Uma estrela anã-vermelha, de
acordo com o Diagrama de Hertzsprung-Russell é uma estrela pequena e
relativamente fria da sequência principal. O seu tipo espectral pode ser K ou
M. As anãs-vermelhas constituem a vasta maioria das estrelas e sua massa é menor
que a metade da massa do Sol (entre 0,075 e 0,5 massas solares). A temperatura
de superfície é menor que 3500 K.
As anãs vermelhas são
estrelas de muito baixa massa, inferior a 40% da massa do Sol. A sua
temperatura interior é relativamente baixa e a energia é gerada a um ritmo
lento pela fusão nuclear do hidrogênio em hélio através da cadeia
próton-próton. Consequentemente, estas estrelas emitem pouca luz, com uma
luminosidade que em alguns casos apenas atinge 1/10 000 da luminosidade solar.
Até mesmo a anã vermelha maior tem somente cerca de 10% da luminosidade do Sol.
Em geral, nas anãs
vermelhas, o transporte de energia do interior à superfície é por convecção.
Isto ocorre porque a radiação é muito difícil, devido à opacidade do interior,
que tem uma densidade relativamente alta comparada com a temperatura e é mais
difícil para os fotões viajarem para a superfície, de modo que a convecção
torna-se mais eficiente para a transmissão da energia.
Ao serem as anãs vermelhas
totalmente convectivas, o hélio não se aglomera no núcleo e, comparado com
estrelas maiores como o Sol, podem queimar uma proporção maior do seu
hidrogênio antes de abandonar a sequência principal. O resultado é que a vida
estimada das anãs vermelhas supera a idade estimada do Universo, possivelmente
de 200 000 milhões a vários bilhões de anos, pelo qual as estrelas com menos de
0,8 massas solares não tiveram tempo de deixar a sequência principal. As anãs
vermelhas de menor massa têm vidas ainda mais longas, o que implica que a sua
evolução tem de se estudar mediante modelos matemáticos ao não dispor de suficientes
dados por observação
Tais modelos sugestionam que
a massa mínima das estrelas que podem tornar em gigantes vermelhas é de 0,25
massas solares; as de massa inferior aumentam a sua temperatura superficial -e,
portanto, a sua luminosidade- sem aumentarem o seu tamanho, tornando-se anãs
azuis, e daí finalmente em anãs brancas. Este processo é muito lento e tanto
mais quanto menor seja a massa da estrela, estimando-se que, por exemplo, uma
de 0,25 massas solares permanece mil milhões de anos na sequência principal, e
as menores existentes atualmente, de 0,08 massas solares, 12 mil milhões de
anos.
Para uma estrela de 0,16
massas solares, por exemplo, acredita-se que a fase de anã azul chegaria após
algo mais de 2,5 bilhões de anos na sequência principal, e duraria cerca de 5
mil milhões de anos, durante os quais a estrela terá 1/3 da luminosidade do Sol
e uma temperatura superficial que chegará até cerca de 8500 kelvins no final
desta fase, pelo qual se houver planetas em órbita em redor desta e que até
então tivessem temperaturas frias, poderiam descongelar-se e dar novamente uma
oportunidade a que a vida florescesse.
O fato de as anãs vermelhas
e outras estrelas de massa baixa permanecerem na sequência principal enquanto
as estrelas mais massivas a abandonaram, permite estimar a idade dos
aglomerados estelares, encontrando a massa a partir da qual as estrelas
deixaram a sequência principal. Isto proporciona um limite inferior para a
idade do Universo, bem como permite colocar escalas de tempo de formação nas
estruturas existentes dentro da Via Látea, tais como o halo galáctico e o disco
galáctico.
Um mistério ainda não
solucionado desde 2007 é a ausência de anãs vermelhas sem metais, entendendo
por metal qualquer elemento mais pesado que o hidrogênio ou o hélio. O modelo
do Big Bang predisse que a primeira geração de estrelas somente deveria ter
hidrogênio, hélio e traças de lítio. Se entre estas estrelas existissem anãs
vermelhas, estas ainda deveriam ser observáveis na atualidade, mas nenhuma foi
identificada ainda. A explicação preferida consiste em que, sem elementos
pesados, apenas podem formarem-se estrelas grandes de População III (ainda não
descobertas), que depressa fusionam elementos pesados que depois são
incorporados na formação das anãs vermelhas. Outras explicações alternativas,
como que as anãs vermelhas de idade zero na sequência principal são ténues e
muito escassas, são considerados muito menos prováveis, pois parece que entram
em conflito com os modelos de evolução estelar.
As anãs vermelhas são a
classe de estrelas mais comum na galáxia, pelo menos na vizinhança do Sistema
Solar. Proxima Centauri, a estrela mais próxima ao Sol, é uma anã vermelha de
tipo espectral M5 e magnitude aparente 11,05; das trinta estrelas mais
próximas, vinte são anãs vermelhas (*). Contudo, devido à sua baixa
luminosidade, as anãs vermelhas não pode ser observadas facilmente às
distâncias interestelares nas quais sim observamos outras classes de estrelas;
de fato, nenhuma anã vermelha é visível à simples vista.
Embora a maior parte dos
exoplanetas descobertos orbitem ao redor de anãs amarelas similares ao Sol, são
conhecidos sistemas planetários ao redor de anãs vermelhas. Ao serem tão ténues
no espectro visível, as anãs vermelhas são objetivos difíceis para obter
velocidades Doppler precisas; por isso supõem somente 5% dos objetivos atuais
na procura de planetas. Especula-se que podem albergar menos planetas do que as
estrelas de tipo G ou que estes podem ser menos massivos, como consequência do
menor tamanho dos seus discos protoplanetários.
Contudo, devido à sua
pequena massa e baixa temperatura superficial, esta classe de estrelas
constituem os objetivos mais prometedores à hora de buscar planetas terrestres
potencialmente habitáveis. Ao ser as estrelas menos massivas, experimentam as
maiores acelerações como resposta à presença de um planeta orbitando em torno
delas. Isso levou à descoberta do primeiro exoplaneta com uma massa comparável
à de Neptuno —Gliese 436 b— assim como ao da primeira "Super-Terra",
ao redor de Gliese 876. A zona habitável em torno destas estrelas fica a
distâncias compreendidas entre 0,1 e 0,2 UA, correspondendo a períodos orbitais
entre 20 e 50 dias.
Na seguinte tabela figuram
aquelas anãs vermelhas próximas ao Sistema Solar em onde se descobriram
exoplanetas.
Estrela Tipo
Espectral Distância
(Anos luz) Planetas conhecidos
Gliese 674 M2.5V 14,8 1
Gliese 876 M3.5V 15,3 3
Gliese 832 M3.0V 16,1 1
Gliese 581 M3V 19,9 6
Gliese 849 M3.5V 28,6 1
Gliese 317 M3.5* 29,9 2
Gliese 176 M2.5V 30,7 1
Gliese 436 M2.5V 33,4 3
Gliese 649 M1.5V 33,7 1
GJ 1148 M4V 35,9 1
Gliese 179 M3.5V 40 1
* Gliese 317 poderia ser uma
estrela subanã de muito baixa metalicidade.
Gliese 876 b, descoberto em
1999, foi o primeiro exoplaneta conhecido orbitando em redor de uma anã
vermelha. Gliese 581 tem pelo menos quatro planetas; dois deles, Gliese 581 c e
Gliese 581 e, orbitam na zona de habitabilidade da estrela e, entre os exoplanetas
descobertos por enquanto, são prováveis candidatos a ser habitáveis.
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