Os astrônomos estão um passo mais perto de resolver um mistério de longa data: saber como a Via Láctea se parece.
Para tirar uma foto da sua forma, teríamos que projetar uma sonda espacial que pudesse se mover a velocidades próximas à da luz. Em cerca de 10.000 anos, ela sairia da Via Láctea e poderia tirar uma foto da galáxia. 10.000 anos mais tarde, essa imagem seria transmitida de volta para a Terra.
Claro que os cientistas – e nós – queremos saber como a galáxia se parece antes disso.
“Estamos bastante confiantes de que a Via Láctea é uma galáxia espiral, mas não sabemos muito em detalhes. No nível mais básico, nós gostaríamos de ser capazes de fazer um mapa que irá mostrar melhor como ela se parece”, disse Mark Reid, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica (EUA), que liderou o novo estudo.
Usando o VLBA (Very Long Baseline Array), um sistema de 10 radiotelescópios espalhados pelo globo do Havaí a Nova Inglaterra e às Ilhas Virgens, a equipe de Reid estudou “masers”, fontes de radiação eletromagnéticas vindas de nuvens de gás perto de estrelas luminosas, para mapear nossa galáxia em detalhes sem precedentes.
Foto: o arco da Via Láctea ao lado da Árvore de Pedra
Estudos anteriores sobre a estrutura da Via Láctea foram limitados a estrelas próximas para inferir distâncias. Mas essas técnicas não são confiáveis o suficiente para discernir os pontos mais delicados da estrutura da Via Láctea.
Noções básicas
O novo estudo primeiro tentou obter valores precisos dos parâmetros mais fundamentais da Via Láctea – a distância para o centro da galáxia e a velocidade com que o nosso sol gira em torno dele. Estes parâmetros se relacionam diretamente com o tamanho e a massa total da galáxia.
Buraco negro no centro da Via Láctea vomita a maior parte do que devora
Para isso, eles usaram paralaxe – um efeito que reflete a posição aparente de um objeto quando visto a partir de dois pontos de vista diferentes. A mesma técnica é usada para fazer levantamentos na Terra, mas foi levada a uma precisão extraordinária com o VLBA. “Se o olho humano tivesse essa precisão, poderia ver as moléculas individuais na mão”, disse Reid.
Os resultados foram impressionantes. Foi possível determinar a localização de estrelas jovens brilhantes que traçam espirais em nossa galáxia, e até mesmo medir quão arredondados os braços espirais da Via Láctea são.
“Um braço espiral típico começa perto do centro da Via Láctea e a envolve uma vez antes de desaparecer por falta de material para formar estrelas”, explica Reid.
Existem 60 bilhões de planetas habitáveis na Via Láctea
As descobertas mais importantes do estudo foram as estimativas mais precisas da distância até o centro da galáxia e a velocidade de rotação circular no sol. Estes valores são de fundamental importância para muitos outros estudos da Via Láctea.
No futuro
Como o VLBA fica no Hemisfério Norte, só pode “ver” cerca de metade da Via Láctea. Assim, o próximo passo é fazer as mesmas medidas no Hemisfério Sul.
Uma vez feito isso, Reid está confiante de que deve ser possível traçar os braços da Via Láctea a partir de sua origem nas regiões do interior da galáxia até as partes externas.
Além disso, observações terrestres de sua equipe devem medir as distâncias de até um bilhão de estrelas até 2020. Junto com as informações coletadas pelo VLBA e no Hemisfério Sul, as abordagens serão bastante complementares e devem nos dar uma boa ideia da aparência de nossa galáxia.
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