O Japão só é a “terra do sol nascente” porque o planeta gira no sentido oeste, e foi convencionado que por lá o dia começa antes. Ao pensar nisso, é fácil imaginar o mundo em rotação nessa direção como um todo. Mas cientistas britânicos defendem que o núcleo da Terra, feito de ferro sólido, gira no sentido oposto. E mais rápido do que o restante do planeta.
A Terra é composta de cinco camadas: crosta, manto superior, manto, núcleo externo e núcleo interno. Já ficou famosa a história de que a crosta, com apenas 60 km de profundidade, está para o planeta como uma camada de poeira está para uma bola de futebol, ou coisa parecida. De fato, o núcleo interno é bem mais espesso. São 3,5 mil km de diâmetro – mais ou menos o tamanho da lua -, que se comportam de modo ainda incerto para os geofísicos.
Segundo a nova teoria de pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra, esta gigantesca bola de metal no âmago do planeta giraria no sentido leste. E esta orientação justamente cria uma força geomagnética que faz o núcleo externo – composto de metal líquido, especialmente ferro e níquel – se mover no sentido contrário, levando consigo o restante da Terra.
Um estudo feito na Universidade Columbia, nos EUA, há cerca de dez anos, havia preconizado a ideia de que o núcleo interno completa uma rotação cerca de dois terços de um segundo mais rápido do que o resto do planeta. Ao longo do último século, essa pequena diferença representou um quarto de volta. Mas essa pesquisa assumia que todos – núcleo interno e o restante – giravam na mesma direção.
Os autores da pesquisa de Leeds não refutam que o núcleo interno seja de fato mais rápido. E o campo magnético criado pelo movimento leste-oeste do núcleo interno seria a força que move o núcleo externo no sentido oposto.
As consequências deste choque chegam até a superfície: de acordo com os cientistas, este campo geomagnético originado entre os núcleos se verifica além da superfície, e é o que nos protege da radiação solar, por exemplo. Esta nova abordagem sugere uma solução para um mistério que se arrasta desde 1692, quando o astrônomo Edmond Halley – que batizou o famoso cometa – indicou pela primeira vez que a Terra teria um campo magnético.
O estudo foi feito em um modelo da Terra no supercomputador Monte Rosa, um aparato tecnológico localizado em Lugano, na Suíça. O método geofísico, segundo os cientistas, é capaz de simular o comportamento do núcleo da Terra com uma precisão cerca de 100 vezes superior a outros modelos.
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