Uma estrela
é uma grande e luminosa esfera de plasma, mantida íntegra pela gravidade. Ao
fim de sua vida, uma estrela pode conter também uma proporção de matéria
degenerada. A estrela mais próxima da Terra é o Sol, que é a fonte da maior
parte da energia do planeta. Outras estrelas são visíveis da Terra durante a
noite, quando não são ofuscadas pela luz do Sol ou bloqueadas por fenômenos
atmosféricos. Historicamente, as estrelas mais importantes da esfera celeste
foram agrupadas em constelações e asterismos, e as estrelas mais brilhantes
ganharam nomes próprios. Extensos catálogos de estrelas foram compostos pelos
astrônomos, o que permite a existência de designações padronizadas.
Pelo menos
durante uma parte da sua vida, uma estrela brilha devido à fusão nuclear do
hidrogênio no seu núcleo, liberando energia que atravessa o interior da estrela
e irradia para o espaço sideral. Quase todos os elementos que ocorrem na
natureza mais pesados que o hélio foram criados por estrelas, seja pela
nucleossíntese estelar durante as suas vidas ou pela nucleossíntese de
supernova quando as estrelas explodem. Os astrônomos podem determinar a massa,
idade, composição química e muitas outras propriedades de uma estrela
observando o seu espectro, luminosidade e movimento no espaço. A massa total de
uma estrela é o principal determinante da sua evolução e possível destino.
Outras características de uma estrela são determinadas pela história da sua
evolução, inclusive o diâmetro, rotação, movimento e temperatura. Um diagrama
da temperatura de muitas estrelas contra suas luminosidades, conhecido como
Diagrama de Hertzsprung-Russell (Diagrama H-R), permite determinar a idade e o
estado evolucionário de uma estrela.
Uma estrela
se forma pelo colapso de uma nuvem de material composta principalmente de hélio
e traços de elementos mais pesados. Uma vez que o núcleo estelar seja
suficientemente denso, parte do hidrogênio é gradativamente convertido em hélio
pelo processo de fusão nuclear. O restante do interior da estrela transporta a energia
a partir do núcleo por uma combinação de processos radiantes e convectivos. A
pressão interna da estrela impede que ela colapse devido a sua própria
gravidade. Quando o combustível do núcleo (hidrogênio) se exaure, as estrelas
que possuem pelo menos 40% da massa do Sol se expandem para se tornarem
gigantes vermelhas, em alguns casos fundindo elementos mais pesados no núcleo
ou em camadas em torno do núcleo. A estrela então evolui para uma forma
degenerada, reciclando parte do material para o ambiente interestelar, onde
será formada uma nova geração de estrelas com uma maior proporção de elementos
pesados.
Sistemas
binários e multiestelares consistem de duas ou mais estrelas que estão
gravitacionalmente ligadas, movendo-se umas em torno das outras em órbitas
estáveis. Quando duas dessas estrelas estão em órbitas relativamente próximas,
sua interação gravitacional pode causar um impacto significativo na sua
evolução. As estrelas podem ser parte de
uma estrutura de relacionamento gravitacional muito maior, como um aglomerado
ou uma galáxia.
Formação e evolução
As estrelas
são formadas no interior de regiões extensas de maior densidade no meio
interestelar, embora esta densidade seja ainda menor do que no interior de uma
câmara de vácuo terrestre. Essas regiões são chamadas nuvens moleculares e
consistem em sua maior parte de hidrogênio, com cerca de 23-28% de hélio e
quantidades pequenas de elementos mais pesados. Um exemplo de tais regiões
formadoras de estrelas é a nebulosa de Órion. À medida que grandes estrelas são
formadas a partir das nuvens moleculares, elas iluminam poderosamente essas
nuvens e também ionizam o hidrogênio, criando uma região HII.
Formação da protoestrela
A formação
de uma estrela começa com uma instabilidade gravitacional dentro da nuvem
molecular, cujo gatilho são frequentemente ondas de choque provenientes de
supernovas (grandes explosões estelares) ou da colisão de duas galáxias (como
uma galáxia starburst). Quando uma região atinge uma densidade de matéria
suficiente para satisfazer os critérios para a Instabilidade de Jeans, ela
começa a colapsar sob a sua própria força gravitacional.
Concepção
artística do nascimento de uma estrela no interior de uma densa nuvem
molecular. Imagem NASA
Quando a
nuvem colapsa, conglomerados individuais de poeira densa e gás formam os
chamados glóbulos de Bok. À medida que os glóbulos colapsam e a densidade
aumenta, a energia gravitacional é convertida em calor e a temperatura aumenta.
Quando a nuvem protoestelar atinge aproximadamente a condição estável de
equilíbrio hidrostático, uma protoestrela se forma no núcleo. Essas estrelas pré-sequência principal
(estágio em que a estrela ainda não atingiu a sequência principal) são
frequentemente cercadas por um disco protoplanetário. O período de contração
gravitacional dura de 10 a 15 milhões de anos.
Estrelas
novas com menos de duas massas solares são chamadas estrelas T Tauri, enquanto
as com massas maiores são estrelas Herbig Ae/Be. Essas estrelas recém-nascidas
emitem jatos de gás ao longo dos seus eixos de rotação, o que pode reduzir o
momento angular da estrela colapsante e resultar em pequenas manchas de
nebulosidade conhecidas como objetos de Herbig-Haro. Esses jatos, combinados
com a radiação de estrelas grandes próximas, podem ajudar a expulsar a nuvem
circundante em que a estrela foi formada.
Sequência principal
As estrelas
passam cerca de 90 % da sua vida fundindo hidrogênio para produzir hélio em
reações a altas temperaturas e pressões próximo ao núcleo. Diz-se que tais
estrelas estão na sequência principal e elas são chamadas estrelas anãs.
