De acordo
com a Teoria Geral da Relatividade, um buraco negro é uma região do espaço da
qual nada, nem mesmo a luz, pode escapar. Este é o resultado da deformação do
espaço-tempo causada por uma fonte altamente massiva e compacta. Um buraco
negro é limitado pela superfície denominada horizonte de eventos, que marca a
região a partir da qual não se pode mais voltar. O adjetivo negro em buraco
negro se deve ao fato deste não refletir a nenhuma parte da luz que atinja seu
horizonte de eventos, atuando assim, como se fosse um corpo negro perfeito em
termodinâmica. Acredita-se também, com base na mecânica quântica, que buracos
negros emitam radiação térmica, da mesma forma que os corpos negros da
termodinâmica a temperaturas finitas. Esta temperatura, entretanto, é
inversamente proporcional a massa do buraco negro, de modo que observar-se a
radiação térmica proveniente destes objetos torna-se difícil quando estes
possuem massas compáráveis às das estrelas.
Apesar de
os buracos negros serem praticamente invisíveis, estes podem ser detectados por
meio de sua interação com a matéria em sua vizinhança.Um buraco negro pode, por
exemplo, ser localizado por meio da observação do movimento de estrelas em uma
dada região do espaço. Outra possibilidade da localização de buracos negros diz
respeito a detecção da grande quantidade de radiação emitida quando matéria
proveniente de uma estrela companheira espirala para dentro do buraco negro,
aquecendo-se a altas temperaturas.
Embora o
conceito de buraco negro tenha surgido em bases teóricas, astrônomos têm
identificado inúmeros candidatos a buracos negros estelares e também indícios
da existência de buracos negros super massivos no centro de galáxias massivas.
Há indícios de que no centro da própria Via Lactea, nas vizinhanças de
Sagitário A*, deva haver um buraco negro com mais de 2 milhões de massas
solares.
Formação
Um buraco
negro se forma quando uma estrela super massiva fica sem combustível, o que faz
seu núcleo diminuir até ficar reduzido a uma fração de seu tamanho original.
Quando isso acontece, a gravidade produzida por ele sai do controle e começa a
sugar tudo que encontra. Ele começa a sugar a massa da estrela, fazendo isso
tão rapido que se engasga e expele enormes torrentes de energia. Ela é tão
forte que acaba furando a estrela e lançando mais jatos de energia. A gravidade
não suporta essa energia e a estrela finalmente explode (esta explosão é chamada
de hipernova). Em apenas um segundo a explosão é capaz de gerar 100 vezes mais
energia que o nosso Sol produzirá em toda sua existência. O que resta no centro
é o buraco negro.
Esta
explosão também é conhecida como Erupção de raios gama ou explosão de raios
gama. A maioria das estrelas de classe W(Wolf-Rayet stars ou, em português,
estrelas Wolf-Rayet) morrem nestas explosões mortais que teriam o efeito
100.000 bombas atômicas estourando.
Colapso de Oppenheimer-Snyder
O modelo
deste colapso descreve uma esfera "de" pó (o conceito de poeira usado
na relatividade) que inexoravelmente colide para formar um buraco negro. Esta é
uma solução exata para as equações de campo relativísticas gerais. Os estágios
do colapso são:
I) Fase
estacionária antes do colapso. A estrela poderia estar imersa em uma esfera de
fluido de simetria esférica perfeita. O tensor de momentum:
T = (ρ +
p)uiuk + pgik
onde ρ, p,
e gik são a densidade, pressão e métrica, respectivamente.
II) Fim da
"queima" nuclear (reações de fusão nuclear) e começo do colapso, a
pressão se quebra (p=0). Então:
T = ρuiuk
A bola fica
por um momento em repouso.
III) Fase
de colapso. Desde que não haja pressão a esfera começará a encolher. Para
poeira espera-se a contração e posterior colapso resultando em um buraco negro.
Obviamente
poeira não reflete a complexidade química do material das estrelas que formam o
buraco negro.
Colapso não-esférico
Os
primeiros estudos sobre colapsos não-esféricos começou nos anos 60. Estes estudos mostraram que perturbações em
torno da simetria esféricas não previnem a formação de um buraco negro. E que,
quando atingido o estado estacionário, existe uma simetria esférica exata do
horizonte. O problema para grandes desvios da simetria esférica foi respondido
de maneira completamente diferente por Werner Israel em 1967 . Sem aparelhos
muito modernos conseguiu estabelecer um teorema:
"Um buraco
negro estático, e no vácuo, com um horizonte de evento regular deve ser a
solução de Schwarzschild."
