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quarta-feira, 10 de julho de 2024

Ovo podre e chuva de vidro: como seria a vida em um dos planetas mais inóspitos do universo

Imagina sair para trabalhar enquanto o termômetro bate os 1.000 °C e quando chega uma chuva para aliviar o calorão, ela seria de vidro, potencializada por ventos de 8.000 km/h. Será que a empresa liberaria o home office? Se sim, teria que conviver com o constante cheiro de ovo podre, mesmo em casa. Assim seria a vida em um dos planetas mais inóspitos do universo, o HD 189733 b.

Temperaturas extremas do planeta o tornam inabitável – Foto: Divulgação/Roberto Molar Candanosa/Johns Hopkins Univeristy/ND

O planeta é gigante, azul como a Terra, mas não porque tem água, mas sim devido aos gases presentes em sua composição.

O gigante foi descoberto em 2005 e ficou conhecido como “Júpiter quente” e faz parte da constelação Vulpecula, localizado a 64 anos-luz da Terra.

Seus moradores comemorariam o Ano-Novo a cada dois dias, o qual é o tempo que ele demora para completar uma volta em sua estrela.

O exoplaneta – como são chamados os planetas que ficam fora do Sistema Solar – já era conhecido entre a comunidade científica pelo seu clima extremo.

 HD 189733 b é azul, como a Terra




Planeta é azul como a Terra, mas não porque tem água – Foto: Divulgação/Universidade John Hopkins/ND

No entanto, pesquisadores da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, decidiram estudá-lo mais afundo e usaram o telescópio espacial James Webb para isso.

Assim, descobriram que a atmosfera do HD 189733 b tem grande concentração de sulfeto de hidrogênio, um gás formado por dois átomos de hidrogênio e um de enxofre (H₂S), e emite um cheiro ruim, idêntico ao de um ovo podre ou ao pum, soltado pelos seres humanos

“Portanto, se o seu nariz pudesse operar a 1.000 °C, a atmosfera cheiraria a ovos podres”, disse para a revista “Nate” o Dr. Guangwei Fu, astrofísico da John Hopkins que liderou a pesquisa.

Apesar do odor desagradável, essa é a primeira vez que a existência da substância fora do Sistema Solar foi comprovada.

“Nós previmos que aconteceria, e sabemos que está em Júpiter, mas não o tínhamos detectado realmente fora do sistema solar. Não estamos à procura de vida neste planeta porque ele é muito quente, mas encontrar sulfeto de hidrogênio é um trampolim para encontrar essa molécula em outros planetas e obter mais compreensão de como diferentes tipos de planetas se formam”, completou Fu.

A equipe de Fu ainda encontrou água, dióxido de carbono e monóxido de carbono na atmosfera, vitais para compreender os ciclos de oxigênio e carbono do planeta.

Agora, o grupo de cientistas pretende rastrear enxofre em outros planetas fora do Sistema Solar e descobrir como as altas concentrações do composto podem ter influenciado a formação deles.

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