Iniciando a sequência principal no estágio zero, a proporção de hélio no núcleo
da estrela cresce continuamente. Como consequência, de modo a manter a taxa de
fusão nuclear no núcleo, a estrela aumenta vagarosamente sua temperatura e
luminosidade– estima-se que o Sol, por exemplo, tenha aumentado sua
luminosidade em 40% desde que atingiu a sequência principal, há 4,6 bilhões de
anos.
Toda
estrela gera um vento estelar de partículas, que causa um fluxo contínuo de
saída de gás para o espaço. Para a maioria das estrelas, a perda de massa é
desprezível. O Sol perde 10−14 massas solares a cada ano, ou cerca de 0,01% de
sua massa total ao longo de toda a sua vida. Entretanto, estrelas muito grandes
podem perder 10−7 a 10−5 massas solares por ano, afetando significativamente a
sua evolução. Estrelas que começam com mais de 50 massas solares podem perder
mais da metade de sua massa total enquanto permanecem na sequência principal.
O tempo em
que uma estrela permanece na sequência principal depende principalmente da
quantidade de combustível que ela tem para fundir e da taxa a que ela o
consome, isto é, da sua massa inicial e luminosidade. Para o Sol, isto está
estimado em 1010 anos. Estrelas grandes consomem seu combustível muito
rapidamente e têm vida curta. Estrelas pequenas (chamadas anãs vermelhas)
consomem seu combustível muito lentamente e duram dezenas ou centenas de
bilhões de anos. Ao fim de suas vidas, elas simplesmente ficam cada vez mais
pálidas. Entretanto, como o tempo de vida dessas estrelas é maior do que a
atual idade do universo (13,7 bilhões de anos), não se espera que alguma anã
vermelha já tenha atingido este estágio.
Além da
massa, a proporção de elementos mais pesados do que o hélio pode ter um papel
significativo na evolução das estrelas. Em astronomia, qualquer elemento mais
pesado do que o hélio é considerado um “metal”, e a concentração desses
elementos é chamada metalicidade. A metalicidade pode influenciar o tempo pelo
qual uma estrela vai queimar seu combustível, controlar a formação de campos
magnéticos e modificar a força do vento estelar. As estrelas da população II,
que são mais velhas, têm metalicidade substancialmente menor do que as estrelas
da população I, mais jovens, devido à composição das nuvens moleculares a
partir das quais elas se formaram (ao longo do tempo, essas nuvens ficam cada
vez mais ricas em elementos mais pesados, na medida em que estrelas velhas
morrem e liberam parte de suas atmosferas).
Pós-sequência principal
À medida
que estrelas de pelo menos 0,4 massa solar exaurem o estoque de hidrogênio em
seu núcleo, suas camadas exteriores se expandem muito e se resfriam para formar
uma gigante vermelha. Por exemplo, daqui a cerca de cinco bilhões de anos,
quando o Sol for uma gigante vermelha, ele se expandirá até um raio de
aproximadamente uma unidade astronômica (150 milhões de quilômetros), 250 vezes
seu tamanho atual. Como uma gigante, o Sol perderá cerca de 30% da sua massa
atual. Numa gigante vermelha de até 2,25 massas solares, a fusão do hidrogênio
ocorre numa camada que cobre o núcleo. Posteriormente, o núcleo é comprimido o
suficiente para iniciar a fusão do hélio e a estrela começa a gradualmente
reduzir o seu raio e a aumentar sua temperatura superficial. Para estrelas
maiores, a região do núcleo alterna diretamente da fusão do hidrogênio para a
do hélio. Quando a estrela consome o hélio no seu núcleo, a fusão continua numa
camada em torno do núcleo quente de carbono e oxigênio. A estrela segue então
um caminho evolucionário paralelo à fase original de gigante vermelha, mas a
uma temperatura superficial maior.
Estrelas grandes
Betelgeuse
é uma estrela supergigante vermelha que se aproxima do fim do seu ciclo de
vida.
Durante a
sua fase de queima de hélio, estrelas de massa muito grande (mais do que nove
massas solares) se expandem para formar supergigantes vermelhas. Quando este
combustível se extingue no núcleo, elas podem continuar a fundir elementos mais
pesados do que o hélio.
O núcleo se
contrai até que a temperatura e pressão sejam suficientes para fundir o carbono
(ver processo de combustão do carbono). Este processo continua em estágios
sucessivos supridos pelo neônio (ver processo de combustão do neônio), oxigênio
(ver processo de combustão do oxigênio) e silício (ver processo de combustão do
silício). Próximo ao fim da vida da estrela, a fusão pode ocorrer ao longo de
uma série de camadas (como de uma cebola) dentro da estrela. Cada camada funde
um elemento diferente, com a mais externa fundindo hidrogênio, a seguinte o
hélio e assim por diante.
O estágio
final é atingido quando a estrela começa a produzir ferro. Como os núcleos de
ferro são mais fortemente ligados do que quaisquer núcleos mais pesados, se
eles se fundem eles não liberam energia – o processo, ao contrário, consumiria
energia. Da mesma forma, como eles são mais fortemente ligados do que todos os
núcleos mais leves, a energia não pode ser liberada por fissão nuclear. Em
estrelas muito grandes e relativamente velhas, um grande núcleo de ferro inerte
se acumula no centro da estrela. Os elementos mais pesados nessas estrelas
podem migrar para a superfície, formando objetos conhecidos como estrelas
Wolf-Rayet, que têm um vento estelar denso que se projeta para a atmosfera
exterior.
