O fenômeno, chamado de Mínimo de Maunder, intrigou pesquisadores que reuniram dados de 59 estrelas e descobriram que uma delas não tem sinais de manchas desde 2003
Estudo identificou uma estrela próxima cujos ciclos de manchas solares parecem ter parado. Descoberta pode ajudar a entender fenômeno similar no Sol (Foto: NASA)
As manchas do Sol desapareceram entre os séculos 17 e 18. Esse acontecimento intrigou cientistas por quase 300 anos, mas agora um novo estudo mostra que uma outra estrela passou por algo similar, podendo explicar o estranho fenômeno.
Os resultados foram publicados na terça-feira (22) no periodico The Astronomical Journal. O estudo é liderado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Eles reuniram dados coletados por até 60 anos sobre manchas de 59 estrelas.
Os cientistas queriam entender o chamado Mínimo de Maunder, que é como é conhecido o acontecimento que removeu as manchas do nosso Sol. Essas marcas escuras surgem na superfície de uma estrela devido a temperaturas mais baixas em determinada área do astro, provocadas pelo dínamo — processo que cria seu campo magnético.
Os autores da pesquisa usaram dados do Projeto Mount Wilson Observatory HK e do Keck Observatory, ambos nos Estados Unidos. Ao observarem ao menos dois períodos completos, que normalmente duram mais de uma década, a equipe identificou que 29 das 59 estrelas analisadas têm ciclos de manchas estelares.
Por outro lado, outras estrelas parecem não ter ciclos, pois giram muito devagar para ter um dínamo e estão magneticamente "mortas" — ou praticamente à beira da morte. "Nós realmente não sabemos o que causou o mínimo de Maunder, e temos procurado outras estrelas parecidas com o Sol para ver se elas podem oferecer alguma visão", explica Anna Baum, primeira autora da pesquisa, em comunicado.
A estrela que parece estar em uma fase semelhante ao Mínimo de Maunder é a HD 166620, que tem ciclo de cerca de 17 anos, mas agora entrou em um período de baixa atividade e não mostra sinais de manchas estelares desde 2003. Os pesquisadores esperam continuar estudando esse astro ao longo do sumiço das manchas, mas também quando ela sair de seu possível mínimo.
Essa observação poderá fornecer informações importantes sobre como o Sol e outras estrelas geram seus dínamos magnéticos. Além disso, poderá nos dar uma visão sobre como a estrela mãe interfere nos satélites e nas comunicações globais, afetando também o clima da Terra.
“As manchas estelares e outras formas de atividade magnética de superfície das estrelas interferem em nossa capacidade de detectar os planetas ao seu redor”, acrescenta Howard Isaacson, cientista pesquisador da Universidade da Califórnia, Berkeley, e autor do artigo. “Melhorar nossa compreensão da atividade magnética de uma estrela pode nos ajudar a melhorar nossos esforços de detecção”.
Fonte: Galileu
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