O buraco negro gigante que se esconde no centro da Via Láctea, Sagitário A (SA), é um devorador cósmico um tanto “mal-educado”. O objeto super massivo, que engloba a massa de 4 milhões de sóis num espaço exíguo, regurgita cerca de 99% do gás cósmico que atrai em sua direção.
De acordo com recentes descobertas, feitas a partir de imagens do Observatório Chandra X-Ray, da NASA, o SA tem uma taxa de crescimento muito baixa, o que ajuda a explicar por que um buraco negro galáctico, um dos maiores monstros do universo, é tão pouco intenso. Embora não sejam visíveis, as imediações mais próximas emitem uma radiação particularmente forte (devido à absorção de materiais), o chamado “disco de acresção”, que podemos detectar.
O destino da matéria
“Nos últimos vinte anos os cientistas vêm debatendo sobre o que realmente acontece com a matéria ao redor de um buraco negro”, lembra o líder da equipe de pesquisadores, Daniel Q. Wang , da Universidade Amhers, de Massachusetts (EUA). A questão central é se o processo envolve apenas o fenômeno da acresção, ou se existe material ejetado, fenômeno que estaria associado aos jatos cósmicos – como o proveniente do Quasar de M87 (galáxia gigante elíptica do Aglomerado de Virgem). Esse estudo apresenta a primeira evidência direta de um processo de ejeção de matéria associado ao de acresção, mostrando que a maioria da matéria na nuvem de gás em torno do buraco negro é ejetada para o espaço, o que explica por que não vemos muita luz naquela parte do caminho de matéria que será devorada.
As observações focaram nos raios X (vídeo acima) da nuvem de gás quente em torno do buraco negro do centro da Via Láctea, e mostraram que havia mais regiões de temperatura relativamente baixa do que regiões quentes. Como a matéria aquece à medida que “cai” na direção do buraco negro, os pesquisadores puderam inferir que a maior parte do gás estava sendo perdida no processo. “Deve haver ejeção de matéria, enquanto o gás está se movendo”, explica Wang. Apesar dos avanços, continua, ainda há um longo caminho até entender todo esse processo, como funciona a ejeção de gás e pra onde essa massa toda vai.
Também foram obtidas algumas evidências para a origem nuvem de gás: as novas observações mostram a estrutura do SA em mais detalhes, e sugerem que ela reflete um enxame de estrelas massivas já conhecido de lá – esses astros emitem ventos estelares, intensos e muito rápidos. Os ventos num aglomerado estelar compacto provavelmente colidem muito entre si, produzindo plasma, matéria já observada na nuvem em torno do buraco negro.
Atualmente, os pesquisadores estão aguardando um evento raro para os próximos meses: há uma pequena nuvem de gás em rota de colisão com o SA, e os cientistas poderão observar ao vivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário