetos capturados pela alta gravidade da região. Os pesquisadores da universidade dinamarquesa acreditam ser possível observar os "pedacinhos" de buraco negro ao buscar por explosões de raios gama nas imediações da colisão entre dois maiores.
O primeiro passo seria encontrar tais colisões seguindo o rastro de Ondas Gravitacionais gerados pelo impacto entre os objetos. Uma vez encontrado o ponto correto, entrariam em ação os telescópios de raios gama. Como explica a equipe de Sannino, os Bocconcini di Buchi Neri giram cada vez mais rápido conforme perdem massa, irradiando cada vez mais Radiação Hawking e possibilitando a coleta de informações.
"Como esta é uma nova ideia, ainda temos muito trabalho a fazer", reconhece Cacciapaglia. "A longo prazo, planejamos investigar em detalhes a produção de pedaços de buracos negros durante eventos catastróficos como a fusão de buracos negros". Assim, os pesquisadores devem ser capazes de encontrar fragmentos de buracos negros, analisar os dados observados e, quem sabe, confirmar a teoria de Stephen Hawking.
Fonte: MSN
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