Em agosto, estaremos bem no meio das Olimpíadas de Londres – o maior espetáculo da Terra. Mas não para alguns. Essa também será a época do pouso da nave Curiosity (Curiosidade), da NASA, em Marte.
Os americanos enviaram o maior carro robótico da história para o planeta vermelho, que deve pousar lá em breve. “Especificamente, Curiosity chegará a Marte dia seis de agosto, às seis horas, 30 minutos e 13 segundos, horário de Londres”, comenta Charles Elachi, que lidera o Laboratório de Propulsão de Jatos, na Califórnia, onde a missão foi criada.
O Curiosity é a última nave, dirigida por ele, a sair da NASA desde 2001. Lançada em novembro passado, a nave de 900 quilogramas está na metade de seu destino.
O robô de U$ 2,5 bilhões é de longe a máquina mais capaz de tocar o outro mundo. Está cheio de instrumentos científicos e até carrega um laser para quebrar rochas e determinar suas químicas.
Seu enorme peso significa que os engenheiros tiveram que desenvolver um novo tipo de mecanismo de pouso para o Curiosity. Eles chamam o sistema de “guindaste aéreo”.
É como um guindaste com foguetes que vai gentilmente abaixar o carro até o chão. Mas, até esse ponto, a missão tem que sobreviver ao que Elachi chama de “seis minutos de terror” – a entrada na atmosfera marciana e o esforço gigante de reduzir a velocidade com a ajuda de um escudo térmico, um para quedas e foguetes. “Nós vamos estar muito nervosos. Pousar em outro planeta não é uma caminhada no parque”, comenta o diretor.
O carro espacial tem quase uma tonelada. Com o escudo térmico e o guindaste, ele fica com quase três toneladas de massa, chegando a uma velocidade de 20 mil quilômetros por hora, tendo que pousar de maneira suave em seis minutos. “Para dar um ideia da energia com que estamos lidando, isso é o equivalente a 25 trens de alta velocidade, usando a velocidade máxima, que temos que dissipar em seis minutos para poder pousar na superfície marciana”, explica.
A precisão necessária, o ângulo e a localização certos, é equivalente a alguém estar em Los Angeles e acertar uma bola de golfe na cidade St. Andrews, na Inglaterra, e a bola entrar no buraco. “E, para tornar isso ainda mais desafiador, o buraco precisa estar se movendo, porque Marte está se movendo em alta velocidade”, diz.
Com o corte de orçamento da NASA feito pelo presidente Obama, o Curiosity pode ser a última missão superficial no planeta vermelho por muitos anos. E isso adiciona ainda mais tensão ao dia seis de agosto. Mas Elachi lembra que os antigos carros espaciais da NASA, o Spirit e o Opportunity, pousaram sem problemas, em 2004.
“Quando pousamos os dois, foi logo depois do acidente com o Columbia. E muitas pessoas estavam dizendo ‘A NASA perdeu o caminho; ela não sabe como fazer as coisas’”, comenta. “Então você pode imaginar a pressão que estava em nós. Vai haver algo parecido com o Curiosity. Tudo depende desses seis minutos. Com certeza vamos pousar. Mas é preto ou branco. Ou pousamos com segurança ou batemos”.
Sobre o corte de orçamento, ele comenta que está acontecendo um processo de replanejamento, mas ainda existe dinheiro o suficiente. “Claro, nós adoraríamos fazer uma missão em 2016 e outra em 2018, em conjunto com a Europa, mas a situação financeira torna isso improvável. A NASA está olhando para uma oportunidade em 2018 ou 2020”, afirma. [
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