Estamos a apenas cinco anos de aproveitar o poder quase ilimitado dos "sóis em miniatura" por meio de reatores de fusão nuclear que poderiam fornecer energia abundante, barata e limpa, dizem algumas empresas de tecnologia.
Em meio ao aquecimento global causado por nossa dependência de combustíveis fósseis, há uma necessidade urgente de encontrar fontes alternativas e sustentáveis de energia.
Se não o fizermos, o futuro parece ser sombrio para milhões de pessoas, com a escassez de água e de alimentos levando à fome e à guerra.
A fusão nuclear tem sido anunciada como uma possível resposta para nossas preces. Mas sempre foi algo que seria viável "em 30 anos", segundo uma piada comum nesta indústria.
Agora, várias start-ups, como são chamadas empresas iniciantes do ramo tecnológico, estão dizendo que podem tornar a fusão nuclear uma realidade comercial muito antes disso.
O que é a fusão nuclear?
Este método envolve a fusão de núcleos atômicos para liberar grandes quantidades de energia, algo que tem o potencial de solucionar nossa crise. É a mesma fonte da energia do Sol, e é um processo limpo - ou seja, não emite poluentes - e relativamente seguro.
Mas forçar a fusão destes núcleos - deutério e trítio, dois isótopos de hidrogênio - sob imensa pressão exige quantidades enormes de energia, mais do que conseguimos gerar até agora.
A fusão nuclear produz enormes quantidades de energia, mas é difícil de realizar e controlar
Alcançar o ponto de "ganho de energia", em que geramos mais energia do que gastamos neste processo, tem sido algo elusivo. Não mais, dizem as start-ups de fusão nuclear.
"Estamos no ponto de virada", diz Christofer Mowry, presidente da General Fusion, empresa canadense que pretende demonstrar que a fusão nuclear é viável em escala comercial nos próximos cinco anos.
"A maturação da ciência por trás dela, combinada com o surgimento de tecnologias do século 21, como a impressão 3D e os supercondutores de alta temperatura, fazem com que a fusão nuclear não esteja mais 'a 30 anos de distância'."
A ciência por trás da fusão nuclear está madura, mas há desafios práticos ainda a serem solucionados
A ciência envolvida foi comprovada, diz Wade Allison, professor de Física do Keble College, em Oxford, na Inglaterra. O desafio para tornar a ideia uma realidade é mais de ordem prática.
"Não podemos ter certeza do prazo para isso, mas a ciência básica está resolvida, e os problemas são técnicos, relacionados aos materiais", diz Allison.
Por que isso é tão difícil?
Um grande desafio é como construir uma estrutura forte o suficiente para conter o plasma - a sopa nuclear de altíssima temperatura na qual ocorrem as reações de fusão - sob as enormes pressões necessárias.
"Os sistemas de exaustão terão de suportar níveis de calor semelhantes aos experimentados por uma nave espacial reentrando na atmosfera", diz Ian Chapman, diretor-executivo da Autoridade de Energia Atômica do Reino Unido (UKAEA, na sigla em inglês).
Sistemas de manutenção robóticos também serão necessários, bem como de geração, recuperação e armazenamento de combustível.
"A UKAEA está investigando essas questões e construindo novas instalações de pesquisa no Centro de Ciência Culham, perto de Oxford, para trabalhar com a indústria no desenvolvimento de soluções", diz Chapman.
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