Foi uma ideia que mudaria nossa compreensão do Universo e moldaria o que agora sabemos sobre ele.
Em dois meses, Penrose começou a dar palestras sobre o teorema. Em meados de dezembro, ele submeteu um artigo à revista acadêmica Physical Review Letters, que foi publicado em 18 de janeiro de 1965 — apenas quatro meses depois de atravessar a rua com Ivor Robinson.
A repercussão não foi exatamente a que ele esperava. O Teorema da Singularidade de Penrose foi debatido. Refutado. Contestado.
O debate atingiu seu ápice durante o Congresso Internacional sobre Relatividade Geral e Gravidade, em Londres, no fim daquele ano.
"Não foi muito amigável. Os russos ficaram muito irritados, e as pessoas relutaram em admitir que estavam enganadas", diz Penrose.
A conferência terminou com o debate em aberto.
Mas pouco tempo depois, descobriu-se que o artigo russo tinha erros de cálculo —a matemática era fatalmente falha, e sua tese não se sustentava mais.
A Via Láctea, a galáxia que contém nosso Sistema Solar
CRÉDITO,PA MEDIA
Legenda da foto,
Nossa própria galáxia, a Via Láctea, tem um buraco negro supermassivo em seu centro, a cerca de 26 mil anos-luz do Sistema Solar
"Havia um erro na maneira como eles estavam fazendo", diz Penrose.
No fim de 1965, o Teorema da Singularidade de Penrose começou a ganhar força em todo o mundo. Seu singular lampejo de inspiração se tornou uma força motriz na cosmologia.
Ele havia feito mais do que explicar o que era um quasar — ele revelou uma grande verdade sobre a realidade subjacente do nosso Universo.
Quaisquer modelos do Universo que surgiram a partir de então, tiveram que incluir singularidades, o que significa incluir a ciência que vai além da relatividade.
As singularidades também começaram a se infiltrar no imaginário popular, em parte graças ao fato de terem se tornado conhecidas como "buracos negros", termo usado publicamente pela primeira vez pela jornalista americana Ann Ewing.
Stephen Hawking notoriamente usou o teorema de Penrose para derrubar teorias sobre a origem do Universo depois que os dois trabalharam juntos nas singularidades.
As singularidades se tornaram centrais para todas as teorias relacionadas à natureza, história e futuro do Universo.
Experimentalistas identificaram outras singularidades — incluindo aquela no coração do buraco negro supermassivo no centro de nossa própria galáxia, descoberto por Reinhard Genzel e Andrea Ghez, que dividiram o Prêmio Nobel de Física com Penrose em 2020.
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