Colapso
Uma estrela
evoluída e de tamanho mediano começa a lançar suas camadas externas como uma
nebulosa planetária e, se o que sobra for menor do que 1,4 massa solar, ela
encolhe para se tornar um objeto relativamente pequeno (aproximadamente do
tamanho da Terra), sem massa suficiente para que novas compressões ocorram,
conhecido como anã branca. A matéria elétron-degenerada no interior de uma anã
branca não é mais o plasma, apesar de as estrelas serem geralmente descritas
como esferas de plasma. As anãs brancas finalmente se tornam anãs negras após
longos períodos de tempo.
Em estrelas
maiores, a fusão continua até que o núcleo de ferro se torne tão grande (mais
do que 1,4 massa solar) que ele não consegue mais suportar sua própria massa.
Este núcleo repentinamente colapsa, à medida que seus elétrons são dirigidos
contra seus prótons, formando nêutrons e neutrinos, numa explosão de emissão
beta inversa (ou captura eletrônica). A onda de choque formada por este colapso
súbito faz o resto da estrela explodir em uma supernova. As supernovas são tão
brilhantes que podem momentaneamente ofuscar toda a galáxia em que a estrela se
encontra. Quando ocorrem dentro da Via Láctea, as supernovas têm sido
historicamente vistas por observadores a olho nu, como “novas estrelas” onde
antes não havia nenhuma.
A nebulosa
do Caranguejo, remanescente de uma supernova observada pela primeira vez por
volta de 1050 d.C.
A maior
parte da matéria de uma estrela é expulsa pela explosão de uma supernova
(formando nebulosas como a do Caranguejo e o que sobra é uma estrela de
nêutrons (que às vezes se manifesta como um pulsar ou erupção de raio X) ou, em
caso de estrelas maiores (grandes o suficiente para deixar um remanescente
estelar maior do que quatro massas solares), um buraco negro. Em uma estrela de
nêutrons, a matéria está num estado conhecido como matéria nêutron-degenerada,
com uma forma mais exótica de matéria degenerada, a matéria QCD, possivelmente
presente no núcleo. Dentro do buraco negro, a matéria está em um estado que
ainda não é compreendido.
As camadas
exteriores expulsas de estrelas que morrem contêm elementos pesados que podem
ser reciclados durante a formação de novas estrelas. Esses elementos pesados
permitem a formação de planetas rochosos. O fluxo a partir de supernovas e o
vento estelar de grandes estrelas têm um papel importante na constituição do
meio interestelar.
Distribuição
Uma estrela
anã branca em órbita de Sirius (visão artística).
Imagem NASA
Além das
estrelas isoladas, existem sistemas multiestelares, que consistem de duas ou
mais estrelas gravitacionalmente ligadas, que orbitam umas às outras. O sistema
multiestelar mais comum é a estrela binária, mas sistemas de três ou mais
estrelas também são encontrados. Por razões de estabilidade orbital, esses
sistemas multiestelares são frequentemente organizados em conjuntos
hierárquicos de estrelas binárias que co-orbitam. Também existem grupos maiores
chamados aglomerados estelares, que variam desde associações estelares livres,
com apenas algumas estrelas, até enormes aglomerados globulares, com centenas
de milhares de estrelas.
Assumiu-se
durante muito tempo que a maioria das estrelas ocorre em sistemas
multiestelares, gravitacionalmente ligados. Isto é particularmente correto nas
classes O e B de estrelas muito grandes, em que se acredita que 80% dos
sistemas seja múltiplo. Entretanto, há uma maior proporção de sistemas de
estrelas solitárias menores, de modo que apenas 25% das anãs vermelhas foram
identificadas como tendo companheiras. Como 85% de todas as estrelas são anãs
vermelhas, a maioria das estrelas da Via Láctea são provavelmente solitárias
desde o nascimento.
As estrelas
não se distribuem uniformemente pelo universo, mas são normalmente agrupadas em
galáxias, junto com gás e poeira interestelares. Uma galáxia típica contém
centenas de bilhões de estrelas e há mais de 100 bilhões (1011) de galáxias no
universo observável. Apesar de frequentemente se acreditar que só existem
estrelas dentro de galáxias, estrelas intergalácticas têm sido descobertas. Em
2010, os astrônomos estimaram que há pelo menos 300 sextilhões (3 × 1023) de estrelas
no universo observável. A estrela mais próxima da Terra, fora o Sol, é Proxima
Centauri, distante 39,9 trilhões de quilômetros, ou 4,2 anos-luz. Viajando-se à
velocidade orbital do ônibus espacial (8 km/s, quase 30.000 km/h), levar-se-iam
cerca de 150.000 anos para atingi-la. Distâncias como esta são típicas dentro
dos discos galácticos, inclusive na vizinhança do sistema solar. As estrelas
podem estar muito mais próximas umas das outras nos centros das galáxias e em
aglomerados globulares, ou muito mais distantes, nos halos galácticos.
Devido às
distâncias relativamente vastas entre estrelas fora dos núcleos das galáxias,
acredita-se que colisões entre elas sejam raras. Em regiões mais densas, como o
núcleo de aglomerados globulares ou o centro das galáxias, as colisões podem
ser mais comuns. Essas colisões podem produzir as chamadas nômades azuis. Essas
estrelas anormais têm uma temperatura superficial mais alta do que as outras
estrelas da sequência principal com a mesma luminosidade no aglomerado.
Características
O Sol é a
estrela mais próxima da Terra.
Quase tudo
numa estrela é determinado pela sua massa inicial, inclusive características
essenciais como luminosidade e tamanho, bem como a sua evolução, tempo de vida
e destino final.
