O problema mente-corpo é uma questão filosófica tratada nos campos da metafísica e da filosofia da mente. E agora está sendo analisada no campo da neurociência. O problema levanta-se devido ao facto que os fenómenos mentais parecerem qualitativa e substancialmente diferentes dos corpos de onde parecem depender
O problema foi identificado por René Descartes, no sentido conhecido pelo mundo ocidental, apesar de a questão já ter sido abordada por filósofos da era anterior a Aristóteles e na filosofia doavicenismo. John Searle nega o dualismo cartesiano, a idéia de que a mente é uma forma separada de substância do corpo, pois isso contraria toda a nossa compreensão da física, e ao contrário de Descartes, ele não traz Deus para o problema.
Searle rejeita o dualismo de propriedades e qualquer tipo de dualismo, a alternativa tradicional para o monismo, alegando que a distinção é um erro. Ele rejeita as idéias de que porque a mente não é objetivamente visível, não cai sob a rubrica do fisicalismo.
Então uma pessoa dualista pensa que a mente existe separada do corpo. Os dualistas compreendem a existência como uma oposição entre formas distintas, ou seja, o consciente e o inconsciente, luz e trevas, matéria e espírito, alma e corpo, entre outras, as quais não podem ser reduzidas umas às outras. Esta corrente de pensamento pressupõe a diferença fundamental entre corpo e mente, por mais que pareçam não ser distintos um do outro à luz da percepção sensorial.
Essa expressão foi pioneiramente utilizada por Thomas Hyde, no ano de 1700, no seu livro Historia religionis veterum Persarum, um texto sobre a religiosidade do povo persa, por ele designada de dualista, pois seus protagonistas eram duas entidades sagradas opostas.
Pessoas monistas acreditam que a mente não existe separada do corpo. Hegel defende um monismo dentro do contexto do absolutismo racionalista.
Os resultados dos estudos realizados por neurocientistas e psicólogos apontam para o monismo. Nossa mente, pensamentos, consciência, emoções, são frutos de atividade neural e não existe fora do cérebro. Quando morremos morre a substancia, nosso ser, nosso eu interior.
Como escreveu Michael Shermer em Cérebro e Crença:
"Nosso corpo é construído de proteínas, codificadas pelo nosso DNA. de modo que, com a desintegração do nosso DNA nossos padrões de proteínas se perdem para sempre. Nossas lembranças e nossa personalidade estão armazenadas nos padrões dos neurônios que excitam nosso cérebro e nas conexões sinápticas entre eles. Portanto, quando esse neurônios morrem e essas conexões sinápticas se rompem, resultam na morte da nossa personalidade e nas nossas lembranças.
Os que acreditam na vida eterna naturalmente vão rejeitar a ideia de que a crença na vida após a morte é produto do cérebro, ou vão argumentar que sua religião simplesmente reflete uma realidade ontológica sobre o universo. Eles dirão que acreditam na vida eterna e vão tentar oferecer "evidências para isso. Essas crenças surgem primeiro e depois as razões para reafirmar a crença e fortalecer, encontrando falsos padrões e fazendo conexões no cérebro.
Então, o monismo cientifico está em conflito com o dualismo religioso? Sim, está. Ou a alma sobrevive à morte ou não sobrevive, e não existem evidências científicas de que isso ocorra ou venha ocorrer. A ciência e o ceticismo tiram da vida qualquer significado? Acho que não. Pelo contrário. Se isso é tudo o que existe, nossa vida, nossa família, nossos amigos - e a maneira como tratamos os outros - se tornam significativos quando cada dia, cada momento, cada relacionamento, cada pessoa importam; não como uma peça de teatro encenada temporariamente antes de um eterno amanha, quando o propósito será revelado, mas como essências valiosas no aqui e agora, onde criamos propósito provisório.
A consciência dessa realidade nos eleva a um plano mais alto de humanidade e humildade à medida que passamos pela vida juntos nesse tempo e espaço limitado - um momentâneo prólogo no drama do cosmo."
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