“Um blue jet é um tipo raro de evento luminoso transiente, também chamado de TLE. Eles ocorrem acima das nuvens de tempestade e seus estudos eram basicamente limitados a especulações acerca de alguns relatos até o final do século XX. Esse fenômeno ocorre a partir de uma intensa descarga elétrica que parte do topo das nuvens de tempestade e vai até o limite da mesosfera, cerca de 95 quilômetros de altitude”, explica Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia, membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira – e diretor técnico da Bramon – Rede Brasileira de Observação de Meteoros.
O astrônomo conta que antigamente o “jato azul” era considerado um fantasma ou um OVNI (Objeto voador não identificado): “Em certa altura o TLE pode produzir um flash de luz que assume formatos variados como simples colunas de luz ou até mesmo o formato de um pé de cenoura ou de uma fada. E não é à toa que várias pessoas que visualizaram esse fenômeno os associavam com fenômenos sobrenaturais como a visualização de fantasmas ou até mesmo de OVNIs”.
“Por este motivo os tipos mais comuns de TLE são chamados sprites, nome que remete a um ser mitológico do folclore europeu também chamado de espírito do ar. Algumas das explicações consideradas naquela época era que a visualização de sprite era apenas uma ilusão de ótica, mas há quem duvidasse da sanidade mental daqueles que relataram terem visto”, afirma Zurita.
O astrônomo que é colunista do Olhar Digital diz que essa área de estudo só começou a ter alguma credibilidade e relevância a partir de 1989, quando os primeiros sprites foram registrados acidentalmente em uma câmera de vídeo: “Mais tarde, outros fenômenos semelhantes foram registrados. Como os ‘gigantic jets’, que se iniciam como os blue jets, mas que no final apresentam uma ramificação avermelhada que atinge os limites da mesosfera”.
Cientistas descrevem “jato azul”
Segundo os cientistas, cinco intensos flashes azuis foram vistos, cada um com cerca de 10 milissegundos de duração. Quatro dos flashes foram acompanhados por um pequeno pulso de luz ultravioleta, que aparece como um anel em rápida expansão. O quinto flash enviou um jato azul, uma forma de raio que pode alcançar até 50 km na estratosfera e durar menos de um segundo.
Eles são formados pela interação de elétrons, ondas de rádio e da atmosfera e são conhecidos pelos cientistas como Elves (Elfos, em inglês), sigla para Emissions of Light and Very Low Frequency Perturbations due to Electromagnetic Pulse Sources (Emissões de Luz e Perturbações de Frequência Muito Baixa devido a Fontes de Pulso Eletromagnético).
Os astrônomos dizem que suas observações utilizando o ASIM – conhecido como o “caçador de tempestades espaciais” – poderiam ajudar a revelar como os raios surgem nas nuvens e como eles podem influenciar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera da Terra.
Astrid Orr, coordenadora de ciências físicas da ESA para voos espaciais humanos e robóticos, disse: “Este artigo é um impressionante destaque dos muitos fenômenos novos que a ASIM está observando acima das tempestades e mostra que ainda temos muito a descobrir e aprender sobre nosso universo”.
“Parabéns a todos os cientistas e equipes universitárias que fizeram isso acontecer, bem como aos engenheiros que construíram o observatório e as equipes de apoio em terra operando o ASIM – uma verdadeira colaboração internacional que tem levado a descobertas surpreendentes”.
Fonte: Olhar Digital
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