Esta foi um
base sólida para a elaboração de muitos teoremas posteriores que culminaram no
teorema da calvície:
"Buracos
negros podem ser caracterizados apenas pela massa, momentum angular e carga
elétrica."
O Buraco negro de Schwarzschild
Karl
Schwarzschild, no ano de 1916, encontrou a solução para a teoria da
relatividade que representa o buraco negro como tendo uma forma esférica. Ele
demonstrou que, se a massa de uma estrela estiver concentrada em uma região
suficientemente pequena, ela gerará um campo gravitacional tão grande na superfície
da estrela que nem mesmo a luz conseguirá escapar dele. Este é o chamado buraco
negro. Einstein e muitos físicos não acreditavam que tal fenômeno pudesse
acontecer no universo real. Porém, provou-se que esse fenômeno de fato
acontece.
Considerando
um campo gravitacional esférico no vácuo, a solução para a Equação de Einstein
tem a seguinte forma:
- (1.1)
G é a
constante de Gravitação Universal.
Uma
propriedade importante desta solução é que ela é independente do tempo t. A
solução é determinada simplesmente pelo parâmetro M, que é a massa total da
fonte que produz o campo. A interpretação deste parâmetro surge imediatamente
da forma assintótica da métrica. Longe do centro de gravidade, o espaço-tempo
aproxima-se do espaço-tempo plano de Minkowski com a métrica:
ds2 = − c2dt2 + dl2 = − c2dt2 + dr2 + r2(dθ2 + sen2dω2) - (1.2)
E o campo
gravitacional pode ser descrito usando a aproximação do campo fraco. Comprando
esta aproximação e a métrica (1.1) temos que M é a massa do sistema que está
gravitando.
A queda no buraco negro e a natureza
quântica
Se
conseguíssemos observar uma queda real de um objeto num buraco negro, de acordo
com as simulações virtuais, veríamos este mover-se cada vez mais devagar à
medida que se aproximasse do núcleo massivo. Segundo Einstein, há um desvio
para o vermelho, e este também é dependente da intensidade gravitacional. Isto
se dá porque, sob o ponto de vista corpuscular, a luz é um pacote quântico com
massa e ocupa lugar no espaço, portanto tem obrigatoriamente uma determinada
velocidade de escape. Ao mesmo tempo, este pacote é onda de natureza
eletromagnética e esta se propaga no espaço livre. É sabido que longe de campo
gravitacional intenso, a frequência emitida tende para o extremo superior (no
caso da luz visível, para o violeta).
À medida
que o campo gravitacional começa a agir sobre a partícula (luz), esta aumentará
seu comprimento de onda, logo desviará para o vermelho. Devido à dualidade
matéria-energia não é possível analisar a partícula como matéria e energia ao
mesmo tempo: ou se a enxerga sob o ponto de vista vibratório ou corpuscular.
A luz e a singularidade
Em
simulações no espaço virtual, descobriu-se que próximo a campos massivos
ocupando lugares singulares, a atração gravitacional é tão forte que pode fazer
parar o movimento oscilatório, no caso da luz enxergada como comprimento de
onda, esta literalmente se apaga. No caso da luz enxergada como objeto que
possui velocidade de escape esta é atraída de volta à região de onde foi
gerada, pois a velocidade de escape deve ser igual à velocidade de propagação,
ambas sendo iguais, a luz matéria é atraída de volta. Logo, a radiação sendo
atraída de volta, entra em colapso gravitacional, juntamente à massa que a
criou, caindo sobre si mesma..
Simulação computadorizada
É possível
simular em um computador as condições físicas que levam à formação de um buraco
negro, como consequência do colapso gravitacional de uma estrela supergigante
ou supernova. Para isso, os astrofísicos teóricos implementam complexos
programas, que recriam as condições físicas da matéria e do espaço-tempo
durante o processo de implosão das estrelas, as quais esgotam seu combustível nuclear
e colapsam, com o transcorrer do tempo, devido a seu peso gravitacional,
formando um objeto de densidade e curvatura do espaço-tempo infinita. Desses
objetos, nada --- nem mesmo a luz consegue escapar. O resultado é a formação de
uma singularidade gravitacional contida num buraco negro de Schwarzschild.
Um método
para simulação computacional de um buraco negro é o Método de Monte Carlo.
Neste método é possível a simulação de um buraco negro microscópico. O gerador
de eventos de Monte Carlo neste método é o CATFISH (Collider grAviTational
FIeld Simulator for black Holes), desenvolvido na Universidade do Mississippi.
