Determinar qual é a estrela mais distante que conseguimos ver no céu sem a ajuda de equipamentos pode parecer uma tarefa simples. No entanto, existem tantas variáveis, como condição do céu noturno, cálculos de distância imprecisos ou se estamos falando de estrelas únicas, que acabamos encontrando muitas respostas para essa mesma pergunta. Para se ter uma ideia, o UOL consultou três astrônomos para tentar responder a questão e cada um deles citou uma estrela diferente. O que sabemos é que, sob condições ideais, o olho humano pode ver objetos de magnitude aparente 6 (medida do brilho da estrela a partir da Terra). Quanto menor o número, mais brilhante é o objeto. O Sol, por exemplo, tem magnitude -26.
Se levarmos em conta as reais possibilidades de observação em um céu poluído, como o de qualquer grande cidade, a estrela mais distante que conseguimos ver é a Deneb, na constelação do Cisne
Alexandre Cherman, astrônomo do Planetário do Rio
Deneb é uma estrela de magnitude aparente 1,25 e está na lista das 20 mais brilhantes do céu terrestre. Segundo as estimativas, ela fica a mais de 2.000 anos-luz de distância da Terra, ou seja, a luz que ela emite demora mais de 2.000 anos para chegar até aqui. Com raio cerca de cem vezes maior que o do Sol, é cerca de cem mil vezes mais brilhante que ele.
Céu limpo
Agora, se imaginarmos um céu com condições ideais de observação, sem poluição e iluminação artificial, como em um deserto, por exemplo, é possível observar uma estrela ainda mais distante, a V762 Cas, de magnitude aparente de 5.8. No entanto, a distância real da estrela é muito controversa. Frequentemente, dizem que ela está a 16,3 mil anos-luz da Terra, mas outras bases de dados mostram algo em torno de dois a três mil anos-luz. A disparidade acontece porque a medição é feita utilizando complexos cálculos matemáticos --que envolvem a órbita da Terra ou a comparação com o brilho de outros astros conhecidos-- e diferenças muito sutis de dados resultam em distâncias muito diferentes, explica Rogério Riffel, chefe do departamento de astronomia da UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Duas estrelas em uma
Existem ainda outra possibilidade: o sistema binário, quando dois corpos celestes (como as estrelas) orbitam em torno de um centro de massa comum e estão ligados gravitacionalmente. Estima-se que um terço dos sistemas estelares da Via Láctea é binário. Se tal sistema for levado em conta, teremos mais uma estrela na lista das mais distantes que podem ser observadas a olho nu. Trata-se da Eta Carinae, composta de duas estrelas com massa 150 vezes maior que o Sol e situada a 7,5 mil anos-luz da Terra. Sua magnitude aparente é de aproximadamente 4,4.
"É uma estrela do tipo hipergigante, portanto, muito luminosa", diz Roberto Costa, professor do departamento de astronomia da USP. Vale lembrar que o brilho de uma estrela não é medido apenas a partir de sua distância em relação à Terra, mas também seu tamanho e temperatura. Por exemplo, Sírius é considerada a estrela mais brilhante do céu (noturno) e está distante 8,7 anos-luz do Sol. No entanto, ela está mais distante da Alpha Centauri, considerada a estrela mais próxima do Sol (4,2 anos-luz).
O objeto mais distante
Já o objeto mais distante que podemos observar a olho nu é a Galáxia de Andrômeda, situada a 2,5 milhões de anos-luz da Terra. Como se trata de uma galáxia grande e luminosa como a nossa, é possível observá-la a olho nu", explica Costa. As galáxias podem ser comparadas a grandes cidades cheias de estrelas. A de Andrômeda é um maciço de magnitude 3,4, por isso pode ser vista sem a necessidade de telescópios.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário