Astrônomos descobriram que cerca de 200 meteoritos que aterrissaram na Terra têm um endereço de origem bem peculiar: cinco crateras de impacto em Marte. Esses buracos cósmicos estão localizados em duas regiões vulcânicas do Planeta Vermelho, Tharsis e Elysium. Parece que Marte está nos enviando “pedacinhos” de si mesmo, e isso já aconteceu pelo menos umas 10 vezes recentemente. Quem diria que Marte seria tão generoso?
O processo funciona mais ou menos assim: Marte sofre uma grande pancada de um asteroide, e o impacto é tão forte que fragmentos de rochas são lançados ao espaço. Com sorte (ou azar, dependendo do ponto de vista), alguns desses pedaços de Marte escapam da gravidade marciana e começam a vagar em órbita ao redor do Sol. Eventualmente, alguns acabam caindo na Terra — como meteoritos, é claro, não como turistas espaciais.
Pesquisadores da Universidade de Alberta conseguiram rastrear a origem de muitos desses meteoritos, agrupando-os por suas histórias em comum. Isso envolve determinar de onde no solo marciano esses pedaços foram lançados e quando o grande “boom” que os jogou no espaço aconteceu. Segundo Chris Herd, professor da Universidade de Alberta e curador da coleção de meteoritos, agora eles podem contar a história completa dessas rochas, incluindo o “momento da decolagem”.
Não é todo dia que meteoritos enormes caem na Terra, mas, de acordo com a NASA, cerca de 48 toneladas de material meteorítico atingem nosso planeta diariamente. Na maioria das vezes, são apenas partículas de poeira que ninguém nota. Contudo, nos anos 80, cientistas notaram algo especial: um grupo de meteoritos que parecia ter vindo de algum lugar com vulcões ativos, e Marte logo se tornou o principal suspeito. A confirmação veio quando os landers Viking da NASA compararam gases presos nas rochas com a atmosfera de Marte, resolvendo o mistério.
Agora, identificar o “endereço” exato de onde essas rochas vieram em Marte não é uma tarefa simples. O método tradicional de comparação espectral, que analisa os padrões de luz que os materiais emitem ou absorvem, esbarra em problemas como a poeira que cobre Marte e as variações no terreno. Mas saber de onde vieram esses meteoritos ajuda a mapear melhor a história geológica de Marte.
Segundo Herd, essa descoberta pode recalibrar o cronograma de eventos importantes na história marciana, como quando vulcões entraram em erupção ou grandes crateras foram formadas. É como descobrir o capítulo que faltava na história do Planeta Vermelho.
A equipe utilizou simulações detalhadas para modelar como os meteoritos foram lançados no espaço e de quais crateras. Eles puderam até determinar a pressão e a força do impacto que os ejetou. Ao combinar esses dados com a geologia marciana, foram capazes de identificar as crateras de onde esses meteoritos provavelmente saíram. Pode-se dizer que Marte não só nos manda pedras, mas também um mapa sobre o que aconteceu por lá bilhões de anos atrás.
Em resumo, cada meteorito marciano é uma cápsula do tempo — e mesmo que nunca possamos pegar um voo para Marte para apanhar rochas, os meteoritos estão mais do que felizes em nos visitar. Afinal, Marte parece gostar de compartilhar suas aventuras cósmicas.
Fonte: hypescience.com
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