A maioria
das estrelas tem entre 1 bilhão e 10 bilhões de anos. Algumas estrelas podem
até estar próximas de 13,7 bilhões de anos – a idade observada do universo. A
estrela mais antiga já observada, HE 1523-0901, tem idade estimada em 13,2
bilhões de anos. Quanto maior a massa de uma estrela, menor seu tempo de vida,
principalmente porque as estrelas grandes têm maior pressão nos seus núcleos,
fazendo com que elas queimem hidrogênio mais rapidamente. As estrelas maiores
duram em média cerca de um milhão de anos, enquanto estrelas de massa mínima
(anãs vermelhas) queimam seu combustível muito lentamente e duram dezenas a
centenas de bilhões de anos.
Composição química
Quando as
estrelas se formam na atual Via Láctea, elas se compõem de cerca de 71% de
hidrogênio e 27% de hélio, em massa, com uma pequena fração de elementos mais
pesados. Tipicamente, a proporção de elementos pesados é medida em termos do
teor de ferro na atmosfera estelar, pois o ferro é um elemento comum e suas
linhas de absorção são relativamente fáceis de medir. Como as nuvens
moleculares em que as estrelas se formam são continuamente enriquecidas por
elementos mais pesados provenientes de explosões de supernovas, a medição da
composição química de uma estrela pode ser usada para inferir a sua idade. A
proporção de elementos mais pesados pode ainda ser um indicador da
probabilidade de uma estrela possuir um sistema planetário.
A estrela
com o menor teor de ferro já medido é a anã HE1327-2326, com apenas 1/200.000
do teor de ferro do Sol. Em contraste, a estrela super-rica em metal µ Leonis
tem quase o dobro do teor de ferro do Sol, enquanto a estrela 14 Herculis, que
possui planetas, tem quase o triplo de ferro. Também existem estrelas
quimicamente peculiares, que mostram abundâncias pouco usuais de certos
elementos em seu espectro, especialmente cromo e terras-raras.
Diâmetro
As estrelas
variam bastante em tamanho. Em cada imagem da sequência, o objeto mais à
direita aparece como o mais à esquerda no painel seguinte. A Terra aparece à
direita no painel 1 e o Sol é o segundo à direita no painel 3.
Devido a
sua grande distância da Terra, todas as estrelas, com exceção do Sol, aparecem
para o olho humano como pontos brilhantes no céu noturno, que cintilam por
causa do efeito da atmosfera terrestre. O Sol, apesar de ser também uma
estrela, está suficientemente próximo da Terra para ser visto como um disco e
para fornecer iluminação. Após o Sol, a estrela com maior tamanho aparente é R
Doradus, com um diâmetro angular de apenas 0,057 segundos de arco. Os discos da maioria das estrelas têm diâmetro
angular muito pequeno para serem observados com os atuais telescópios ópticos
baseados em terra, portanto telescópios por interferometria são requeridos para
produzir imagens desses objetos. Outra técnica para a medição do tamanho
angular de estrelas é através da ocultação. Pela medição precisa da queda no
brilho de uma estrela quando ela é ocultada pela Lua (ou o aumento do brilho
quando ela reaparece), o diâmetro angular da estrela pode ser calculado. As
estrelas variam em tamanho desde as estrelas de nêutrons, que têm entre 20 e 40
km de diâmetro, até supergigantes como Betelgeuse, na constelação de Orion, que
tem um diâmetro aproximadamente 650 vezes maior do que o Sol – cerca de 0,9
bilhão de quilômetros. Entretanto, Betelgeuse tem uma densidade muito menor do
que a do Sol.
Cinemática
As
Plêiades, aglomerado estelar aberto na constelação de Touro. Essas estrelas
executam o mesmo movimento pelo espaço. Foto NASA
O movimento
de uma estrela em relação ao Sol pode fornecer informações úteis sobre a origem
e a idade da estrela, assim como sobre a estrutura e evolução da galáxia que a
cerca. Os componentes do movimento de uma estrela são a velocidade radial,
aproximando-se ou afastando-se do Sol, e o movimento angular transversal, que é
chamado o seu movimento próprio.
A velocidade
radial é medida pelo efeito Doppler das linhas espectrais da estrela e é dada
em km/s. O movimento próprio é determinado por medições astrométricas precisas
em milissegundos de arco (msa) por ano. Determinando-se a paralaxe de uma
estrela, o movimento próprio pode então ser convertido em unidades de
velocidade. Estrelas com altas taxas de movimento próprio estão, provavelmente,
relativamente próximas do Sol, fazendo delas boas candidatas para medições de
paralaxe.
Uma vez que
as taxas de movimento sejam conhecidas, a velocidade espacial da estrela em
relação ao Sol ou à galáxia pode ser calculada. Entre estrelas próximas,
constatou-se que estrelas da população I têm geralmente velocidades menores do
que as estrelas da população II, mais velhas. As últimas têm órbitas elípticas
inclinadas em relação ao plano da galáxia.A comparação da cinemática de
estrelas próximas também levou à identificação de associações estelares, grupos
de estrelas que provavelmente compartilham um ponto de origem comum em nuvens
moleculares gigantes.
Campo magnético
Campo
magnético superficial de SU Aurigae (uma estrela jovem do tipo T Tauri),
reconstruído por meio de imagem Zeeman-Doppler.
O campo
magnético de uma estrela é gerado dentro de regiões onde ocorre a circulação
convectiva. Este movimento de plasma condutor funciona como um dínamo, gerando
campos magnéticos que se estendem por toda a estrela. A força do campo
magnético varia com a massa e a composição da estrela, e a quantidade de
atividade superficial magnética depende da velocidade de rotação da estrela.
