Uma das maiores dúvidas que os astrônomos tentam esclarecer é se existe vida em outros planetas. Estatisticamente, as probabilidades dizem que sim, mas ainda não foram encontradas evidencias reais em nenhum canto do universo. Por outro lado, já foram descobertos milhares de exoplanetas e há muitos outros para encontrar, provavelmente bilhões. Como é impossível vasculhar um por um, é importante saber onde procurar por sinais de vida.
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Existem alguns critérios importantes para que um planeta seja considerado potencialmente habitável, e um dos mais importantes é algo chamado zona habitável, ou “goldilock” — uma determinada distância de uma estrela onde a temperatura do planeta em órbita é adequada para que haja água no estado líquido. Em outras palavras, o planeta não pode estar perto demais de sua estrela anfitriã, pois a água evaporaria, nem longe demais, pois tudo o que encontraríamos seria gelo.
Contudo, as condições de habitabilidade também podem ser restringidas analisando as próprias estrelas. É que dependendo do tipo de estrela, os astrônomos podem dizer se os planetas ao redor dela poderia apresentar condições de sustentar vida ou não. Por exemplo, as estrelas do tipo OB são muito brilhantes e jovens, e têm um curto tempo de vida. Isso significa que se alguma delas tiver um planeta em órbita, provavelmente não haverá vida.
Outras estrelas têm temperatura bem abaixo do adequado, como anãs vermelhas do tipo M. Além disso, um planeta goldilock ao redor desse tipo de estrela teria que estar próximo demais dela, correndo risco de ser bombardeado por radiação. A vida teria muita dificuldade de se desenvolver ali. Sabendo disso, astrônomos que se dedicam na busca por bioassinaturas nem perderão tempo procurando algo nessas duas categorias de estrelas.
Então, que tal procurar por estrelas semelhantes ao nosso Sol? Ele pertence à categoria das anãs amarelas, do tipo G da sequência principal. Mas, curiosamente, nem mesmo nossa estrela é tão ideal para proporcionar condições adequadas de vida. De acordo com um novo estudo realizado por astrônomos da Universidade Villanova, as melhores estrelas para a vida são as do tipo K, um pouco mais frias que o Sol e um pouco mais quentes que uma anã vermelha. Assim, as estrelas do tipo K podem ser chamadas de “estrelas goldilock” — capazes de fornecer condições de vida em algum de seus planetas.
De acordo com Edward Guinan, da Universidade Villanova, "as estrelas K anãs estão no 'ponto ideal'”. Além disso, elas são muito numerosas. O cientista explica que "as estrelas K, especialmente as mais quentes, têm o melhor de todos os mundos. Se você está procurando planetas com habitabilidade, a abundância de estrelas K aumenta suas chances de encontrar vida". A pesquisa de Guinan e seus colegas foi apresentada no 235º encontro da American Astronomical Society.
Para se ter uma ideia da população de estrelas do tipo K, existem cerca de 1.000 dessas estrelas bem perto de nós, a apenas 100 anos-luz de distância do Sistema Solar. Além disso, elas têm um período de vida bem mais longos, podendo existir tranquilamente por 25 a 80 bilhões de anos. Só para se ter uma ideia, nosso Sol (tipo G) tem apenas 4,6 bilhões de anos e sua estimativa de vida é de aproximadamente 10 bilhões de anos. Ou seja, há muito mais chance de que formas complexas de vida se desenvolvam em uma do tipo K.
Por fim, os pesquisadores também falaram sobre alguns planetas que já foram descobertos ao redor de estrelas do tipo K, como o Kepler-442 , Tau Ceti e Epsilon Eridani. Contudo, é preciso destacar que as condições para sustentar formas de vida incluem muitos outros critérios, como a presença de outros planetas no mesmo sistema, o tipo de órbita que o planeta desenha ao redor da estrela, e até mesmo as condições da própria galáxia onde esses corpos se encontram.
Também é importante destacar que ao buscar sinais de vida considerando estes critérios — que se baseiam na possibilidade de existir água em estado líquido — restringe o tipo de vida que podemos encontrar. Cientistas sabem que a vida é misteriosa o suficiente para se manifestar em mundos completamente diferentes do nosso, gerando seres que poderiam depender de outros elementos que não a água. Mas eles também sabem que encontrar e identificar formas de vida além da nossa imaginação seria algo muito mais complexo.
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