Isto é algo que costumam dizer frequentemente—afinal, Júpiter é um planeta enorme—porque se pensava, antigamente, que se fosse apenas UM POUCO maior, ele seria capaz de sustentar fusão nuclear em seu núcleo e se tornaria uma pequena estrela, transformando nosso sistema solar em binário.
Esta ideia foi promovida no filme "2010: O Ano em Que Faremos Contato" (a sequência do bem mais famoso "2001: Uma Odisseia no Espaço") onde os "monolitos" alienígenas esmagavam Júpiter a ponto de começar fusão nuclear—e a estrela pequena que nascia tornava possível o desenvolvimento de vida em Europa (uma das luas de Júpiter). Na verdade, mesmo se você esmagasse Júpiter com força bastante para começar fusão nuclear, assim que parasse de esmagar ele explodiria, porque a força da fusão seria maior do que a gravidade necessária para mantê-la.
Mas aquilo era ficção científica, que foi escrita antes de entendermos todos os fatos sobre as estrelas:
- FATO: A menor massa teórica para que uma estrela consiga manter fusão nuclear é de 0,07 vezes a massa de nosso sol.
- FATO: Nosso sol pesa 2×10 elevado a 30 quilos—o que significa que a menor estrela teria que pesar algo em torno de 1,4×10 elevado a 29 quilos.
- FATO: Júpiter pesa 2×10 elevado a 27 quilos.
Então Júpiter teria que ser cerca de SETENTA vezes mais massivo para se tornar uma estrela… Ou seja, está muito longe disto!
Dito isto, se Júpiter fosse cerca de quatorze vezes maior do que é, ele seria capaz de produzir fusão de deutério em seu núcleo, mas o objeto em que se tornaria seria, essencialmente, uma "anã marrom", similar a uma estrela que ficou sem combustível. Não é exatamente aquela coisa brilhante que costumamos visualizar quando pensamos na palavra "estrela", mas ele geraria calor interno da mesma maneira que uma estrela produz, e brilharia bem sutilmente na faixa do infravermelho.
Para confirmar tudo isto, hoje em dia sabemos que diversos exoplanetas orbitando outras estrelas são muito maiores do que Júpiter e não se tornaram estrelas.
- HR 2562b é o planeta mais pesado que conhecemos—ele é trinta vezes mais massivo do que Júpiter—e é, essencialmente, uma anã marrom. Ele brilha cerca de 0,2 por cento do que uma estrela pequena brilharia. Para acender como uma estrela de verdade, ele teria que ter um pouco mais do que o dobro da massa que tem.
- DENIS-P J082303.1–491201 b (nomezinho bom, não?) tem cerca de vinte e oito vezes a massa de Júpiter e, mais uma vez, está no limite entre o que é um planeta e o que é uma anã marrom. Ele orbita uma anã marrom de verdade—o que faz com que alguns pesquisadores digam que os dois são um par de estrelas morrendo, e não uma estrela e um planetão que brilha um pouquinho… Difícil decidir.
CONCLUSÃO:
Júpiter teria que ter mais de dez vezes a massa que tem para ser chamado de "estrela"—e mesmo assim, ele seria apenas uma broxante "anã marrom", não aquelas coisas brilhantes que esperamos que estrelas sejam.
Para ser uma estrela MESMO, ele teria que ter pelo menos setenta vezes mais massa.
Então, o que posso dizer é que "ELE NÃO ESTÁ NEM PERTO DE SE TORNAR UMA ESTRELA".
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