Esta atividade superficial produz manchas estelares, que são regiões de campos
magnéticos fortes e temperaturas superficiais menores que as normais. Anéis
coronais são campos magnéticos em forma de arco que se estendem para a coroa a
partir de regiões ativas. Erupções estelares são explosões de partículas de
alta energia que são emitidas devido à mesma atividade magnética.
Estrelas
jovens e de rotação rápida tendem a apresentar altos níveis de atividade
superficial, devido ao seu campo magnético. Entretanto, o campo magnético pode
agir sobre o vento estelar, funcionando como um freio que gradualmente reduz a
velocidade de rotação, à medida que a estrela envelhece. Logo, estrelas mais
velhas, como o Sol, têm velocidades de rotação muito menores e um menor nível
de atividade superficial. Os níveis de atividade de estrelas de rotação lenta
tendem a variar de maneira cíclica e podem se interromper totalmente por
períodos. Durante o mínimo de Maunder, por exemplo, o Sol passou por um período
de 70 anos com quase nenhuma atividade de mancha solar.
Massa
Uma das
estrelas conhecidas com maior massa é a Eta Carinae, com 100-150 vezes a massa
do Sol; seu tempo de vida é muito curto – no máximo alguns milhões de anos. Um
estudo do aglomerado Arches sugere que 150 massas solares é o limite superior
para estrelas no atual estágio do universo. A razão para este limite não é
conhecido com precisão, mas se deve parcialmente ao Limite de Eddington, que
define a quantidade máxima de luminosidade que pode passar através da atmosfera
de uma estrela sem ejetar os gases para o espaço. Entretanto, a massa de uma
estrela chamada R136a1, no aglomerado RMC 136a, foi medida em 265 massas
solares, colocando este limite em questão.
A nebulosa
de reflexão NGC 1999 é fortemente iluminada por V380 Orionis (centro), uma
estrela variável com aproximadamente 3,5 vezes a massa do Sol. A mancha negra
no céu é uma vasta região de espaço vazio e não uma nebulosa escura, como se
pensou inicialmente. Imagem NASA
As
primeiras estrelas formadas depois do Big Bang podem ter sido maiores, com 300
massas solares ou mais, devido à completa inexistência de elementos mais
pesados que o lítio em sua composição. Entretanto esta geração de estrelas
superpesadas da população III está extinta há muito tempo e atualmente elas
existem apenas em teoria.
Com uma
massa apenas 93 vezes maior do que a de Júpiter, AB Doradus C, uma companheira
de AB Doradus A, é a menor estrela conhecida que contém fusão nuclear em seu
núcleo. Para estrelas com metalicidade similar à do Sol, a massa mínima teórica
que uma estrela pode ter e ainda possuir fusão no seu núcleo é estimada em 75
vezes a de Júpiter. Um estudo recente
das estrelas mais fracas descobriu, entretanto, que quando a metalicidade é
muito baixa, o tamanho mínimo para estrelas parece ser de 8,3% da massa solar,
ou 87 vezes a de Júpiter. Corpos menores são chamados anãs marrons, que ocupam
uma zona cinzenta mal definida entre as estrelas e os gigantes gasosos.
A
combinação do raio e massa de uma estrela determina a sua gravidade
superficial. Estrelas gigantes têm uma gravidade superficial muito menor do que
as estrelas da sequência principal, enquanto o oposto vale para estrelas
degeneradas e compactas, como as anãs brancas. A gravidade superficial pode
influenciar a aparência do espectro da estrela, com a gravidade maior causando
o alargamento das raias espectrais.
As estrelas
são às vezes agrupadas por massa com base no seu comportamento evolucionário, à
medida que se aproximam do final das suas fusões nucleares. Estrelas com massa
muito pequena (abaixo de 0,5 massa solar) não entram no ramo gigante
assintótico (AGB), mas evoluem diretamente para anãs brancas. Estrelas com
massa pequena (entre 1,8 e 2,2 massas solares), dependendo de sua composição
entram no AGB, onde desenvolvem um núcleo de hélio degenerado. Estrelas de
massa intermediária possuem fusão do hélio e desenvolvem um núcleo degenerado
de carbono-oxigênio. Estrelas de grande massa (entre 7 e 10 massas solares,
podendo chegar a 5-6 massas solares) possuem fusão do carbono, com suas vidas
terminando numa explosão de supernova após o colapso de núcleo.
Rotação
A
velocidade de rotação das estrelas pode ser calculada por aproximação por meio
de medição espectroscópica ou, com mais precisão, pelo acompanhamento da
velocidade de rotação de manchas estelares. Estrelas jovens podem ter
velocidades de rotação maiores do que 100 km/s no equador. A estrela classe B
Achernar, por exemplo, tem uma velocidade de rotação equatorial de 225 km/s ou
mais, conferindo-lhe um diâmetro equatorial que é mais de 50% maior do que a distância
entre os polos. Esta velocidade é pouco menos do que a velocidade crítica de
300 km/s, em que a estrela se desintegraria. Em comparação, o Sol gira uma vez
a cada 25-35 dias, com uma velocidade equatorial de 1,994 km/s. O campo
magnético e o vento estelar servem para reduzir bastante a velocidade de
rotação de uma estrela da sequência principal, à medida que ela evolui na
sequência principal.
Estrelas
degeneradas se contraíram numa massa compacta, resultando numa rápida
velocidade de rotação. Entretanto, elas têm velocidades relativamente baixas se
comparadas com as que seriam esperadas pela conservação do momento angular - a
tendência de um corpo em rotação de compensar a redução de tamanho com o
aumento da sua velocidade. Uma grande parte do momento angular da estrela é
dissipada como resultado da perda de massa pelo vento estelar.Apesar disso, a
velocidade de rotação de um pulsar pode ser muito alta. O pulsar no coração da
nebulosa do Caranguejo, por exemplo, gira 30 vezes por segundo. A velocidade de
rotação do pulsar vai se reduzir gradualmente devido à emissão de radiação.
