A nossa galáxia e sua vizinha, a Andrômeda, parecem estar passando por uma crise de meia idade.
Uma nova pesquisa revela que ambas estão no meio do processo de transição entre ser uma jovem galáxia, formadora de estrelas, para uma estagnada. O processo é revelado pela cor das galáxias.
Geralmente, essa mudança de coloração acontece após duas galáxias se chocarem, mas o par parece estar fazendo por conta própria.
Nas galáxias, os níveis de formação de estrelas e a cor estão relacionados. Mas as relações da nossa galáxia são supreendentemente raras.
Uma equipe de astrônomos australianos determinou a cor da Via Láctea e da galáxia espiral vizinha, Andrômeda. Eles concluíram que as duas não estavam nas cores azul e rosa típicas, mas em alguma entre o verde.
Nesse sentido, a nossa galáxia não está no padrão comum. “Galáxias verdes são geralmente as que estão ficando velhas, letárgicas, caminhando para o vermelho”, comenta Mutch. “Em comparação com o ser humano, essa fase é a da meia idade”.
Os astrônomos não conseguem definir a cor da Via Láctea de uma perspectiva interna, já que a posição do sol interfere. “Determinar o estado da nossa galáxia enquanto estamos dentro dela é muito difícil, por culpa do gás e da poeira”.
Para conseguir enxergar a verdade, Mutch e sua equipe estudaram a massa, a quantidade formada, o brilho e a cor das estrelas entre as duas galáxias. Esses dados evolucionários forneceram uma foto do par galáctico, e a sua cor verdadeira.
Estrelas em formação são comuns em galáxias azuis, onde o brilho das “crianças” dá a cor ao redor. Quando elas morrem, explodindo em supernovas, distribuem gás pela galáxia, que é depois reciclado em novas formações.
Mas as galáxias não estão quietas: estão em constante movimento pelo universo em expansão. Quando elas colidem, o gás vaza até o buraco negro no centro recém-formado.
O núcleo galáctico resultante está entre os sinais mais brilhantes do universo, e pode ser visto a grandes distâncias. Já que ele consome o gás que as estrelas bebê necessitam, a galáxia aos poucos perde a cor azul e vai tornando-se vermelha.
Mas a Via Láctea e a Andrômeda estão mudando do azul para vermelho sem uma colisão, o que pode ser uma descoberta surpreendente.
Já que elas já estão desacelerando, quando colidirem, no futuro, provavelmente não vai surgir um núcleo poderoso.
“A descoberta de que ambas são verdes sugere que vai haver pouco gás sobrando quando elas se fundirem, daqui uns 5 bilhões de anos”, comenta Mutch. “Elas provavelmente não vão formar um núcleo galáctico ativo”.
Mas então porque nossa galáxia está envelhecendo? Mutch não sabe exatamente.
Às vezes, buracos negros injetam grandes quantidades de energia nas áreas ao redor. Isso faz com que pouco gás novo seja gerado. “Mas sabemos por observações que o buraco negro no centro de nossa galáxia não é particularmente ativo”, comenta Mutch.
A nova cor nos dá uma nova e interessante pergunta: o que exatamente está fazendo com que a Via Láctea e a Andrômeda estejam ficando sem combustível para produzir novas estrelas? O mistério permanece.
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