A existência de Netuno por si só tem se mantido como um enigma para os astrônomos. A nuvem de poeira primordial que deu origem aos planetas provavelmente tinha sua densidade diminuída a medida nas maiores distâncias do Sol. Com a escasses dos blocos de construção de planetas, é bem difícil compreender como Urano e Netuno, os dois planetas mais distantes conseguiram se tornar tão massivos, dois gigantes gasosos que juntos somam mais de 30 vezes a massa da Terra.
Netuno e Urano se formaram mais perto do Sol?
Mas, poderiam Netuno e Urano ter se formado perto do Sol? Em 2005 um time de cientistas propôs que os planetas gigantes gasosos tiveram suas posições drasticamente alteradas por uma convulsão planetária precoce (New Scientist, 25 de novembro de 2006, página 40). Neste cenário, Urano e Netuno teriam se formado muito mais próximos do Sol. Urano e Netuno, a seguir, migraram para o exterior e possivelmente teriam trocado de lugares no processo.
Esta migração precoce pode ter deixado material para trás suficiente para a formação de um novo planeta duas vezes mais massivo que a Terra, conforme cálculo publicados em 2008 por Steven Desch da Universidade do Estado do Arizona em Tempe, EUA.
A lua peculiar de Netuno, Tritão, pode ter pertencido originalmente a essa super-terra, alegam Steven Desch e seu colega Simon Porter. Tritão é maior que Plutão e se move de forma anômala: na direção oposta do sentido de rotação de Netuno, o que sugere que Tritão não se formou conjuntamente com Netuno. Trata-se de uma lua que foi capturada pelo gigante gasoso.
Mundos em colisão…
Para Netuno ter conseguido capturar Tritão, a lua deveria ter sido desacelerada drasticamente. Uma forma de ocorrer isto está no cenário sugerido onde seu planeta parceiro levaria a maior parte da energia cinética da dupla após o encontro com Netuno.
Antes, em 2006, os cientistas argumentaram sugerindo que Tritão estaria inicialmente ligado com outro objeto de tamanho similar a esta lua que teria sido gravitacionalmente atirado para o espaço depois se aventurar perto de Netuno (New Scientist, 13 de maio de 2006, página 8).
Mas Tritão poderia ter se desacelerado bem mais se seu parceiro original fosse uma super-terra. Neste caso a maior parte da energia cinética estaria com o parceiro de maior porte, segundo cálculos de Steven Desch em estudo apresentado em março de 2010 no congresso Lunar and Planetary Science Conference em Houston, Texas. “Seria bem mais fácil capturar Tritão se este estivesse orbitando um objeto bem maior que ele”, Desch afirmou.
O planeta errante: Amphitrite
Assim, Netuno pode ter engolido uma super-terra, denominada Amphitrite. Os restos do calor do impacto explicariam porque Netuno irradia bem mais intensamente que seu primo Urano, que tem massa e composição similares, disse Desch na conferência de planetologia.
Por outro lado, Douglas Hamilton da Universidade de Maryland, em College Park, um dos autores do estudo de 2006 que propôs que Tritão tinha um irmão gêmeo perdido no espaço aponta que objetos menores poderiam ter sido comuns no Sistema Solar primordial, antes da migração planetária tê-los absorvidos ao longo do tempo. Segundo Douglas, Netuno poderia ter tido muitas oportunidades de roubar Tritão de um possível irmão gêmeo de tamanho similar, ao invés de ter colidido com uma super-terra, bem mais rara. Assim, Douglas, alega que esta explicação é a mais provável. Mesmo assim, Douglas não refuta a idéia de Desch, “Vale a pena continuar perseguindo as causas [deste cenário] para ver onde seremos levados”.
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