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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Por que o telescópio Hubble, que consegue ver tão distante no universo, não é usado para observar a superfície dos planetas do sistema solar ao invés de ficarmos mandando tantas sondas para fazer o serviço?

 Em termos visuais, as imagens de objetos distantes são afetadas principalmente de duas maneiras: pela distância e pelo baixo brilho.

No caso do Hubble, sua antiga câmera WFPC2

 possui 3 CCDs de grande campo (wide field) e uma câmera especialmente para planetas (PC). Cada pixel da PC tem um tamanho de 0.0455 segundos de arco no foco do telescópio. Para o planeta anão Plutão (a 5,8 bilhão de km da Terra) por exemplo, isso significa que cada pixel amostra uma área com 1300 km x 1300 km da superfície do planeta. Sem nenhum detalhe dentro deste grande retângulo.

Outro problema é o baixo brilho. Na câmera, os fótons que chegam dos objetos são convertidos em elétrons. Mas um fóton gera menos do que um elétron, há um ruído na leitura do CCD, além de uma série de outros geradores de erros. Então, quanto mais baixo o brilho, mais ele é afetado pelo ruído.

No final, mesmo com telescópios espaciais, poucos pixels são amostrados para objetos distantes e nenhuma informação específica sobre atmosfera, campo magnético, possíveis anéis mais escuros, detalhes na superfície, possíveis vulcões (como em Io

), sutis variações de brilho, interação gravitacional...

Com um exemplo sempre fica mais fácil: a sonda Cassini

 que imageou Saturno. Além das imagens de alta resolução, no final de seu período de vida útil ela ficou orbitando Saturno entre o planeta e o sistema de anéis, cada vez mais perto do planeta até finalmente entrar na atmosfera do planeta num derradeiro mergulho. Em cada uma das órbitas finais, enviava mensagens sobre sua posição, o que permitiu a estimativa da massa dos anéis pela perturbação na órbita da sonda (eles tem massa de menos de um milésimo da nossa Lua) e assim, chegou-se à conclusão que os anéis são relativamente jovens: tem apenas entre 10-100 milhões de anos! Ou seja, se formaram próximo da época em que os dinossauros perambulavam por nosso planeta e muito depois da formação do Sistema Solar (~4 bilhões e meio de anos atrás). Além disso, a interação gravitacional da sonda com o planeta mostrou que há uma grande movimentação de camadas de nuvens no planeta que são invisíveis para um observador externo.

Nada disso seria possível apenas observando Saturno assim tão de longe. O que obviamente não tira a beleza da imagem...


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