Temperatura
A
temperatura superficial de uma estrela da sequência principal é determinada
pela taxa de produção de energia no núcleo e o raio da estrela, e é
frequentemente estimada com base no índice de cor da estrela. Ela é normalmente
indicada pela temperatura efetiva, que é a temperatura de um corpo negro ideal
que irradia sua energia na mesma luminosidade por unidade de área da superfície
da estrela. Ressalte-se, entretanto, que a temperatura efetiva é apenas um
valor representativo, uma vez que as estrelas, na realidade, apresentam um
gradiente de temperatura que diminui com o aumento da distância para o núcleo. A
temperatura na região do núcleo de uma estrela é de vários milhões de kelvin.
A
temperatura estelar determina a taxa de energização ou ionização de diferentes
elementos, resultando em linhas de absorção características no espectro. A
temperatura superficial de uma estrela, junto com sua magnitude absoluta visual
e características de absorção, são usadas para classificar uma estrela
Estrelas da
sequência principal com grandes massas podem ter temperaturas superficiais de
50.000 K. Estrelas menores como o Sol têm temperaturas superficiais de alguns
milhares de kelvin. Gigantes vermelhas têm temperaturas superficiais
relativamente baixas, de cerca de 3.600 K, mas elas também têm alta
luminosidade devido a sua grande superfície exterior.
Radiação
A energia
produzida pelas estrelas, como subproduto da fusão nuclear, irradia para o
espaço como radiação eletromagnética e como radiação corpuscular. A radiação
corpuscular emitida por uma estrela se manifesta como o vento estelar (que
existe como um fluxo contínuo de partículas eletricamente carregadas, como
prótons livres e partículas alfa e beta, emanado das camadas exteriores da
estrela) e como um fluxo contínuo de neutrinos, emanado do núcleo da estrela.
A produção
de energia no núcleo é a razão pela qual as estrelas são tão brilhantes: toda
vez que dois ou mais núcleos atômicos de um elemento se fundem para formar um
núcleo atômico de um novo elemento mais pesado, fótons de raios gama são
liberados da reação de fusão nuclear. Esta energia é convertida em outras
formas de energia eletromagnética, incluindo luz visível, até o momento em que
ela atinge as camadas exteriores da estrela.
A cor de
uma estrela, determinada pela frequência de pico da luz visível, depende da
temperatura das camadas exteriores da estrela, inclusive sua fotosfera. Além da
luz visível, as estrelas emitem formas de radiação eletromagnética que são
invisíveis para o olho humano. Na verdade, a radiação eletromagnética estelar
compreende todo o espectro eletromagnético, desde os comprimentos de onda
maiores das ondas de rádio e infravermelho até os comprimentos de onda menores
do ultravioleta, raios X e raios gama. Todos os componentes da radiação
eletromagnética estelar, tanto os visíveis quanto os invisíveis, são
tipicamente importantes.
Usando o
espectro estelar, os astrônomos podem determinar a temperatura superficial, a
gravidade superficial, a metalicidade e a velocidade de rotação de uma estrela.
Se a distância da estrela for conhecida, através, por exemplo, da medição da
paralaxe, pode-se então derivar a luminosidade. A massa, o raio, a gravidade
superficial e o período de rotação podem então ser estimados com base em
modelos estelares (a massa pode ser medida diretamente para estrelas em sistemas
binários. A técnica de microlente gravitacional também fornece a massa de uma
estrelaCom esses parâmetros, os astrônomos podem também estimar a idade da
estrela.
Luminosidade
Em
astronomia, luminosidade é a quantidade de luz e outras formas de energia
radiante que a estrela irradia por unidade de tempo. A luminosidade de uma
estrela é determinada pelo raio e a temperatura superficial. Entretanto, muitas
estrelas não irradiam um fluxo uniforme por toda a sua superfície. A estrela Vega,
por exemplo, de rápida rotação, tem um fluxo de energia maior nos seus polos do
que ao longo do seu equador.
Regiões da
superfície com temperatura e luminosidade menores do que a média são conhecidas
como manchas estelares. As pequenas estrelas anãs como o Sol geralmente
apresentam discos essencialmente sem acidentes, com apenas pequenas manchas
estelares. As estrelas gigantes têm manchas estelares muito maiores e muito
mais óbvias e também exibem forte escurecimento de bordo, isto é, o brilho
diminui na direção da borda do disco estelar. Anãs vermelhas eruptivas como a
UV Ceti podem também possuir manchas estelares importantes.
Magnitude
O brilho
aparente de uma estrela é medido pela sua magnitude aparente, que é o brilho da
estrela considerando a luminosidade, a distância da Terra e a alteração da luz
da estrela quando passa pela atmosfera da Terra. A magnitude intrínseca ou
absoluta está diretamente relacionada à luminosidade da estrela e corresponde à
magnitude aparente que a estrela teria se sua distância para a Terra fosse de
10 parsec (32,6 anos-luz).
Número de
estrelas mais brilhantes que a magnitude
Magnitude
aparente Número
de estrela
0 4
1 15
2 48
3 171
4 513
5 1.602
6 4.800
7 14.000
As
magnitudes aparente e absoluta são grandezas logarítmicas: uma diferença de uma
unidade na magnitude corresponde a uma variação no brilho de cerca de 2,5 vezes
(a raiz quinta de 100 ou aproximadamente
2,512). Isto significa que uma estrela de primeira grandeza (+1,00) é cerca de
2,5 vezes mais brilhante que uma de segunda grandeza (+2,00) e aproximadamente
100 vezes mais brilhante que uma estrela de sexta grandeza (+6,00). As estrelas
mais fracas visíveis a olho nu em boas condições de visibilidade são as de
magnitude +6.
