Impressão de artista do exoplaneta HD 189733b, passando em frente da sua estrela-mãe. O vento no equador circula a 8600 km/h, desde o quente lado diurno até ao lado noturno. O lado diurno parece azul devido à dispersão da luz pela neblina de silicatos na atmosfera. O lado noturno do planeta brilha com um vermelho profundo devido à sua alta temperatura. Crédito: Mark A. Garlick/Universidade de Warwick
Uma nova investigação descobriu ventos de mais de 2 km/s num planeta para lá do Sistema Solar. É a primeira medição de um sistema meteorológico num exoplaneta. A velocidade registada é 20 vezes superior à mais alta velocidade do vento registada cá na Terra e equivalente a sete vezes a velocidade do som. Sobre a descoberta, o investigador principal Tom Louden, do grupo de Astrofísica da Universidade de Warwick, afirma: "Este é o primeiro mapa meteorológico de fora do nosso do Sistema Solar. Apesar de já sabermos da existência de ventos em exoplanetas, nunca tínhamos sido capazes de medir e mapear diretamente um sistema climatérico."
Descoberto no exoplaneta HD 189733b, os investigadores de Warwick mediram as velocidades nos dois lados de HD 189733b e encontraram um forte vento que soprava a mais de 8600 km/h a partir do lado diurno para o lado noturno. Louden explica: "A velocidade em HD 189733b foi medida usando espetroscopia de alta resolução da absorção do sódio na atmosfera. À medida que partes da atmosfera de HD 189733b se movem na nossa direção ou para longe da Terra, o efeito Doppler muda o comprimento de onda dessa característica, o que permite a medição da velocidade."
O planeta é aqui visto em três posições à medida que passa em frente da estrela. A iluminação de fundo permite separar diferentes partes da absorção atmosférica. Ao medir o desvio Doppler da absorção, os cientistas são capazes de medir velocidades dos ventos. A região azulada da atmosfera move-se na direção da Terra a mais de 19.000 km/h, enquanto a região avermelhada move-se para longe da Terra a cerca de 8000 km/h. Depois de corrigir a rotação esperada do planeta, obtém-se um valor de 8600 km/h para a velocidade do vento no lado azul, indicando um forte vento para este, desde o lado diurno para o lado noturno do planeta. Crédito: Universidade de Warwick
Explicando como esta informação foi usada para medir a velocidade do vento, acrescenta: "A superfície da estrela é mais brilhante no centro do que na extremidade, assim que à medida que o planeta passa em frente da estrela, a quantidade relativa de luz bloqueada por diferentes partes da atmosfera muda. Pela primeira vez, usámos esta informação para medir as velocidades nos lados opostos do planeta de forma independente, o que nos dá o nosso mapa de velocidade."
Os investigadores dizem que as técnicas usadas podem ajudar o estudo de planetas parecidos com a Terra. O Dr. Peter Wheatley, co-investigador, também da mesma universidade, explica: "Estamos tremendamente animados por ter encontrado uma forma de mapear sistemas meteorológicos em planetas distantes. À medida que desenvolvemos ainda mais esta técnica, seremos capazes de estudar os fluxos de vento ainda em mais detalhe e produzir mapas meteorológicos de planetas mais pequenos. Em última análise, esta técnica permitir-nos-á ver sistemas climatéricos em planetas parecidos com a Terra."
HD 189733b é um dos exoplanetas mais estudados da classe conhecida como "Júpiteres Quentes". Mais de 10% maior que Júpiter, mas 180 vezes mais perto da sua estrela, HD 189733b tem uma temperatura de 1200º C. O seu tamanho e a proximidade relativa ao nosso Sistema Solar tornam-no num alvo popular para os astrónomos. As pesquisas anteriores mostraram que o lado diurno do planeta tem, para o olho humano, um tom de azul, provavelmente devido a nuvens de partículas ricas em silicatos na sua atmosfera. Os dados foram recolhidos pelo HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher) em La Silla, no Chile. O artigo científico foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.
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