Titã, uma das 82 luas de Saturno, é conhecida por sua atmosfera densa e seus oceanos de metano, nitrogênio líquido e etano que chegam a 300 metros de profundidade em seu ponto central, indica estudo.
Ilustração artística dos oceanos de Titã, lua de Saturno. Crédito: NASA/John Glenn Research Center
A maior das luas ou satélites naturais de Saturno é o único lugar conhecido em nosso Sistema Solar, além da Terra, onde lagos e mares em estado líquido persistem na superfície. Os cientistas estão muito curiosos para saber mais sobre eles. Agora, uma série de novos cálculos busca sondar as profundezas do Kraken Mare, o mais vasto mar de Titã, uma mistura frígida de metano, etano e nitrogênio com 500 mil km² de extensão.
A descoberta deriva de uma nova análise de antigas varreduras de radar realizadas pela sonda Cassini ao passar pelo enevoado satélite saturnino, em agosto de 2014. Usando imagens dessas medições, pesquisadores estimaram a profundidade do Kraken Mare em uma parte onde era possível identificar um leito marinho e em outras onde este não era visível. Em um grande estuário na região norte da lua, alguns sinais refletiram na superfície e retornaram, enquanto outros penetraram o líquido e refletiram no leito marinho, diz o cientista planetário Valerio Poggiali, da Universidade Cornell.
Os ecos das ondas de radar indicaram que esta parte do estuário tem até 85 metros de profundidade, segundo relataram Poggiali e seus colegas no Journal of Geophysical Research: Planets. Porém, nas partes central e ocidental do mar houve um eco a partir do fundo do mar, sugerindo que a região central de Kraken Mare poderia ter pelo menos 100 m de profundidade — até 300 metros; ou mais.
“A ideia de que seja possível fazer um levantamento batimétrico em uma lua distante no Sistema Solar exterior é algo muito empolgante”, diz Elizabeth Turtle, cientista planetária no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, que não participou do novo estudo. Os resultados “são muito informativos em termos de fornecer dados para entender Titã e ajudar a planejar missões para lá”.
Os pesquisadores advertem, no entanto, que futuros trabalhos poderão indicar que alguns sinais deixaram de ser refletidos, não devido a uma grande profundidade, mas porque o líquido absorveu mais energia de radar do que era estimado pelos cálculos. Isso sugeriria que suas estimativas de trabalho sobre a composição do fluido estão incorretas. Com base em seus cálculos, o mar parece ser formado por 70% de metano líquido, 16% de nitrogênio líquido e 14% de etano também líquido, a uma temperatura de -182 °C. Quando a Cassini passou por lá, as ondas na superfície do Kraken Mare mediram apenas alguns milímetros de altura.
Dados de profundidade e composição são vitais para engenheiros que projetam submarinos robóticos e outros equipamentos para, algum dia no futuro, viajar através dos lagos e mares de Titã, diz Steven Oleson, engenheiro astronáutico no Centro Glenn de Pesquisa, da NASA, em Ohio, também não envolvido no estudo. Ele e outros engenheiros criaram designs preliminares para tal nave, embora um submarino robótico atualmente não faça parte da programação da missão Dragonfly, da NASA, ao satélite de Saturno, prevista para 2027. Entender o Kraken Mare é crucial para entender Titã de modo geral: o mar contém cerca de 80% do líquido superficial da lua, e se espalha por uma área de 500 mil km².
Fonte: sciam.com.br
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