O cientista Tomomi Kiyomitsu usou seus poderes de observação para resolver um quebra-cabeça que tem intrigado muitos pesquisadores, por muitos anos: em uma célula que está passando pelo processo de mitose, que eventos internos fazem com que os cromossomos se alinhem em um eixo central?
“As pessoas têm procurado em proteínas e agentes da mitose por décadas, e nenhuma observou o que Tomomi conseguiu”, afirma o cientista Iain Cheeseman. “E é muito claro que essas coisas estão acontecendo. Mas nunca alguém olhou com os olhos cuidadosos dele”.
O processo de mitose celular tem sido estudado intensamente por mais de 50 anos. Usando microscopia fluorescente, os cientistas conseguem, hoje, ver a “guerra” que acontece internamente durante a mitose. Proteínas ramificadas, como microtúbulos, ficam em um dos pólos da célula e tentam se ligar aos cromossomos duplicados. Essa estrutura tenta distribuir fisicamente os cromossomos, com a ajuda de outros mecanismos celulares.
A mitose é um processo extremamente preciso; quando o assunto é manipular o DNA, as células são obsessivas, e com razão. Ganhar ou perder um cromossomo durante uma divisão celular pode levar a morte da célula, distúrbios de crescimento ou até câncer.
Conforme Kiyomitsu observava a mitose em células humanas, ele percebeu que quando o eixo oscilava entre o centro da célula, a proteína dineína se alinhava no córtex celular no lado contrário do fuso. Se o fuso se movia para a esquerda, a dineína ia para a direita, e assim por diante.
Para Kiyomitsu, a chave para o mistério do alinhamento é a dineína, que é conhecida como a proteína que “leva” as cargas moleculares pelos microtúbulos. Kiyomitsu determinou que, nesse caso, a dineína está ancorada ao córtex celular por um complexo que inclui outras proteínas. Ao invés de se mover pelos microtúbulos astrais, a dineína age como um guindaste no pólo do eixo.
Kiyomitsu descobriu que quando o eixo dos cromossomos chega muito perto do córtex celular, um sinal enviado por uma proteína chega ao pólo do eixo, e “rebate” a dineína até o outro pólo. Essas oscilações diminuem até que o eixo se forme no centro da célula.
Kiyomitsu comenta que esse processo é crucial para as células. “A orientação do eixo é importante para manter o balanço entre as células-tronco e as maduras durante o desenvolvimento. Se esse processo ficar desregulado, já sabemos que pode contribuir para o surgimento de um câncer, mesmo que os cromossomos estejam divididos de maneira correta”
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