Prepare-se para encarar o espelho cósmico: o futuro do nosso Sol pode ser vislumbrado a 180 anos-luz daqui, onde uma estrela chamada R. Doradus está fazendo um show com bolhas gigantescas de gás, dignas de uma lâmpada de lava intergaláctica.
Astrônomos registraram uma sequência de imagens de uma estrela próxima, acompanhando o movimento do gás borbulhante em sua superfície. Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/W. Vlemmings et al.
Cientistas, que aparentemente têm mais paciência do que qualquer um que já tentou observar água ferver, passaram um tempo monitorando essa estrela gigante vermelha e capturaram imagens impressionantes de suas bolhas de gás fervente subindo e descendo em sua superfície. E quando dizemos bolhas gigantes, não estamos exagerando: cada uma delas é aproximadamente 75 vezes maior que o nosso Sol, ou seja, um “pouquinho” maior que sua banheira média.
Essas observações, feitas com o auxílio do supertelescópio ALMA, no Chile, representam um grande avanço na astronomia, pois é a primeira vez que os movimentos detalhados dessas bolhas estelares foram registrados em uma estrela que não o nosso querido Sol. E adivinha? Essas bolhas não estão apenas flutuando tranquilamente, elas estão afundando no interior da estrela mais rápido do que o esperado, o que deixou os cientistas com uma sobrancelha levantada.
O intrigante show estelar não é só entretenimento. R. Doradus, que é cerca de 350 vezes maior que o Sol, está nos oferecendo um sneak peek do que o nosso astro principal vai enfrentar em cerca de 5 bilhões de anos. Quando o Sol esgotar seu estoque de hidrogênio, ele também vai inflar como um balão gigante, o que pode acabar vaporizando alguns planetas – talvez até a Terra, embora a NASA ainda não tenha decidido se vamos participar da festa ou não.
A mágica por trás desse espetáculo é um processo chamado convecção, onde o gás quente da estrela sobe, esfria e depois afunda novamente, como uma dança cósmica de fogo e gelo. Esse processo não só mistura elementos como carbono e nitrogênio na estrela, mas também pode gerar os famosos ventos estelares que ajudam a criar novos planetas e estrelas. Quem diria que um redemoinho de gás poderia ser tão produtivo?
Agora, você pode estar se perguntando: “Por que observar uma estrela tão distante?” Bem, além de ser uma das gigantes vermelhas mais próximas, R. Doradus é grande o suficiente para nos permitir ver detalhes como esses convectores estelares em ação. Para colocar as coisas em perspectiva, as bolhas na superfície do Sol têm um diâmetro de cerca de mil quilômetros e vivem por cerca de dez minutos. Já as bolhas em R. Doradus são bem mais dramáticas: elas chegam a ter 100 milhões de quilômetros de diâmetro e podem durar um mês inteiro.
O que ainda não sabemos, porém, é por que essas bolhas agem de forma tão diferente das bolhas solares. Parece que as estrelas, assim como os humanos, ficam mais imprevisíveis com a idade. Enquanto os cientistas buscam respostas, uma coisa é certa: as estrelas têm muito a nos ensinar – e quem sabe, em 5 bilhões de anos, a nossa também estará estrelando um show de bolhas intergalácticas.
Fonte: hypescience.com
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