Um novo estudo revela que buracos negros supermassivos localizados no centro das galáxias, conhecidos como quasares, podem às vezes, serem obstruídos pelas densas nuvens de gás e poeira das suas próprias galáxias hospedeiras. É como se essas galáxias não quisessem revelar os monstros que elas escondem.
Esse estudo acaba desafiando a ideia vigente de que os quasares só eram obscurecidos pelos anéis em forma de torus localizados nas vizinhanças próximas aos buracos negros.
Para quem não sabe, os quasares são objetos extremamente brilhantes alimentados por buracos negros supermassivos se alimentando de forma voraz de material ao seu redor. Essa poderosa radiação pode ser bloqueada caso uma nuvem espessa se localize entre nós, os observadores e os quasares.
Os astrônomos a muito tempo pensam que esse material capaz de obscurecer um quasar só existia nas imediações dos mesmos, em um torus empoeirado que os circula.
Agora, uma equipe de cientistas da Universidade de Durham encontraram evidências que em alguns quasares, esse obscurecimento é inteiramente causado pela própria galáxia que hospeda o quasar.
Usando o ALMA, o Atacama Large Millimeter Submillimeter Array, do ESO no Chile, eles observaram uma amostra de quasares muito empoeirados com uma intensa taxa de formação de estrelas.
Os pesquisadores descobriram que muitos desses quasares vivem em galáxias muito compactas, conhecidas como galáxias de explosão de estrelas, ou seja, onde estrelas estão se formando a uma grande taxa. Essas galáxias são tão compactas que não teriam mais que 3000 anos-luz de diâmetro.
Para que você tenha uma ideia de como é uma galáxia do tipo de explosão de estrelas, elas chegam a formar mais de 1000 estrelas parecidas com o Sol por ano.
Para formar esse grande número de estrelas, a galáxia precisa ter uma grande quantidade de matéria bruta, no caso gás e poeira, que são os blocos fundamentais para a criação de uma estrela. Nessas galáxias, as nuvens de gás e poeira são agitadas pela rápida formação de estrelas, e isso pode fazer com que a poeira e o gás se acumulem e escondam completamente o quasar.
O estudo foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. A principal autora do estudo foi Carolina Andonie, uma estudando de doutorado no Center for Extragalactic Astronomy da Universidade de Durham, e ela disse, “é como se o quasar estivesse sendo escondido na sua própria galáxia hospedeira, em alguns casos, a galáxia está tão cheia de gás e poeira que nem mesmo os raios-X podem escapar.
Nós sempre pensamos que o torus empoeirado ao redor do buraco negro era a única coisa que esconderia o quasar da nossa visão. Agora percebemos que a galáxia inteira pode fazer isso. Esse fenômeno só parece ocorre quando o quasar está passando por um intenso surto de crescimento, ou seja, se alimentando de forma voraz do material ao seu redor.”
A equipe de pesquisadores estima que entre 10 a 30% dos quasares localizados em galáxias de rápida formação de estrelas, as galáxias hospedeiras seriam a única responsável por obscurecer os quasares. As descobertas fornecem novas ideias sobre o elo existente entre o crescimento das galáxias e a atividade de seus buracos negros centrais.
Os quasares obscurecidos podem representar um estágio evolucionário inicial, quando as galáxias estão ricas de gás e poeira, abastacendo assim a formação de estrelas em elevadas taxas e o crescimento do buraco negro central.
O co-autor do estudo, o Professor David Alexander, da Universidade de Durham disse, “Essa seria uma fase turbulenta e bagunçada da evolução, quando o gás e as estrelas colidem e se aglomeram no centro da galáxia. A briga pelo alimento cósmico envolve o quasar ainda bebê localizado no seu casulo de poeira”.
Revelar esses quasares escondidos irá ajudar os cientistas a entender muito melhor e com muito mais detalhe a conexão existente entre as galáxias e os seus buracos negros supermassivos loclalizados no coração dessas galáxias, um grande mistério ainda para a astronomia.
Fonte: Spacetoday.com.br
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