Nesta resposta, a explicação que Platão dá para isso no livro "Timeu".
Uma obra que, infelizmente, os cientistas desprezaram por séculos. Mas isso mudou com a Teoria da Relatividade e a Física Quântica, que fez alguns cosmólogos darem o braço a torcer um bocadinho e reconhecerem que deviam ter lido Platão desde o início (ao invés de autores mecanicistas modernos).
Vamos lá.
Na eternidade não havia tempo, nem espaço, nem matéria.
Havia apenas um potencial de matéria na forma, digo, na não-forma de partículas triangulares com as seguintes proporções:
Essa matéria-prima agia de forma ininteligível, incompreensível, pois ainda não existia tempo (portanto, não existia mudança e nem permanência), e nem o grande e nem o pequeno; nem o dentro, nem o fora; nem o certo, nem o errado.
Ou seja, na eternidade reinava o que podemos chamar de caos primordial.
Mas toda o Universo já estava contido ali, de certa forma, enquanto potencial. Isso porque o caos era tão grande que nele se formavam padrões que se repetiam, como micro-universos que nasciam a todo instante, mas logo se desmanchavam, instáveis, por toda a eternidade.
Ao se juntarem os triângulos planos formavam-se partículas tridimensionais nos seguintes formatos:
Cada partícula obedecia a um padrão intrínseco de vibração, de modo que também eram números passíveis de operações matemáticas, composições, agregações.
Quando uma quantidade suficientemente grande dessas partículas se formou, a eternidade colapsou sobre si mesma, gerando a matéria, o tempo e o espaço.
Mas o caos primordial não foi superado.
No universo, a matéria, o tempo e o espaço ainda estão sujeitos ao caos, por isso as leis que os regem assumem um fator de sorte, de probabilidade:
- A matéria, em decorrência da semente do caos presente nela, se deteriora tendendo a bagunçar-se (alguém pensou em "entropia" aí?);
- O tempo, por causa do caos, tem início, meio e fim, sendo apenas uma ilusão, mera sombra da eternidade;
- O espaço, por causa do caos, é receptáculo que contem a matéria, mas também é afetado pelo tempo, mudando continuamente suas propriedades, sendo não um vazio (pois não existe vazio!) mas uma coisa afetada pela matéria.
Tempo, espaço e matéria funcionam a partir das operações matemáticas das partículas; mas também são afetadas pelo ininteligível caos, de modo que nenhum fenômeno natural pode ser calculado com precisão, mas apenas estimado.
Bolsões de matéria, transformada pela ação do tempo e do espaço, deram à luz aos planetas, às estrelas e à Terra.
O universo é único porque veio todo de um mesmo estado (do caos). O universo é belo porque porque representa a vitória (parcial) da ordem sobre o caos, o que o faz inteligível. O universo é bom e precioso porque é apenas uma gota de tempo num oceano de eternidade ininteligível e, portanto, sem sentido. E dentro do universo a coisa mais maravilhosa é a alma viva, pois é a única forma do universo pensar sobre si mesmo e se maravilhar.
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