Se algum dia algum cientista tiver alguma certeza, qualquer que seja, ele não será mais cientista. Porque a ciência é fluida e dinâmica e a certeza é estática e se fecha sobre si mesma. Ela é dogma e dogma não é ciência, é religião. Dentro da religião temos certeza de tudo e nada deve ser questionado, mas dentro da ciencia não temos certeza de nada e tudo pode (e deve) ser sempre questionado.
Entao vamos analisar o Universo dentro desta ótica, vamos vestir nosso avental de cientistas, fechar a porta de nosso laboratório e vamos tentar responder a esta pergunta usando somente a lógica.
A primeira tarefa será definir o que queremos analisar: o que chamamos de universo?
A forma mais simples é definirmos: "universo é tudo que existe".
Esta definição é extremamente importante, pois dela derivará uma consequência importantíssima, como veremos. Se você não concorda com esta definição, o resto a seguir não tem validade.
Definido o universo, vamos imaginar o que "tudo que existe" pode ser, em termos de forma e conteúdo.
Chegamos ao nosso primeiro dilema, pois existem duas possibilidades: tudo que existe não termina jamais ou tudo que existe está limitado a uma certa quantidade de matéria e energia.
Vamos analisar qual delas faz sentido.
Se tudo que existe está limitado a uma certa quantidade de matéria e energia, deve existir uma borda do universo, fronteira dentro da qual tudo que existe está contido. Deste modo, passada esta borda devem existir mais coisas, mais matéria e mais energia. Mas o universo é tudo que existe, certo? Não foi esta nossa definição?
Então vem nossa primeira conclusão: o universo pode ter uma quantidade finita de matéria e energia, mas não pode ter bordas!
Como conciliar isto? Bom, podemos imaginar um tecido de espaço-tempo curvo (como imaginado na relatividade), mas que se retorce sobre si mesmo. Você pode ir em linha reta, mas vai sempre voltar ao seu ponto de partida, como aconteceria se você fosse andar indefinidamente em linha reta na superfície do planeta Terra.
Faz sentido? Bom, podemos dizer que não violamos nenhuma lei conhecida da natureza, então um universo finito é aparentemente viável.
Vamos agora imaginar um universo infinito. É possível? Bom, também não estamos violando nenhuma lei conhecida da natureza, a não ser usar um conceito chamado "infinito", que existe, até onde sabemos (por enquanto), unicamente na matemática e que nem conseguimos humanamente imaginar. Mas isto não invalida a possibilidade de que o universo possa ser infinito.
Pronto, este é o estado de conjectura que eu e você, leitor, chegamos usando unicamente a lógica.
E (quem diria?) não por coincidencia, este é o atual estágio de hipótese da física.
Qual deles é o verdadeiro, ninguém sabe.
Só mais um pequeno detalhe: se o universo for infinito, jamais poderemos saber. Mas se ele for finito, existe uma ínfima e minúscula chance de algum dia podermos verificar e dizer: agora sabemos!
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