Termodinâmica
Um buraco
negro, fisicamente, é um lugar de onde nem mesmo a luz pode escapar. Uma
descrição matemática precisa dele é dada pelo espaço-tempo assintoticamente
plano. A fronteira de um buraco negro é chamado de horizonte do evento. Schoen
e Yau em 1983 formularam que uma superfície dentro de uma armadilha pode ser formada
desde que uma quantidade suficiente de massa esteja confinada em um espaço
suficientemente pequeno. Segue-se então dos teoremas de relatividade geral
(Hawking e Hellis (1973)) que uma singularidade do espaço-tempo deve surgir. A
partir destas grandes descobertas seguiram-se várias conclusões importantes
como a solução da Equação de Maxwell-Einstein independente do tempo mostrando
que buracos negros podem ser descritos por três simples parâmetros (massa,
carga e momentum angular). Além disso, foi mostrado que energia pode ser
extraída de buracos negros estacionários que estão girando ou carregados
(Efeito Hawking). Foi, porém, a descoberta de uma analogia matemática entre
buracos negros e a termodinâmica ordinária o maior avanço destas investigações (Bardeen
et al , 1973). Nesta analogia a massa faz o papel de energia e, gravidade da
superfície do buraco negro faz o papel da temperatura e a área do horizonte, da
entropia. A analogia entre buracos negros e termodinâmica pode ser estendida
além do formal, similaridade matemática pode ser encontrada no fato de que
quantidades de pares de análogos são de fato fisicamente análogos. De acordo
com a relatividade geral a massa total do buraco negro tem a mesma quantidade
de sua energia total.
Esta
analogia é quebrada na Teoria Clássica, que considera a temperatura de um
buraco negro igual ao zero absoluto
Entropia
Entropia é
uma medida que caracteriza o número de estados internos de um buraco negro. A
fórmula da entropia foi desenvolvida em 1974 pelo físico britânico Stephen
Hawking.
Legenda:
S: Entropia
A: Área
k:
Constante de Boltzmann
: Constante
de Planck normalizada
G:
Constante Gravitacional Universal de Newton
c:
Velocidade da luz no vácuo
Esta
equação pôde ser formulada levando-se em conta a teoria quântica. Então,
admite-se que buracos negros emitem radiação térmica:
No caso
especial da métrica de Schwarzschild:
A
formulação de Bekenstein-Hawking obtida da combinação entre a primeira lei e do
fato de que dM = TdS. No Caso do buraco de Schwarzschild, esta formulação fica:
A entropia
do buraco negro é muito maior que a entropia da estrela que se colapsou para
que ele fosse gerado.
Evaporação do Buraco Negro
A principal
limitação do Efeito Hawking é que ele é baseado em aproximações. Este efeito
não está de acordo com o princípio de conservação de energia, uma vez que a
irradiação de energia do buraco negro deveria ser contrabalanceada pela
diminuição de sua massa, na mesma taxa de saída de energia. No entanto, para
buracos negros macroscópicos a temperatura é muito baixa. A luminosidade do
buraco negro é uma estimativa da vida de um buraco negro não-rotativo
integrando-se a equação:
Onde β é
uma constante adimensional.
E o
processo total de evaporação requer um grande tempo:
mp é a
massa de Planck, a saber: 0.000022 g.
Informação no Buraco Negro
Há com o
efeito da formação e subsequente evaporação do buraco negro uma consequência
dramática: a perda de informação. Esta questão foi levantada em 1976 por
Stephen Hawking. Entende-se que em um sentido refinado informação quântica
seria perdida, o que desafiaria então Primeria Lei da Termodinâmica. A
discussão era fácil e persuasiva e baseava-se na única ferramenta disponível
naquela época: a teoria quântica de campo. Apesar da conclusão de Hawking estar
sem dúvida errada, pôs em movimento velhas ideias que há muito tempo
permaneciam paradas, desafiando-as com um novo paradigma. A teoria quântica
apresenta um sério problema quando descreve sistemas com horizontes. Ela
fornece uma densidade infinita de entropia em um buraco negro, diferente da
densidade de Bekenstein-Hawking .
Numa
possibilidade final de se estabelecer uma saída lógica para este problema foi
proposta a possibilidade dos buracos negros não evaporarem completamente. No
lugar disso, vivem de maneira estável como remanescentes de massa de Planck que
contém todas as informações perdidas. Obviamente estes remanescentes deveriam
conter uma enorme, ou talvez infinita entropia.
Abaixo
deixo um vídeo sobre Buracos Negros
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