Após diversos dias escondido por trás das nuvens, o Sol voltou a brilhar na cidade de São Paulo e permitiu que fosse registrado. O resultado foi um disco quase liso, revelando um período de baixa atividade magnética sem perspectiva de fortalecimento. A cena foi registrada na manhã de 7 de outubro de 2015, a partir do Observatório Solar Apolo11, localizado em Vila Mariana, São Paulo. O registro foi feito através de telescópio capaz de observar o Sol no comprimento de onda H-alpha, que revela os detalhes da cromosfera, o topo da atmosfera solar.
Embora o Sol esteja praticamente no ápice do ciclo solar 24, quando a atividade magnética deveria estar bastante elevada, a imagem registrada revela exatamente o contrário, com poucas feições ativas observadas no disco da estrela, sem grandes filamentos ou proeminências salientes dignas de nota, repetindo os últimos meses. Isso não significa que nos próximos dias não possam surgir grandes manchas solares capazes de fortes ejeções de massa coronal, mas o fato é que a quantidade média de manchas está muito abaixo daquela observada nos ciclos anteriores, o que leva muitos pesquisadores a especularem sobre um possível "apagão" que pode durar anos.
Mini Era do Gelo?
Como se sabe, a cada 11 anos aproximadamente, o Sol passa por momentos alternados de alta e baixa atividade eletromagnética, conhecidos por mínimos e máximos solares. Esse período é chamado de ciclo solar ou de Schwabe e desde que as observações começaram a ser feitas já foram contados 24 ciclos até o ano de 2015. Entre 1645 e 1715, o Sol passou por um estranho período, com atividade quase nula. Durante 70 anos, as manchas solares se tornaram extremamente raras e o ciclo de 11 anos parecia ter se rompido. Coincidência ou não, esse período de enfraquecimento coincidiu com uma série de invernos implacáveis que atingiram o hemisfério Norte. Esse período no comportamento do Sol ficou conhecido como Mínimo de Maunder e até hoje os cientistas não sabem ao certo como ele foi disparado e nem se realmente influenciou o clima na Terra. O Sol só voltou ao normal no século seguinte, quando o ciclo 11 anos foi reestabelecido e as temperaturas no hemisfério norte voltaram aos valores tradicionais.
E Agora?
Excluindo alguns momentos pontuais de extrema demonstração de força, a atividade solar recente apresenta constante declínio, com 75% a menos de grupos solares em relação ao observado em 2001, no pico do ciclo anterior. Recentemente, a observação da fotosfera solar não revelou manchas significativas, repetindo outras ocasiões recentes, cada vez mais frequente. Essa quase ausência de manchas até poderia ser considerada normal, já que no começo do século 20 o Sol também apresentou esse comportamento. A diferença é que atualmente estamos deixando o ápice do ciclo 24 e os estudos mostram que pelos próximos seis anos a atividade eletromagnética deverá ser cada vez menor.
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