Por mais surpreendente que possa parecer, nosso planeta libera gases. O mais incrível é que esses gases vêm do seu núcleo e os cientistas acreditam que datam das origens da Terra.
A Terra libera gases, inclusive gases muito antigos, um fenômeno já conhecido, só que desta vez os cientistas descobriram vestígios de gás vindo das entranhas do núcleo do nosso planeta. Isso é uma ameaça para a Terra?
Gases presos no mineral
Um grupo de geoquímicos baseou-se em dados anteriores sobre a olivina, um tipo de mineral proveniente da lava vulcânica, da família dos silicatos, amplamente presente na Ilha Baffin, a maior do Canadá. Essas olivinas retêm o néon e principalmente o hélio (dois gases nobres), e a concentração deste último está em um nível 50 vezes superior ao normal.
Como explicam os pesquisadores em seu estudo, publicado em 18 de outubro na revista Nature, o que realmente chamou a atenção foi que o hélio é um gás leve que raramente é encontrado na superfície da Terra (ele tende a escapar para a atmosfera e depois viajar para espaço). No entanto, temos hélio sob os nossos pés, pois está contido no núcleo da Terra.
Quando se formou, há 4,6 bilhões de anos, a Terra "engoliu" hélio: parte dele foi desde então liberado através da atividade vulcânica, mas a grande incógnita é o quanto resta no interior da Terra. Os gases encontrados no mineral escaparam sem dúvida do núcleo do nosso planeta, mas ainda é preciso provar isso!
Um núcleo muito precioso
Os geoquímicos tiveram então que verificar se esses restos de gás não provinham da atmosfera, graças à massa atômica do hélio encontrada. Porém, o hélio analisado nessas lavas contém hélio 3HE, muito mais leve que o hélio da atmosfera; o mesmo vale para o néon, aliás. Ambos, portanto, vêm das entranhas da Terra.
E isso é uma ameaça ao nosso planeta? De forma alguma, já que a quantidade expelida pela Terra é muito pequena. Os pesquisadores também tentam traçar o caminho desses gases no subsolo: o certo é que eles ficaram presos no núcleo e que, à medida que a Terra crescia, tentavam escapar para retornar à superfície.
Longe de representarem um perigo, estes gases nos permitirão aprender mais sobre a composição do núcleo do nosso planeta e, portanto, sobre as condições da sua formação. O núcleo fica abaixo de milhares de quilômetros de rocha quente e densa, e é completamente inacessível à ciência. Esses escapes de gás são, portanto, uma ferramenta essencial para compreender as origens da Terra.
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