O Hubble pode estar no fim de sua missão, mas ele ainda faz descobertas que nos fazem dizer “ué” e revisar conhecimentos já estabelecidos: segundo imagens do telescópio, existe a possibilidade de que a Via Láctea tenha braços mais cheios em volume, e cortados em algumas seções, conforme aponta novo estudo.
A premissa desafia um conceito já bem antigo, de que a nossa casa no espaço é uma espiral com braços contínuos, sem interrupção. Entretanto, astrônomos analisaram informações do Hubble referentes ao Braço de Perseu e perceberam algumas inconsistências com esse consenso.
Medir distâncias e estabelecer um formato para a Via Láctea é relativamente complicado pois, bem, estamos dentro dela – é meio difícil saber a aparência da nossa casa do lado de fora sem sair dela, convenhamos. Entretanto, esse tipo de estudo é importante para o mapeamento galáctico.
Para contornar essa limitação, cientistas aplicam diversos métodos: eles podem usar masers, fontes naturais de ondas de rádio que ocorrem em regiões onde grandes estrelas se formam. O problema é que os masers não estão disponíveis em muita abundância.
O movimento das nuvens gasosas do espaço é outro método prático, mas também não é muito preciso devido à aleatoriedade desse movimento. Aqui, os cálculos são feitos com base em informações não muito consistentes.
O novo estudo, porém, levou em consideração o segundo método, mas analisando a poeira cósmica – ela sempre está presente onde há nuvens de gás. Com isso, os cientistas buscaram gerar um mapa tridimensional ao observar as cores dos grupos de estrelas no céu. Aquelas com mais poeira ao redor são mais avermelhadas.
No Braço de Perseu, os cientistas notaram que as nuvens não permanecem a uma distância de 6 mil anos-luz – a distância da região até nós -, mas sim se movimentam para uma distância de 10 mil anos-luz.
“Isso indica uma boa possibilidade do disco externo da Via Láctea ser parecido com o da galáxia Messier 83, com braços mais curtos, cheios e cortados”, disse Josh Peek, astrônomos associado ao Instituto do Telescópio Espacial (STScI), em um comunicado.
Os cientistas agora querem usar esse mapeamento 3D para estudar mais adentro da nossa galáxia também, a fim de determinar o formato da nossa “casa” de forma mais completa, usando tecnologia infravermelha para analisar estrelas com maior concentração de poeira cósmica, e seus respectivos movimentos.
Fonte: Olhar Digital
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