Tanto nas
escalas de magnitude aparente quanto absoluta, quanto menor o número da
magnitude, mais brilhante é a estrela. As estrelas mais brilhantes, em ambas as
escalas, têm números de magnitude negativos. A diferença de brilho entre duas
estrelas (ΔL) é calculada pela subtração entre o número de magnitude da estrela
mais brilhante (mb) e a mais fraca (mf' ), depois usando-se a diferença como o
expoente do número base 2,512. Ou seja:
Δm = mf −
mb
2.512Δm =
ΔL
Em relação
tanto à luminosidade quanto à distância da Terra, as magnitudes absoluta (M) e
aparente (m) não são equivalentes para uma estrela individual; por exemplo, a brilhante estrela Sirius tem
uma magnitude aparente de -1,44, mas uma magnitude absoluta de +1,41.
O Sol tem
uma magnitude aparente de -26,7, mas sua magnitude absoluta é apenas +4,83.
Sirius, a estrela mais brilhante no céu noturno vista da Terra, é
aproximadamente 23 vezes mais luminosa do que o Sol, enquanto Canopus, a
segunda estrela mais brilhante do céu noturno, com uma magnitude de -5,53, é
aproximadamente 14.000 vezes mais luminosa do que o Sol. Apesar de Canopus ser
muito mais luminosa do que Sirius, esta parece mais brilhante, porque está a
somente 8,6 anos-luz da Terra, enquanto Canopus está muito mais distante, a 310
anos-luz.
Desde 2006,
a estrela com a maior magnitude absoluta conhecida é a LBV 1806-20, com
magnitude de -14,2. Esta estrela é pelo menos cinco milhões de vezes mais
luminosa do que o Sol. As estrelas menos luminosas atualmente conhecidas estão
localizadas no aglomerado NGC 6397. As anãs vermelhas mais fracas no aglomerado
têm magnitude 26, enquanto uma anã branca de magnitude 28 foi também
descoberta. Essas estrelas fracas são tão luminosas quanto uma vela de
aniversário na Lua, quando vista da Terra.
Classificação
Faixas de
Temperatura Superficial
para
Diferentes Classes Estelares[124]
Classe Temperatura Estrela tipo
O 33.000 K ou mais Zeta Ophiuchi
B 10.500–30.000 K Rigel
A 7.500–10.000 K Altair
F 6.000–7.200
K Procyon A
G 5.500–6.000
K Sol
K 4.000–5.250
K Epsilon Indi
M 2.600–3.850 K Proxima Centauri
A
classificação atual das estrelas se originou no início do século XX, quando as
estrelas foram classificadas de A a Q com base na força da linha de hidrogênio.
Não se sabia na época que a maior influência nessa força era a temperatura; a
força da linha de hidrogênio atinge um máximo a cerca de 9000 K e é mais fraca
a temperaturas menores e maiores. Quando a classificação foi reordenada pela
temperatura, ela ficou mais parecida com o esquema moderno.
Há
classificações diferentes de uma só letra para estrelas de acordo com os seus
espectros, variando do tipo O, que são as muito quentes, até M, tão frias que
podem se formar moléculas em suas atmosferas. As principais classificações em
ordem decrescente de temperatura superficial são: O, B, A, F, G, K e M. Alguns
tipos espectrais raros têm classificações especiais. As mais comuns desses
tipos são L e T, que indicam as estrelas mais frias de pequena massa e as anãs
marrons. Cada letra possui 10 subdivisões, numeradas de 0 a 9, em ordem
decrescente de temperatura. Entretanto, este sistema se rompe a temperaturas
extremamente altas: podem não existir estrelas classes O0 e O1.
Além disso,
as estrelas podem ser classificadas pelos efeitos da luminosidade encontrados
em suas linhas espectrais, que correspondem ao seu tamanho espacial e são
determinados pela gravidade superficial. Elas variam de 0 (hipergigantes) a V
(anãs da sequência principal), passando pela III (gigantes). Alguns autores acrescentam
a classe VII (anãs brancas). A maior parte das estrelas pertencem à sequência
principal, que consiste das estrelas normais que queimam hidrogênio. Elas caem
numa estreita banda diagonal quando representadas em gráfico considerando sua
magnitude absoluta e o tipo espectral. O Sol é uma anã amarela G2V da sequência
principal, de temperatura intermediária e tamanho comum.
Nomenclaturas
adicionais, na forma de letras minúsculas, podem se seguir ao tipo espectral,
para indicar características peculiares do espectro. Por exemplo, um
"e" pode indicar a presença de linhas de emissão, "m"
representa níveis excepcionalmente altos de metais e "var" pode
significar variações no tipo espectral.
As estrelas
anãs brancas têm a sua própria classe, que começa com a letra D, depois
subdividida nas classes DA, DB, DC, DO, DZ e DQ, dependendo dos tipos de linhas
predominantes encontradas no espectro. Esta denominação é seguida por um valor
numérico que indica o índice de temperatura
Estrelas variáveis
Estrelas
variáveis têm mudanças periódicas ou randômicas na luminosidade devido a
propriedades intrínsecas ou extrínsecas. Das estrelas intrinsecamente
variáveis, os tipos principais podem ser subdivididos em três grupos
principais.
