Cinco novos cometas foram descobertos na órbita da estrela Beta Pictoris, com dados do telescópio espacial Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS). A descoberta foi realizada por astrônomos do Main Astronomical Observatory (MAO), da Academia Nacional de Ciências na Ucrânia, que conseguiram também confirmar outros “exocometas” já detectados antes por outros pesquisadores.
Os cometas são objetos de poeira e gelo que, quando se aproximam de uma estrela, são aquecidos e liberam compostos no espaço em estado gasoso, nos proporcionando um espetáculo no céu. Como são bastante presentes no Sistema Solar, os cientistas concluíram que, provavelmente, também estão presentes em outros sistemas planetários.
Representação de Beta Pictoris e de Beta Pictoris b, um exoplaneta em sua órbita (Imagem: Reprodução/ESO)
No caso do estudo, os exocometas descobertos orbitam a estrela Beta Pictoris, a apenas 65 anos-luz da Terra (ou seja, considerada bastante próxima em termos astronômicos). A estrela também é orbitada alguns planetas; entre eles, está Beta Pictoris b, um gigante gasoso 11 vezes maior que Júpiter. Além dele, há também um grande disco de detritos; geralmente, estes discos representam a etapa final da dança complexa de gás e poeira que leva à formação de novos planetas.
É aqui que entram os exocometas: nos sistemas planetários mais jovens, como Beta Pictoris, os cometas se aproximam das estrelas com maior frequência, porque os objetos do disco estão em um processo de mudanças constantes em suas posições antes de se acomodarem em suas configurações finais.
A descoberta dos exocometas
Esta não é a primeira vez que exocometas são identificados na órbita da estrela — em 2019, por exemplo, o telescópio TESS identificou o primeiro exocometa orbitando Beta Pictoris. Estudos anteriores já haviam sugerido que a estrela é orbitada por dois grupos de exocometas, com diferentes propriedades. Assim, os objetos recém-descobertos se juntam a outros identificados ao redor de diferentes estrelas tanto pelo TESS quanto pelo já aposentado telescópio Kepler.
Estes observatórios não foram os primeiros a identificar os exocometas, mas, na verdade, o grande diferencial está no método de detecção: eles foram encontrados através do trânsito, o nome dado a pequenas reduções no brilho das estrelas causadas pelos cometas passando à frente delas. Observados pela primeira vez em 2017 pelo telescópio Kepler, os trânsitos cometários são mais longos que aqueles dos exoplanetas em função da cauda deles.
Através dos trânsitos, os astrônomos conseguem descobrir o tamanho dos exocometas, enquanto outros métodos de descoberta podem medir a velocidade e órbita deles. Ao combinar estes dados, é possível descobrir como os cometas são formados e como evoluem ao longo do tempo — e, ao que tudo indica, a descoberta dos novos exocometas mostra que eles são comuns, pelo menos ao redor de uma estrela como Beta Pictoris.
Os cientistas esperam que ainda mais exocometas sejam descobertos no futuro, já que o telescópio TESS observa milhões de estrelas de uma só vez ao invés de observar uma por vez. “Infelizmente, nosso grupo conseguiu apenas os nossos primeiros resultados na ciência de exocometas, e aí veio a guerra”, observou Yakiv Pavlenko, pesquisador do MAO e representante da equipe do estudo. “Após a guerra, vamos continuar”.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Fonte: Astronomy & Astrophysics; Via: Scientific American
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