Astrônomos da Universidade de Valência (VIU), na Espanha, divulgaram recentemente em um estudo, a imagem detalhada do primeiro cinturão de radiação detectado fora do nosso sistema solar.
No caso, o objeto celeste envolvido, literalmente, por estas regiões de partículas carregadas (prótons e elétrons) é uma anã marrom, popularmente conhecida como "estrela falhada".
Impressão artística da anã marrom LSR J1835+3259 (objeto central). Campo magnético, cinturões de radiação e auroras são visíveis. (Crédito da imagem: Ilustração de Hugo Salais / Metazoa Studio)
Essa expressão pejorativa identifica uma classe de objetos subestelares que ainda não são totalmente compreendidos pelos astrônomos. Sem massa suficiente para serem classificadas como estrelas, mas muito pesadas para serem planetas, as anãs marrons têm emissão de rádio características de planetas e estrelas.
A imagem, tirada do objeto LSR J1835+3259 e publicada na revista Science, se parece muito com os conhecidos cinturões de radiação da Terra e de Júpiter. No entanto, o campo magnético observado na anã marrom é pelo menos dez vezes maior que o do maior planeta do sistema solar, e ainda revela alguns detalhes desconhecidos dessa estrela ultrafria.
Auroras incandescentes
Entre os segredos revelados pelo estudo está o de que, assim como na Terra e Júpiter, o grande cinturão de radiação de LSRJ1835 produz auroras perto de seus polos. Porém, diferentes das nossas, elas geram uma forma de energia tão grande que seu brilho é bem mais do que apenas uma luminescência para turistas.
“Essas auroras liberam energia muito concentrada em temperaturas muito altas, o que produz picos de emissão de rádio 10 vezes maiores que a emissão total de LSRJ1835”, afirma o coautor e professor de astronomia da VIU, José Carlos Guirado, em comunicado à imprensa.
Além disso, com base nos dados da equipe, é possível que essa anã marrom hospede um exoplaneta.
Por que os cinturões de radiação das anãs marrons são tão importantes?
O cinturão de radiação de LSR J1835+3259, em forma de donut, é um "upgrade" dos cinturões da Terra e de Júpiter. De acordo com o primeiro autor do trabalho, o astrônomo Juan Bautista Climent, "Podemos agora aproveitar o conhecimento adquirido ao longo dos anos de observações de Júpiter e aplicá-lo a outros objetos fora do Sistema Solar".
Em um release, o professor da VIU explica que, se colocados lado a lado, a semelhança dos cinturões é só aparente, pois “o diâmetro da estrutura magnética em torno da anã ultrafria é dez vezes maior que o de Júpiter e milhões de vezes mais poderoso".
Além de girar três vezes mais rápido que Júpiter, a LSRJ1835 gera um campo magnético "semelhante ao irradiado em um aparelho de ressonância magnética”, diz Climent. Isso permitiu uma excelente compreensão do entorno e do interior do objeto, e com uma resolução 50 vezes melhor que a do Telescópio Espacial James Webb, concluiu o pesquisador.
Fonte: Tecmundo.com.br
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