Durante a
sua evolução, algumas estrelas passam por fases em que podem se tornar
variáveis pulsantes. Elas variam com o tempo em raio e luminosidade,
expandindo-se e contraindo-se em períodos que variam de minutos a anos,
dependendo do tamanho da estrela. Esta categoria inclui as Cefeidas e estrelas
similares, bem como variáveis de longo ciclo, como Mira.
Variáveis
eruptivas são estrelas que passam por aumentos súbitos da luminosidade devido a
erupções ou eventos de ejeção de massa. Este grupo inclui as protoestrelas,
estrelas de Wolf-Rayet e estrelas eruptivas, bem como estrelas gigantes e
supergigantes.
As
variáveis cataclísmicas ou explosivas passam por mudanças dramáticas em suas
propriedades. Este grupo inclui as novas e supernovas. Um sistema binário de
estrelas que inclui uma anã branca próxima pode produzir alguns tipos dessas
explosões estelares espetaculares, incluindo a nova e a supernova Tipo 1a. A
explosão é criada quando a anã branca acreta hidrogênio proveniente da estrela
companheira, acrescentando massa até que o hidrogênio se funde. Algumas novas
são recorrentes, apresentando explosões periódicas de amplitude moderada.
As estrelas
também podem variar em luminosidade por causa de fatores extrínsecos, como
eclipses de binárias e estrelas rotativas que produzem manchas estelares
extremas. [129] Um exemplo notável de um eclipse de binária é Algol, que
regularmente varia em magnitude de 2,3 para 3,5, num período de 2,87 dias.
Estrutura
O interior
de uma estrela estável está em estado de equilíbrio hidrostático: as forças em
qualquer pequeno volume se contrabalançam quase exatamente. Em direção ao
centro a força é a gravitacional e, para o exterior, a força se deve ao
gradiente de pressão dentro da estrela. O gradiente de pressão é estabelecido
pelo gradiente de temperatura do plasma pois a parte externa da estrela é mais
fria do que o núcleo. A temperatura no núcleo de uma estrela da sequência
principal ou uma gigante é da ordem de 107 K. A temperatura e pressão
resultantes de um núcleo que queima hidrogênio são suficientes para que ocorra
a fusão nuclear e para que seja produzida energia suficiente para impedir o
colapso da estrela.
À medida
que os núcleos atômicos são fundidos no núcleo, eles emitem energia na forma de
raios gama. Esses fótons interagem com o plasma circundante, acrescentando
energia térmica ao núcleo. As estrelas na sequência principal convertem
hidrogênio em hélio, aumentando lenta, mas constantemente, a proporção de hélio
no núcleo. Finalmente, o teor de hélio se torna predominante e a produção de
energia cessa no núcleo. Para estrelas com mais de 0,4 massa solar, entretanto,
a fusão ocorre numa camada que se expande lentamente em torno do núcleo
degenerado de hélio.
Além do
equilíbrio hidrostático, o interior de uma estrela estável mantém um balanço de
energia de equilíbrio térmico. Há um gradiente radial de temperatura em todo o
interior, que resulta em um fluxo de energia para o exterior. O fluxo de
energia que sai de qualquer camada dentro da estrela é exatamente igual ao
fluxo que chega do interior.
Diagrama
mostrando uma seção em corte de uma estrela do tipo do Sol. Imagem NASA
A zona de
radiação é a região no interior da estrela onde a transferência por radiação é
suficientemente eficiente para manter o fluxo de energia. Nesta região o plasma
não é perturbado e não existe nenhum movimento de massa. Se isto não acontece,
o plasma se torna instável e ocorre convecção, formando uma zona de convecção.
Isto pode ocorrer, por exemplo, em regiões em que há fluxos de energia muito
alta, tais como as proximidades do núcleo ou em regiões com alta opacidade,
como no envoltório externo.
A
ocorrência de convecção no envoltório externo de uma estrela da sequência
principal depende da massa. Estrelas com várias vezes a massa do Sol têm uma
zona de convecção no interior profundo e uma zona de radiação nas camadas
externas. Estrelas menores, como o Sol, são exatamente o oposto, com a zona de
convecção localizada nas camadas externas. Estrelas anãs vermelhas com menos de
0,4 massa solar são totalmente convectivas, o que impede a acumulação de um
núcleo de hélio. Para a maioria das estrelas, as zonas de convecção também
variam com o tempo, à medida que a estrela envelhece e a constituição do seu
interior se modifica.
A parte de
uma estrela que é visível para um observador é chamada fotosfera. Esta é a
camada em que o plasma da estrela fica transparente para os fótons de luz, e a
energia gerada no núcleo fica livre para se propagar para o espaço. É dentro da
fotosfera que aparecem as manchas estelares, regiões de temperatura menor do
que a média.
Acima do
nível da fotosfera está a atmosfera estelar. Numa estrela da sequência
principal como o Sol, o menor nível da atmosfera é a fina região da cromosfera,
onde as espículas aparecem e as erupções estelares começam. Ela é circundada
por uma região de transição, onde a temperatura aumenta rapidamente numa distância
de apenas 100 km. Para além desta está a coroa, um volume de plasma
superaquecido que pode se estender por vários milhões de quilômetros. A
existência de uma coroa parece depender de uma zona de convecção nas camadas
externas da estrela. Apesar de sua alta temperatura, a coroa emite muito pouca
luz. A região da coroa do Sol normalmente só é visível durante um eclipse
solar.
A partir da
coroa, um vento estelar de partículas de plasma se expande para fora da
estrela, propagando-se até interagir com o meio interestelar. Para o Sol, a
influência do vento solar se estende por toda a região em forma de bolha
chamada heliosfera.
Abaixo
deixo um vídeo sobre vida e morte de uma estrela para que vocês possam
acompanhar
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